Fonte: Revista Mangút: Conexões Gastronômicas; v. 3, n. 1 (2023)
Palavras-chave:
Antropologia; Gastronomia; Sociologia; Gastronomia; Gastropolítica; Povo Anacé; Festival do Coco; Artevismo alimentar.
Resumo: A partir da década de 1990, diversos empreendimentos passaram a se instalar no território reivindicado pelo povo indígena Anacé, localizado nos municípios de Caucaia e de São Gonçalo do Amarante, a oeste da capital cearense. Como consequência, muitas famílias indígenas foram forçadas a sair do território, passando a viver em assentamentos e em uma Reserva Indígena. Em razão de uma nova tentativa de despojo dos Anacé da Aldeia Parnamirim, os indígenas articularam diferentes estratégias para resistir, realizando, em 2022, o Festival do Coco. Com base em análise documental, de entrevistas realizadas com lideranças indígenas e da observação participante, investigamos essas formas de resistência, percebendo como a luta indígena vai sendo complexificada e como, nesse contexto, a cultura alimentar, entrelaçada com danças e rituais, é acionada como um importante instrumento de luta, gerando redes de pertencimento e de engajamento. Ao compartilharem as danças e as comidas, os Anacé vão criando espaços em comum, construindo e reconstruindo sensibilidades mobilizadas para a luta pelo território, articulando a política dos alimentos com a política dos territórios.
