2015: O ano em que a volta ao Futuro se torna Presente

2015: O ano em que a volta ao Futuro se torna Presente

No ano de 2015 uma das datas mais emblemáticas da cultura pop finalmente está próxima: a chegada de Marty McFly e Dr. Emmett Brown! Mas será que todas as “previsões” tecnológicas feitas no filme “De Volta para o Futuro Parte II” realmente se cumpriram? Confira!

Alan Utsuni Sabino e Décio de Souza Oliveira Júnior

Novembro de 1989. Um mês com acontecimentos marcantes para a sociedade. No dia 9 ocorreu a queda do Muro de Berlim, decretando assim a unificação “das Alemanhas” Oriental e Ocidental; no dia 12 do mesmo mês, o físico inglês Tim Bernes-Lee cria o “World Wide Web” (popularmente conhecido como “www”), sistema que revolucionou o acesso à Internet.

Em meio a tantas datas importantes em tão pouco tempo, destacamos uma em especial: 22/11/1989. Entrava em cartaz nos cinemas a segunda parte da saga cinematográfica “De Volta para o Futuro”, trilogia que utiliza a dinâmica de viagens no tempo em seu enredo. Enquanto no primeiro filme o personagem principal viaja para os anos 50, há uma ambição maior por parte dos roteiristas no “De Volta para o Futuro II”: retratar o futuro, mais especificamente no dia 21 de outubro de 2015. É relativamente mais fácil retratar moda, músicas e estilos quando isso já ocorreu, pois basta uma pesquisa para obter todo o material necessário. Mas como retratar algo que ainda irá acontecer?

No ano de 2015, após 26 anos, uma das datas mais emblemáticas da cultura pop finalmente está próxima. Mas será que todas as “previsões” tecnológicas que o filme fez realmente se cumpriram? Confira!

Da ficção a realidade

O personagem principal Marty McFly (interpretado por Michael J. Fox), logo ao desembarcar da máquina do tempo, se depara com uma cidade totalmente diferente do que estava acostumado. Em pouco tempo, ele experimenta várias tecnologias que não existiam na década de 80 (o seu tempo atual, no filme).

Uma tecnologia retratada pelo filme e muito presente nos dias de hoje é a vídeo conferência. Antes mesmo do advento das webcams, em 1991, o filme foi capaz de prever que seria possível conversar com pessoas a longas distâncias. Na cena do filme, a versão futura do protagonista recebe uma vídeo chamada de um colega de trabalho e a transmissão é exibida em um televisor. Hoje esse hábito comum é possível através de uma conexão com a Internet e aplicativos como Skype, Hangouts e FaceTime.

O conceito de multi tela é retratado no filme quando o personagem Marty Jr. divide a tela do seu televisor para assistir diversas transmissões simultaneamente. Isso é possível nos dias de hoje com a função PiP (abreviação do termo “Picture in Picture”), porém o termo multi tela também pode ter uma interpretação mais “abstrata”, visto que hoje temos a nossa atenção dividida em várias telas. Assistir TV enquanto usamos smartphones, usar o computador com diversas abas abertas em nossos navegadores e às vezes até um computador com tela estendida em mais de um monitor é uma situação comum nesses últimos anos.

O filme também mostra o uso de Biometria e Inteligência Artificial no cotidiano. Apesar dos estudos nessas áreas já existirem desde antes de 1989 (o estudo moderno da Biometria se iniciou em 1958 com Sir William Herschel e em 1950 Alan Turing realizava testes de Inteligência Artificial), ambos não eram populares na época de lançamento do filme. Porém, hoje em dia é possível instalar em nossa casa uma fechadura que é ativada por reconhecimento da impressão digital assim como é retratado no filme ou ir em algum restaurante em que os pedidos são realizados por meio de um “tablet garçom” presente [1] nas mesas, porém infelizmente, nenhum desses garçons são versões virtuais do Michael Jackson como no filme.

