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TURISMO X CONSERVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DO PASSEIO DO CAVALO-MARINHO NO ESTUÁRIO DO RIO MARACAÍPE (IPOJUCA, PE): HORA DE REMEDIAR A SITUAÇÃO
 
     TURISMO X CONSERVAÇÃO: ESTUDO DE CASO DO PASSEIO DO CAVALO-MARINHO NO ESTUÁRIO DO RIO MARACAÍPE (IPOJUCA, PE): HORA DE REMEDIAR A SITUAÇÃO
     
     


Autor(es):
Silveira, Rosana Beatriz
Ramineli, Suzana Muniz
Vega, Maira Kegler
Rosa, Rodrigo Amighini
Azevedo, Mariana Guimarães de


Periódico: Revista Brasileira de Ecoturismo

Fonte: Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur); v. 4 n. 4 (2011): Anais do 8° CONECOTUR e do 4° EcoUC

Palavras-chave:


Resumo: Situado no município de Ipojuca, PE, o estuário do rio Maracaípe (8º32’14,9’’S e 35º00’17,8’’W) apresenta um extenso manguezal cujas espécies vegetais dominantes são Rhizophora mangle (mangue vermelho) e Avicennia schaueriana (mangue negro). Dentro do estuário, é praticada a pesca (peixes, crustáceos e moluscos) e há a extração de madeira para a construção de casas e barcos e uso como lenha. Aproximadamente 2 Km para o interior do estuário, existe uma grande ocupação humana, ocorrendo o lançamento de efluentes domésticos diretamente no corpo d’água. Por muitos anos, o estuário do rio MaracaÍpe foi conhecido como o “santuário dos cavalos-marinhos” em Pernambuco. Há mais de dez anos, nesse local, é realizado o “passeio do cavalo-marinho”, desenvolvido por jangadeiros vindos da pesca ou de famílias de pescadores. Os registros do Projeto Hippocampus sobre a população de cavalos-marinhos do estuário do rio Maracaípe data de 2001. Nessa época, havia somente sete jangadeiros na atividade. Entre 2001 e 2003, a partir de pesquisas em campo e em laboratório, foram levantados dados inéditos da biologia do cavalo-marinho Hippocampus reidi, espécie nativa no estuário, tais como alta estação reprodutiva, fecundidade e fertilidade, entre outros. Atualmente, tais informações integram o Plano Nacional para Manejo de Cavalos-Marinhos, a ser implementado pelo IBAMA/MMA. Após esse período, o Projeto iniciou o monitoramento da população de cavalos-marinhos do estuário, tendo por ferramentas o mergulho livre e o censo visual, pesquisa que perdura até os dias atuais. O monitoramento é realizado em quatro pontos do estuário: dois deles com visitação turística e dois sem essa influência. Hoje em dia, 38 jangadeiros trabalham no passeio, realizado durante todo o ano, de terça-feira a domingo, abrangendo uma pequena área do estuário. O passeio consiste em conduzir a jangada até os locais de preferência dos cavalos-marinhos (sabidamente conhecidos pelos jangadeiros), onde os condutores do passeio mergulham e capturam o(s) animal(is) e colocam em vidros de aproximadamente três litros de capacidade. O manuseio desses animais é feito independentemente de idade, sexo, machos grávidos ou não (são os cavalos-marinhos machos que engravidam). Os turistas podem fotografar e filmar os cavalos-marinhos que, a seguir, são devolvidos à água pelo jangadeiro ou mantidos para mostrar a outra jangada com turistas que venha chegando. Tal prática é repetida pelos 38 jangadeiros diversas vezes ao dia. Entretanto, pesquisas do Projeto Hippocampus mostram que a densidade dos animais nos pontos amostrais foi diminuindo, alcançando o valor 0 nos meses de julho a setembro de 2010. Em novembro de 2010, apresentou densidade de 0,001 ind/m2. Durante o estudo, não só o número de animais capturados diminuiu grandemente, mas houve inversão da estrutura populacional identificada ao longo dos anos naquele estuário e em outros que estão fora de pressão antrópica. A análise dos dados sugere também que esteja ocorrendo a translocação de animais e que, se não houver intervenção dos órgãos ambientais, há um grave risco de extinção local.