Tecnologia Social – Uma ajuda para o desenvolvimento social

Tecnologia Social – Uma ajuda para o desenvolvimento social

Você pode não saber o que é tecnologia social, mas talvez já a tenha usado e nem sabe!

Um dos maiores exemplos dessa tecnologia é o soro caseiro: aquele com água, sal e açúcar.

Barbara Barbosa C. Silva

Guilherme de Oliveira Borges

 

Uma definição para o termo “tecnologia social” pode ser encontrada em no website do ITS Brasil ( http://www.itsbrasil.org.br/cbrts/tecnologia-social), onde é dito que “a Tecnologia Social é principalmente um modo de fazer, um modo de produzir conhecimento, que presta atenção em valores como a participação e o aprendizado, a disseminação de informações e do conhecimento entre todas as partes envolvidas, a transformação das pessoas e da realidade social, entre outros aspectos, procurando caminhar para o desenvolvimento socioeconômico sustentável.”

Para que uma tecnologia seja considerada “social” ela precisa apresentar uma solução que seja de fácil disseminação para um problema social e de fácil aplicabilidade pela própria sociedade onde o problema ocorre. Ela tem como uma de suas características a junção do saber popular com o conhecimento técnico científico. O exemplo do soro caseiro ilustra essa premissa já que ele parece ter surgido no contexto do saber popular, pois não se sabe quem o criou. Contudo, esse soro tem validade comprovada cientificamente na prevenção da desidratação.

Hoje, se pesquisarmos sobre tecnologia social encontraremos diferentes iniciativas que tem como objetivo promovê-la. Nessas iniciativas é muito comum a associação desta classe de tecnologia a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos hídricos, saúde, e meio ambiente. Veja, por exemplo, o trabalho desenvolvido pela Fundação Banco do Brasil (http://www.fbb.org.br/portalfbb/tecnologiasocial/).

As ideias que são classificadas como tecnologias sociais não possuem patentes, e podem ser reaplicadas em qualquer outro local, diferente daquele onde foi criado, eventualmente com algumas modificações. Em entrevista concedida à rádio da câmara dos deputados (Rádio Câmara), o coordenador do Observatório pelo Movimento da Tecnologia Social da América Latina, Ricardo Neder afirma que: “(…) Não podemos chegar aqui e dizer: ‘esse aqui é o sistema de horta mais adequado para vocês. Está bom, ótimo, vamos usá-la’. Dali a seis, sete, dez meses, eles já vão fazer uma adaptação daquilo e converter numa outra coisa. Ou seja, a aplicação é do domínio da comunidade. (…).

Além da Fundação Banco do Brasil e do Observatório pelo Movimento da Tecnologia Social da América Latina, outro grande apoiador desse atual ramo de desenvolvimento de tecnologia é o instituto Ethos (http://www.ethos.org.br), o qual junto com a RTS (Rede de Tecnologia Social – http://www.rts.org.br), tem dois objetivos básicos:

  • “buscar ampliar o engajamento de empresas no apoio às tecnologias escolhidas para reaplicação”, e
  • “articular tecnologias complementares que aportem melhorias às condições de vida da população envolvida na implementação das tecnologias em reaplicação”.

Há também a iniciativa “Tecnologia Social e Incubação de Empreendimentos Solidários” (http://www.incubadoras-ts.org.br/), a qual realiza os mais diversos projetos, em diferentes estados. Ela surgiu a partir do reconhecimento das já existentes Incubadoras Universitárias, as quais, de um modo mais abrangente, produzem uma boa parte da tecnologia social produzida no Brasil, a partir de ideias inovadoras que emergem da própria sociedade brasileira.

Acesse mais informações sobre Tecnologia Social no site do Governo Federal: http://www.brasil.gov.br/sobre/ciencia-e-tecnologia/tecnologia-social

Mas qual o papel da universidade no contexto do apoio ao desenvolvimento da tecnologia social? Segundo Ricardo Neder, em entrevista à RTS (Rede de Tecnologia Social): “A universidade precisa gerar um novo modelo de extensão universitária, com foco na vivência junto às comunidades. Até porque a tecnologia só se converte em parte do dia-a-dia das pessoas se o estudante e o pesquisador forem para campo com outro olhar (…) de quem não quer simplesmente reproduzir a tecnologia que aprendeu na universidade como solução para aquelas pessoas.

Esta linha de pensamento vem de encontro com o trabalho do Prof. Reinhold Steinbeck, que trabalha com o modelo Design Thinking. O Prof. Reinhold ministrou, durante o primeiro semestre deste ano, o curso Construindo competências colaborativas interdisciplinares e criatividade na resolução de problemas na sociedade – Uma introdução prática ao Design Thinking, no qual alunos da USP interagiram diretamente com cidadãos da comunidade do Jardim Keralux na busca conjunta de soluções para demandas reais.

O Prof. Reinhold visitou a sala do Grupo PET-SI e nos concedeu uma entrevista. Em breve disponibilizaremos a entrevista na íntegra, aqui no site do Coruja Informa Online.