Fonte: Revista Mangút: Conexões Gastronômicas; v. 1, n. 1 (2021)
Palavras-chave:
Comunicação; Gastronomia; Cozinha; Política; Análise Retórica; Pentad de Burke;
Resumo: Este trabalho conjuga dois vocábulos - política e cozinha - que nem sempre partilharam a mesma frase, pelo menos, com a frequência que hoje assistimos na comunicação social. É notória a atração das celebridades pela cozinha, fenómeno que se iniciou no século XX e se expandiu em larga escala neste milénio. A classe política captou o alcance discursivo (verbal e não verbal) do universo culinário. Assistimos a políticos que discursam na cozinha ou participam em programas de grande audiência partilhando uma receita e segredos da vida doméstica. Interrogamo-nos por que razão vestiu a política o avental. Que mensagens se cozinham no caldeirão político e serão os eleitores sensíveis a esta persuasão? Partindo destas questões, estudamos o lugar da cozinha na retórica política, aplicando uma metodologia de análise baseada no dramatismo de K. Burke, aos cinco casos selecionados na comunicação social portuguesa e estrangeira. Concluímos que a cozinha enquanto espaço físico, bem como o universo culinário de forma geral, são um cenário e um meio poderoso para a retórica política, havendo, contudo, sinais de que a audiência pode não tolerar o uso recorrente desse recurso por parte dos políticos.