A Robótica livre na Campus Party

A Robótica livre na Campus Party

Se você já leu as edições anteriores do Coruja Informa provavelmente deve lembrar-se de uma matéria exclusiva, publicada em 06/2012[1] que teve o objetivo de passar informações acadêmicas sobre a área da Robótica e sobre como a mesma pode ser um grande laboratório de conhecimento e diversão. Através da matéria, foi possível ficar por dentro das pesquisas recentes na área, bem como sobre os campeonatos e eventos acadêmicos, onde os participantes podem expor seus trabalhos e projetos além de usar seus conhecimentos  para resolver diversos tipos de desafios e disputas propostos pelos organizadores dos eventos.

Vale ressaltar que a matéria explorou a forma como a Robótica se desenvolve e ganha, cada vez mais, reconhecimento tanto no meio acadêmico quanto no empresarial.  A Campus Party Brasil 2013 foi uma prova concreta do que foi defendido na referida matéria, afinal, o evento destinou um palco (denominado Galileu) exclusivamente para assuntos relacionados referentes  a hardware, eletrônica e Robótica.

 

Na Campus Party Brasil 2013, ocorreram atividades de diversas áreas de Robótica, sendo que o site do evento[2] possui uma área exclusiva para expor todos os acontecimentos relacionados com a mesma  que marcaram presença durante a o evento. Foram realizadas palestras sobre próteses biônicas, protocolos de comunicação unificados entre robôs, integração com outros dispositivos eletrônicos (como o Kinect™), guerra entre robôs, novas tecnologias para exploração espacial privada, veículos aéreos não tripulados mercado de trabalho na área de robótica, sistemas embarcados e implementação de robôs em plataforma Arduino™. Além das palestras, ocorreram vários workshops destinados a passar conhecimento de eletrônica e Robótica para os campuseiros, estando presente no evento oficinas sobre aplicações com microcontroladores, desenvolvimento de robôs usando hardware livre e simulação de robôs em ambientes 2D e 3D.

Foram promovidas também competições com premiações nas quais os participantes deveriam por seus conhecimentos à prova para conseguir os prêmios. Entre as disputas ocorreram a premiação para o melhor robô feito por um participante do evento e o Desafio de Robótica Livre com o uso de robôs montados e programados pelos campuseiros para a resolução de um desafio proposto pelos organizadores.

A Universidade de São Paulo também deu uma importante contribuição compartilhando conhecimentos em programação e robótica no evento. O grupo WartHog Robotics[3], composto por estudantes de cursos nas áreas de Engenharia e de Computação do Campus de São Carlos da USP, atuou de forma significativa no evento, se posicionando como um grupo de pesquisa e extensão tradicional do campus e com grande reconhecimento dentro e fora da USP. Na página oficial do grupo consta que seu principal objetivo é a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias associadas à Robótica e sua aplicação nos complexos ambientes de futebol e combate de robôs. O grupo foi responsável por ministrar workshops sobre simulação de robôs em ambientes 2D e 3D.

Entre as principais entidades responsáveis por difundir a Robótica na Campus Party, é valido citar a participação ativa do projeto Robô Livre[4] e de seus idealizadores em boa parte das atividades relacionadas ao assunto, durante todos os dias de realização do evento. Segundo informações presentes no blog[5] dos fundadores do projeto, o Robô Livre surgiu para ajudar a preencher a lacuna no desenvolvimento pedagógico de estudantes dos ensinos fundamental, médio, técnico e universitário na área de Robótica. O projeto está consolidado sobre três princípios explicitados por seus idealizadores no blog5 do mesmo:

  • Compartilhar projetos e conhecimento através de desenvolvimento colaborativo
  • Desmistificar a tecnologia e provar que qualquer um pode adquirir conhecimentos em Robótica
  • Encarar o ramo da Robótica como uma manifestação artística.

O projeto foi responsável pela realização, organização e colaboração de boa parte das palestras, competições e workShops que aconteceram durante a Campus Party e o mesmo foi de grande importância para que a Robótica tivesse destaque durante o evento.

Porém, não há como falar sobre Robótica na Campus Party sem citar um dos seus ramos que mais cresce atualmente e que é sempre uma das principais atrações na área da Robótica no evento: a Robótica livre. A relação entre Campus Party e Robótica livre é incontestável, e vem crescendo cada vez mais a cada nova edição do evento. Mas afinal, o que as duas tem em comum? Basta pensar em qual é um dos principais objetivos da Campus: promover um ambiente de troca de conhecimento, experiências e informações entre os participantes. E é nesse contexto que ocorre a interseção com a Robótica livre, afinal, a maior intenção da mesma é promover um crescimento cada vez maior de um ambiente colaborativo para o aprendizado na área, onde todos trocam conhecimento e até onde os mais leigos são capazes de começar seus estudos, contando com uma grande quantidade de conhecimento aberto e disponível a todos. Os dois temas se encaixam perfeitamente e isso explica o fato da de uma parte significativa das palestras, workshops e competições de varias edições da Campus Party abordarem de forma direta ou indireta os conceitos desse ramo da Robótica.

A grande sacada da Robótica livre, segundo Henrique Forestti, um dos idealizadores do projeto RoboLivre, é “trabalhar com um viés que procura desmistificar a tecnologia, baseando-se no slogan “é fácil fazer”, que evidencia a Robótica como um área de experimentação e pesquisa aberta a qualquer pessoa, independente de conhecimento prévio sobre o tema, formação, idade ou condição sociocultural, onde todos podem produzir e contribuir para o crescimento da área.”

Para aqueles que possuem interesse em fazer parte de um grupo colaborativo de Robótica livre, o Garoa Hacker Clube[6] (um dos maiores HackerSpaces de São Paulo) promove semanalmente a noite do Arduino™, que é, segundo informações do site oficial do grupo, “uma oportunidade para aprender, ensinar, construir e fuçar nesta plataforma aberta de prototipação de hardware que se popularizou rapidamente devido ao seu baixo custo e à sua facilidade de uso”. O evento é aberto a todos (associados ou não) e a participação é gratuita. Não é necessário fazer inscrição prévia e nem possuir um Arduino™ para participar e conhecer mais sobre a plataforma e aprender sobre robótica e eletrônica.

Portanto, a Robótica livre é uma área aonde não existem fronteiras para o aprendizado e está aberta a todos aqueles que pretendem adquirir um novo tipo de conhecimento, sem necessariamente ter o compromisso de seguir para o meio empresarial ou acadêmico. Neste contexto,  a Robótica pode ser encarada como um hobby.

Para quem se interessou por essa área, que tal procurar mais informações sobre o assunto e sobre os softwares e hardwares voltados para essa área e, quem sabe, descobrir um novo campo de interesse?


1 each.usp.br/petsi/jornal/?p=337

2 campus-party.com.br/2013/robotica.html

3 warthog.sc.usp.br

4 robolivre.org

5 blog.robolivre.org/post/32720105289

[6] garoa.net.br