Periódico: Pasos - Revista de Turismo y Patrimonio Cultural
Fonte: PASOS Revista de Turismo y Patrimonio Cultural; v. 13 n. 5 (2015); 1067-1077
Palavras-chave:
Turismo; Estado Novo; Autenticidade
Resumo: Em 1940, António Ferro disse a um grupo de profissionais de turismo, que visitavam o Gabinete Oficial de Propaganda, que Portugal era uma exposição impressionante do turismo nacional. Como tal, quem estivesse disposto a construir o país ideal para o turismo só teria de preparar um 'diorama pitoresco de Portugal' (Ferro, 1948: 36). Estas declarações recordam as várias iniciativas desenvolvidas pela Ferro, a principal responsável pela arquitectura e pela divulgação da imagem de Portugal, também como destino turístico, entre 1933 e 1949. Este artigo pretende mostrar como as estratégias de representação de Portugal durante a implementação do regime político nacionalizador denominado Estado Novo insistiam na exibição de uma nação simultaneamente homogénea e heterogénea. Esse propósito claramente ideológico constrangeria ainda mais a formação de destinos turísticos que, por isso, se baseariam numa espécie de artificialidade semelhante à presente nos não-lugares de Marc Augé.