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Onde o ecoturismo melhora a sociobiodiversidade? Mapeamento de oportunidades e limitações para a gestão de usos multifuncionais da terra no Brasil
 
     Onde o ecoturismo melhora a sociobiodiversidade? Mapeamento de oportunidades e limitações para a gestão de usos multifuncionais da terra no Brasil
     Where ecotourism enhances sociobiodiversity? Mapping opportunities and limitations for multifunctional land use management in Brazil
     


Autor(es):
Bachi, Laura
Ribeiro, Sónia Carvalho


Periódico: Revista Brasileira de Ecoturismo

Fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 16 n. 4 (2023): agosto-outubro/2023

Palavras-chave:
Turismo Sustentável; sistemas socioecológicos; abordagem da paisagem; Turismo de Base Comunitária; Serviços Ecossistêmicos


Resumo: O ecoturismo evoluiu como uma estratégia de conservação da biodiversidade e melhoria dos modos de vida rurais em todo o mundo. No Antropoceno, a estrutura das paisagens rurais é modificada e simplificada para atender às demandas da sociedade pela produção de comida. Reverter esse cenário requer promover sinergias entre a produção de comida e recreação/ecoturismo. Uma lacuna crítica, entretanto, é explorar onde o ecoturismo pode aprimorar os valores materiais e imateriais do uso da biodiversidade, como o extrativismo de produtos florestais não-madeireiros (PFNMs). No Brasil, paisagens rurais são transformadas para atender à demanda global por commodities agrícolas, como única estratégia de desenvolvimento territorial. A sociobiodiversidade corresponde aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores no uso da biodiversidade, como os PFNMs. Mas esses produtos, em grande parte, são valorizados economicamente pelo mercado com base na quantidade produzida (toneladas). O ecoturismo, sob condições específicas, pode agregar valor à sociobiodiversidade. Por sua vez, a sociobiodiversidade pode aumentar a qualidade do ecoturismo, que tem sido parcialmente inserido nas leis e programas federais de desenvolvimento territorial. Se associados, o ecoturismo e a sociobiodiversidade podem promover usos multifuncionais da terra (recreação e produção de comida) associados a vegetação nativa em pé em áreas protegidas e enclaves rurais no Brasil. Este estudo adota uma abordagem multiescala para avaliar onde o uso da biodiversidade associado aos conhecimentos e práticas de comunidades tradicionais e agricultores pode ser aprimorado pelo ecoturismo nos biomas brasileiros. A análise multicritério e modelagem espacialmente explícita foram usadas para identificar áreas potenciais na escala nacional. Em seguida, uma lista de iniciativas locais de ecoturismo foi avaliada para validar as inter-relações, explorar possíveis limitações e condições-chave para que o ecoturismo e a sociobiodiversidade sejam alternativas ao uso intensivo da terra. Os resultados mostram grandes áreas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica onde o ecoturismo poderia aprimorar os valores materiais e imateriais da sociobiodiversidade. Entretanto, há um desencontro entre a localização dessas áreas e a presença de estradas federais e aeroportos internacionais, bem como associações e cooperativas, fundações e institutos para financiamento e parcerias. De modo geral, as iniciativas locais de ecoturismo reforçam os valores no uso da biodiversidade pelas comunidades tradicionais através de modelos de gestão baseados na comunidade, investimentos em capital social e parcerias, contudo, poucas promovem os saberes tradicionais no uso dos PFNMs como produto turístico. Este estudo apresenta uma metodologia para a análise espacialmente explícita das sinergias entre ecoturismo e sociobiodiversidade e informa formuladores de políticas sobre áreas potenciais onde promover usos multifuncionais da terra no Brasil.