Fonte: RITUR - Revista Iberoamericana de Turismo; v. 8 n. 2 (2018); 270-287
Palavras-chave:
Pobreza; Pequenas cidades; Patrimônio Cultural; Sustentabilidade dos territórios.
Resumo: O turismo criativo apresenta-se como uma alternativa de desenvolvimento transformador envolvendo pessoas, comunidades e turistas em uma relação de troca valorizando os saberes locais. No caso de Alagoas, um dos mais pobres estados brasileiros, mas com um potencial ambiental e cultural reconhecido mundialmente, onde predomina o turismo de massa, normalmente excludente, o turismo criativo pode ser uma opção para a sobrevivência das comunidades e a preservação ambiental e da cultura local. Alagoas detém a maior diversidade nacional de manifestações culturais populares. O Projeto de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial em Alagoas vem identificando, documentando e registrando bens culturais, de natureza imaterial, atingindo cerca de 1.000 referências com possibilidades de gerar produtos, serviços e experiências turísticas. Alagoas, ao longo dos anos, passa por uma inércia na sua economia baseada na produção de açúcar e álcool, o que resulta na pobreza da maioria da população. Sua estrutura urbana está baseada em pequenas cidades e áreas rurais onde vive 1/3 da população total. O caso da renda singeleza no pequeno município de Paripueira ilustra o potencial transformador do turismo criativo no panorama da cultura e economia alagoana. Artesãs melhoram seu rendimento familiar e autonomia ao comercializarem a renda. Registrado como bem cultural de natureza imaterial, em 2013, a comercialização da singeleza também colabora com a preservação da renda que esteve em risco de extinção. A sua confecção, embora permaneça limitada a grupos localizados em pequenos municípios, encontra-se fortalecida pela relação afetiva que permeia sua aprendizagem, transmitido de forma geracional pelas mães e avós.
