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Quanto Vale Bonito (MS): a contribuição da conservação florestal para a economia regional
 
     Quanto Vale Bonito (MS): a contribuição da conservação florestal para a economia regional
     How much is Bonito (MS, Brazil) worth: the contribution of forest conservation to the regional economy
     


Autor(es):
Spanholi, Maira Luiza
Young, Carlos Eduardo Frickmann


Periódico: Revista Brasileira de Ecoturismo

Fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 16 n. 5 (2023): novembro/2023-janeiro/2024

Palavras-chave:
Desenvolvimento Sustentável; Economia Ambiental; Mato Grosso do Sul; Valoração; Uso Público


Resumo: O município de Bonito é destino turístico de natureza destacado no Brasil, com localização geográfica às margens da Serra da Bodoquena, conta com verdadeiros santuários de vegetais, animais, rios cristalinos e vistas singulares. A existência dessas áreas naturais proporciona desenvolvimento econômico sustentável pra a região. O trabalho tem como objetivo demonstrar a importância da conservação florestal para o turismo de natureza e outros benefícios socioeconômicos da microrregião de Bonito (MS). Para isso, foi efetuado um exercício de valoração desses benefícios de acordo com metodologias presentes na literatura de Economia do Meio Ambiente e contrasta-se com os benefícios associados ao desmatamento, que apresenta tendência crescente na microrregião e constitui ameaça aos atrativos naturais que tornaram Bonito um polo de turismo de natureza. O turismo em Bonito tem grande representatividade nos empregos formais da região e elevam o PIB municipal. Mas essa atividade está ameaçada pela pressão da conversão de área de vegetação nativa para áreas agropecuárias, já que a perda de vegetação na região (Bonito, Jardim e Bodoquena) apenas entre 2019 e 2020 foi de 1,9 mil hectares, o que significa um incremento de erosão do solo de mais de 20 mil toneladas/ano e emissões entre 213 mil e 354 mil toneladas de CO2 e caso optasse por recuperar essa vegetação perdida, seriam gastos mais de R$38 milhões com todas as despesas necessárias para a reposição da floresta. Os ganhos estimados com a expansão da fronteira agrícola pelo desmatamento não são superiores aos ganhos de manter os remanescentes florestais que possibilitam o turismo, já que a existência do meio ambiente equilibrado propicia para Bonito o desenvolvimento de diversas atividades relacionadas ao turismo de natureza. A visitação em Bonito tem um impacto econômico que varia de R$130,78 milhões a R$368,2 milhões. Essa visitação também é importante para a arrecadação tributária municipal através do ISSQN e quando se associa essa arrecadação com o ICMS ecológico, que é oriundo das áreas protegidas existentes em Bonito, representam uma parcela significativa da receita municipal, em 2019, esse valor foi de 12% da receita municipal. A perda de remanescentes florestais pode ser vantajosa privadamente, mas as perdas com serviços ecossistêmicos, colocam em risco a base de sustentação do modelo de desenvolvimento que trouxe para Bonito capacidade de geração de renda, empregos e tributos maior do que municípios que não dispõe do mesmo potencial turístico.