Resumo: O turismo cultural baseia-se fundamentalmente na valorização da paisagem urbana das diferentes cidades patrimoniais, apresentando marcos histórico-artísticos, monumentos e edifícios que em muitos casos foram agrupados em perímetros urbanos ou centros históricos 'esvaziados da sua realidade social', devido à sua dedicação exclusiva à fruição do turismo. No entanto, há alguns anos, os turistas começam a exigir experiências que lhes permitam mergulhar nos estilos de vida característicos de cada região, nas suas actividades tradicionais e nos ambientes onde estas são realizadas. Essa demanda está relacionada a movimentos sociais que exigem novos valores e novas formas de entender a vida que entram em jogo no cenário da globalização (agroecologia, patrimonialização, comércio justo). Desta forma, espaços que nunca foram entendidos como recursos turísticos são agora susceptíveis de serem considerados dentro da oferta turística. Estes novos cenários, abertos a uma experiência turística diferente, são reinterpretados pelos grupos que os visitam e ressuscitados pela própria população nativa. Neste sentido, os imaginários construídos sobre a paisagem andaluza constituem um caso paradigmático. As agro-cidades e seus arredores tornaram-se uma referência emblemática para representar a Espanha muito antes do surgimento de iniciativas locais para elevá-las como um recurso turístico. Analisaremos, tomando como referência o caso específico dos turistas japoneses, como este aprimoramento está relacionado a interpretações particulares, e não casuais.