Empreendedorismo na Campus Party

Empreendedorismo na Campus Party

Em edições anteriores do Coruja Informa, o assunto empreendedorismo já foi tratado algumas vezes. Porém, o assunto ainda está sendo amplamente discutido, e também, por ser algo totalmente fascinante, está novamente sendo discutido em nosso veículo! 

 

Tatiana Naomi Kuroiva de Siqueira

 

Você já pensou em abrir um negócio? Trabalhar com o que gosta e ser seu próprio chefe? O empreendedorismo é uma prática que vem ganhando espaço no mercado de trabalho nos últimos anos, principalmente no Brasil, onde o número de empreendedores tem crescido consideravelmente[1]. A possibilidade de trabalhar em investimentos próprios e passar a ser o chefe é atrativa, e visando esse cenário, o foco da sétima edição da Campus Party foi “os empreendedores e as comunidades Startups”.

Hypatia - palco da Campus Party 2014 destinado ao compartilhamento de experiências
Hypatia – palco da Campus Party 2014 destinado ao compartilhamento de experiências

O tema obteve destaque no evento, incluindo um palco exclusivo, Hypatia, local destinado à discussão e compartilhamento de experiências e histórias. Além desse palco, havia uma área de Startups & Makers, com 250 empresas interessadas em investir em projetos inovadores, e algumas atividades no palco principal. Esta área estava localizada na parte da Campus chamada Open Campus, a qual tinha entrada gratuita e aberta ao público em geral[2]. Grandes empreendedores e ícones do meio empreendedor se apresentaram no Palco Principal, local onde destaques de vários meio se apresentaram, como Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, piloto e empreendedor, Silvio Meira, professor na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e John Lunn, atual diretor global de desenvolvimento do Paypal.

O mercado tem se tornado cada vez mais específico e exigente quando se trata da oferta de produtos e serviços. A inovação é a aposta de quem se aventura pelo universo empreendedor em busca de sucesso, reconhecimento e retorno. Mas, apesar do grande volume de interessados em se tornar empreendedores, muitas pessoas não tem uma noção muito clara do que fazer, quando, como e com o que começar. Silvio Meira, professor de engenharia de software no Centro de Informática na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), palestrante na Campus Party 2014, usou a citação de Peter Drucker[3] para expor o que pensa: “A inovação é a execução imperfeita do desconhecido do presente”. Segundo Silvio, o maior desafio de todos os tempos sempre foi resolver problemas, empreender nada mais é do que resolver esses problemas, e inovar é resolver novos problemas, ou até criar o problema a ser resolvido.

Palestrante Silvio Meira na Campus Party 2014
Palestrante Silvio Meira na Campus Party 2014

Apesar do grande potencial, o Brasil investe pouco em seus empreendedores, quando a oportunidade de criar produtos e serviços e negociá-los com o mundo traria um retorno interessante e significativo para contribuir com o crescimento da economia nacional. O baixo investimento no mercado interno reflete na baixa produtividade de serviços no país que, quando comparado com os Estados Unidos, por exemplo, tem uma produtividade é sete vezes menor. Essa realidade induz a transferência de pesquisas para o exterior, e a solução é investir em novos negócios inovadores de desenvolvimento empreendedor, cujo crescimento é mais rápido do que o mercado[4].

Ainda de acordo com Silvio Meira, é preciso de educação e oportunidade, combinação que gera a esperança, sentimento responsável por fazer com que as pessoas queiram promover e ser a mudança. A educação abre a possibilidade de criar um ciclo de empreendedorismo, composto por perguntas, respostas, soluções e problemas. É preciso criatividade para tirar perguntas de problemas, perguntas. Para obter as respostas dessas perguntas é preciso tecnologia e desenvolvimento. A inovação transforma as respostas dos problemas em soluções, e empreender é identificar problemas, através das soluções. Esse ciclo promove a mudança, e quem aposta nesse modelo de mudança são as Startups[5].

Para quem não conhece, Startups são empresas novas que contam com projetos e ideias inovadores, promissores e ambiciosos. A aposta dos que sustentam esse modelo de negócio é, principalmente, o desenvolvimento de clientes. Essa prática reforça que tudo começa com uma necessidade, o lucro deve ser um pensamento secundário, e que se a necessidade em questão for bem atendida, o lucro virá. O desenvolvimento de clientes preza pelo ótimo marketing e a validação constante da ideia a ser apresentada. Na palestra “Raio X das Comunidades Startups no Brasil[6]” foi apresentado o conceito de “Cultura do Fracasso”, uma realidade no mercado brasileiro. Esse conceito reforça a constante possibilidade de um negócio acabar, não obter sucesso, não ter uma demanda suficiente. Na maioria dos casos de fracasso, muitos empreendedores desistem de tentar novamente, e essa situação é grave, pois gera o medo de criar, investir e difundir um negócio.

