Realidade virtual e suas aplicações na área médica

Figura 1 – Imagem de cirurgião utilizando feramentas de VR para auxiliar em cirurgia intracraniana – Fonte: https://noticiasrealidadevirtual.com.br/realidade-virtual-na-medicina/

Vivemos atualmente uma época de uma conexão inseparável entre os humanos e a tecnologia. Todos sabemos que esta ligação facilita muito nossas atividades e, às vezes, ela chega ao ponto de se tornar uma necessidade para certas ações. Uma das áreas em que se verifica essas dependências em relação às tecnologias é a medicina, na qual esta é utilizada para exames, cirurgias, etc.

Matheus Morandino di Giovanni Carneiro e Christian Keith Kobashikawa

Sabe-se hoje que o diagnóstico é uma parte importante para qualquer tipo de caso médico, pois todos os casos têm início com a detecção dos sintomas. No caso de um diagnóstico impreciso, por exemplo, pode-se iniciar tratamentos não correspondentes ao estado real de um paciente, e casos como esse devem ser evitados a qualquer custo. A tecnologia pode vir a ajudar em vários casos médicos, caso seja bem construída, superando a ação humana e aumentando a precisão de diagnósticos e procedimentos [1].

Uma das tecnologias que atualmente está recebendo significativo estudo para suas aplicações na saúde é a Realidade Virtual (RV, ou VR – Virtual Reality, do inglês). Em essência, é a técnica de se criar um ambiente virtual totalmente imersivo para o usuário, onde se pode interagir com o ambiente criado e, em sistemas mais avançados, até permitir liberdade de movimento. Porém, existem limitações com a tecnologia atual. Ser “totalmente imersivo” significa que o sistema de RV possui perfeitamente as seguintes três propriedades: imersão, interação e envolvimento. A imersão está ligada ao quanto o sistema oferece ao usuário a sensação de estar vivendo dentro do ambiente virtual, sem dar percepções ao usuário sobre o mundo real. A interação se relaciona com a capacidade que os dispositivos de RV possuem de captar os movimentos do usuário no mundo real e transmiti-los para o ambiente virtual. O envolvimento, por sua vez, dirá o grau de estímulo ao comprometimento que o usuário obtém dentro do ambiente virtual para algumas atividades. [4]

Apesar da criação de um Ambiente Virtual (AV) totalmente imersivo ser inovador, com a tecnologia que possuímos hoje não é possível obter total imersividade, pois a pessoa que utiliza o sistema ainda possui a sensação de estar vivendo no mundo real mesmo que imerso parcialmente ao mundo virtual. Apesar desse problema, a RV vem se mostrando cada vez mais eficaz em vários tipos de operações relacionadas à área médica, como o treinamento, por exemplo. No caso do treinamento médico cirúrgico, é necessário que o ambiente virtual seja praticamente equivalente ao ambiente do mundo real para evitar que surjam situações inesperadas, ou seja, que não foram tratadas no AV. E mais uma vantagem desse treinamento via RV é que ele não oferece riscos a pacientes durante o processo, pois toda essa simulação é feita com “material” virtual. Um dos exemplos de treinamento médico utilizando-se dessa ferramenta é o simulador de cirurgias utilizado na Universidade de Stanford, que permitem aos médicos cometer erros sem riscos, e aprendizado através do feedback instantâneo provindo do erro.[5] Outros exemplos válidos são o ViMeTGame[6], um sistema de treinamento médico virtual para análise de biópsia de mamas, ou simuladores médicos para treinamento de aplicações de anestesia em procedimentos odontológicas[7]. Ambas pesquisas feitas pela docente do curso de Sistemas de Informação da EACH Profa. Dra. Fátima de Lourdes dos Santos Nunes Marques.

Em síntese, é possível observar como VR tem incrível potencial para melhorar a qualidade e acessibilidade dos serviços médicos, e com o contínuo avanço da área pelo trabalho de incontáveis pesquisadores, engenheiros, e programadores, é apenas uma questão de tempo até que mais avanços saiam dos centros de pesquisa e cheguem nos hospitais ao redor do mundo.

REFERÊNCIAS

[1]Realidade Virtual na medicina, SANTOS, Veredina.
Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/9EKTU0w96OLQ2YB_2013-5-24-16-19-1.pdf>, Acesso em: 5 de julho de 2019.

[2]Machado, L.S.;Campos, S.F.; Cunha, I.L.L.; Moraes, R.M. .CyberMed: Realidade Virtual para ensino médico,
Disponível em: <http://de.ufpb.br/~labteve/publi/2004_IFMBE.pdf>

[3]Aplicações de Realidade Virtual na Medicina, iClinic,
Disponível em: <https://blog.iclinic.com.br/realidade-virtual-na-medicina/>, Acesso em: 12 de julho de 2019.

[4]Rodrigues, G. P. .Realidade Virtual: Conceitos, Evolução, Dispositivos e Aplicações, Disponível em:
https://openrit.grupotiradentes.com/xmlui/bitstream/handle/set/395/REALIDADE%20VIRTUAL.pdf?sequence=1

[5]Surgical Simulation, Robotics Salisbury, Disponível em:
http://web.stanford.edu/group/sailsbury_robotx/cgi-bin/salisbury_lab/?page_id=205

[6]TORRES, R. S. ; BISCARO, H. H. ; ARAUJO, L. V. ; NUNES, F. L. S. . ViMeTGame: A serious game for virtual medical training of breast biopsy. SBC Journal on 3D Interactive Systems, v. 3, p. 12-19, 2012.

[7]CORRÊA, C. G. ; MACHADO, M. A. A. M. ; RANZINI, E. ; TORI, R. ; NUNES, F. L. S. . Virtual Reality simulator for dental anesthesia training in the inferior alveolar nerve block. Journal of Applied Oral Science, v. 25, p. 357-366, 2017.