Resumo: O presente artigo analisa os problemas desencadeados pela inclusão do tango no vasto e voraz circuito do turismo patrimonial após seu reconhecimento pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Utiliza-se uma metodologia qualitativa que consiste na recolha de dados etnográficos e na observação participativa para sublinhar como o aspecto performativo pode mudar consoante o público, neste caso, o turista. Os vários modelos situacionais de consumo são analisados, destacando as tensões que surgem como resultado da encenação da milonga e da desvirtualização do consumo daquilo que é a essência da dança, o 'mundo privado do abraço'. Ao converter um momento privado em espetáculo público, este elemento que é a essência da dança é relativizado e comprometido, sobretudo ao ser apresentado como uma atração turística para pessoas de culturas muito diferentes do contexto local.