No Brasil, a região sudeste é a que mais cresce dentro da comunidade Startup[7]. Os chamados “anjos investidores”, pessoas que investem em empresas recém-criadas com capital próprio, são muitos, assim como as oportunidades, um cenário que reflete no crescimento de empreendedores na região. A região norte, apesar da presença da Zona Franca de Manaus, principal agente responsável pelo crescimento indústrial na região, é limitada pelos problemas de logística já que os meios de transportem se resumem, na maioria dos casos, a aviões ou balsas. O desenvolvimento da comunidade Startup não depende só da oportunidade, mas também da iniciativa dos empreendedores de fazer a comunidade fluir. Neste cenários, eventos como o Encontro de Jovens Empreendedores (EJE), e a Feira do Empreendedor SEBRAE-SP[8] assumem um papel importante. Eles são organizados com tal propósito, mas não definem as regiões de maior interesse, a quantidade de eventos por região sim, do mesmo modo que a infraestrutura não define as melhores comunidades e Startups, mas sim nas ideias inovadoras em que apostam e trabalham. Por isso, apesar de ser um mercado muito jovem e ainda pouco explorado, os investimentos podem valer a pena.

Bruce Dickinson na Campus Party 2014
Bruce Dickinson na Campus Party 2014

Como a oferta de ideias inovadoras vem crescendo muito rapidamente, investidores e consumidores se perdem pelo Magpie effect, um efeito que distrai as pessoas quando essas são expostas a muita informação. John Lunn, diretor global de desenvolvimento da Paypal, mencionou o Magpie effect quando tratava do assunto de compras e consumidores durante a palestra que ministrou na Campus Party 2014. Um cliente confuso não consegue se decidir e muito menos concluir a compra. O desenvolvimento de clientes trata desse tipo de problema, e caso tal problema não seja tratado, não há negócio que consiga se manter.Bruce Dickinson, vocalista da banda Iron Maiden, piloto de aeronaves e também empreendedor, explicou, durante sua palestra na Campus, que a expansão de negócios da banda começou com uma ideia brilhante de ter uma aeronave para o grupo, mas que não foi aceita na primeira oportunidade. No entanto, acreditar na ideia foi de extrema importância, pois criou a oportunidade de juntar mais pessoas e tornar a ideia algo concreto e que hoje se constitui como uma das diversas marcas da banda. O mesmo foi dito sobre a recente marca de cerveja do grupo, a Trooper, sobre a qual Bruce explicou a grande diferença em relação à música: “não é possível baixar cerveja pelo seu computador, não é?” Mas mesmo obtendo sucesso em sua carreira e no que acreditou, Bruce disse ser fundamental que o empreendedor esteja preparado para falhar, e se for o caso, não desistir nunca, ter paixão com o que faz. Os primeiros passos para um empreendimento obter sucesso é a existência da paixão e a da imaginação, e sem eles, não existe negócio.

Após uma semana de discussão, troca de experiências e conhecimentos e uma exposição a informações de qualidade, foi possível entender com clareza que o mercado de negócios empreendedores ainda vai se expandir muito, mas que ainda há muito para se aprender. A Campus Party 2014 foi um ambiente muito oportuno para aqueles que procuravam saber mais sobre empreendedorismo e para os que pretendem apresentar suas ideias para o mundo.


Um exemplo de sucesso

Lendo um texto como esse, podemos pensar que abrir uma startup seja algo difícil e longe da nossa realidade. Mas para mostrar que é mais possível do que imaginamos, convidamos você a ler a matéria sobre a Quantica, uma startup fundada por dois graduados em Sistemas de Informação pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP).

Clique aqui para ser redirecionado para a matéria desse exemplo de sucesso tão próximo a nós.


Links para as palestras

 


Referências

[1] – http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2012/07/brasil-ja-tem-quase-30-milhoes-de-empreendedores-perfil-mudou.html

[2] – http://www.campus-party.com.br/2014/opencampus.html

[3] – http://pt.wikipedia.org/wiki/Peter_Drucker

[4] – http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/pesquisa-empreendedorismo-cresce-em-quantidade-e-qualidade/80703/

[5] – http://exame.abril.com.br/pme/noticias/o-que-e-uma-startup/

[6] – http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2012/07/empreendedorismo-esta-cada-vez-mais-forte-no-nordeste-do-brasil.html

[7] – http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidade_de_startups#Comunidades_no_Brasil

[8] – http://feiradoempreendedor.sebraesp.com.br/