Apesar de não ser muito conhecido, o conceito de Wearable Technology (ou Tecnologia Vestível) está mais popular a cada dia[2]. Você já pensou em atender uma ligação nos seus óculos igual a filha do Marty faz na cena do jantar? A empresa americana Google pensou nisso e apresentou o revolucionário óculos Google Glass, que permite tirar fotos, atender chamadas, ver a previsão do tempo, entre muitas outras funcionalidades sem o uso das mãos, conceito conhecido como handsfree. Além disso, dispositivos que sempre nos acompanharam como relógios, óculos e pulseiras estão cada vez mais tecnológicos.

Uma cena bastante peculiar no filme é a de um cachorro sendo levado para passear por um drone. Assunto de uma recente matéria no Coruja Informa [3], o drone é um tipo de avião não tripulado que pode ser controlado a distância por meios eletrônicos e são utilizados nas mais diversas finalidades, desde levar alimentos a vilarejos na África até capturar imagens dos reatores danificados do acidente na usina de Fukushima, Japão.

Enquanto Marty McFly andava pela cidade, é possível ver uma loja que vendia filmes utilizando a mídia Laserdisc. Essa tecnologia, pioneira para armazenamento de áudio e vídeo apesar de ter sido produzida até 2009, não teve uma alta popularidade. Não demorou muito tempo para a mídia que possuía trinta centímetros de diâmetro ser “esquecida” com a popularização do DVD.  Atualmente até o DVD está perdendo mercado, já que a utilização de mídias digitais, armazenamento em nuvem, streaming, entre outros, estão crescendo na preferência dos consumidores. Portanto, quando se fala em mídias para armazenamento, a realidade atual está muito à frente da “previsão” do filme.

Quando a vida não imita a arte


Apesar de acertar diversas “previsões”, para a infelicidade dos roteiristas (ou a nossa), outras passaram bem longe da realidade.

Quando Marty McFly desembarca no ano de 2015, evitando se destacar na multidão, faz a troca das roupas dos anos 80 para as roupas que se imaginava ter em 2015. Essas roupas teriam a capacidade de se auto ajustar ao corpo do usuário, assim como os calçados. As roupas também possuíam uma tecnologia ultra moderna que permitia a “auto secagem” instantânea.  Mas, diferente do que vemos hoje, essas coisas ainda não são possíveis.

Outra grande tecnologia que infelizmente não se realizou foi o hidratador de alimentos. De acordo com o que foi mostrado no filme seria possível reidratar alimentos em questão de segundos. Carregar uma pizza em versão desidratada e minúscula na bolsa e prepará-la em poucos segundos seria ótimo, não é? Infelizmente ainda não podemos fazer isso.

Quase uma realidade

Há coisas que não ocorreram em 2015, mas que caminham para se tornar realidade.

Um grande desejo da indústria automobilística sempre foi produzir carros que pudessem voar. Cruzar a cidade pelo céu com um DeLorean era e continua sendo um sonho para muitas pessoas, porém, dirigir um veículo voador não era uma novidade já que o desenho animado “Os Jetsons” já tinha abordado esse tipo de tecnologia. Mas infelizmente, diferente do que o filme traz, o que temos hoje é um híbrido de carro e um avião monomotor. Os modelos disponíveis hoje[4], além de serem extremamente caros, possuem asas e são capazes de voar a partir de pistas próprias para isso, diferente do que o filme mostra, já que há uma espécie de turbina que confere ao carro a capacidade de subir sem a necessidade de usar longas pistas para adequir velocidade.

Motivada pelo filme, há pouco menos de um ano, uma empresa tenta tornar realidade umas das invenções mais fascinantes do filme: o Hoverboard! Boa parte dos espectadores provavelmente queria estar na pele de Marty McFly e andar em um skate que se movia sem a necessidade de rodas. Um skate que tem a capacidade de flutuar magneticamente sobre qualquer material está sendo produzido pela empresa Hendo[5], porém os avanços feitos até agora foram poucos. O que é possível hoje é flutuar sobre uma superfície específica durante um curto período de tempo. No site da empresa é possível fazer doações e investimentos para incentivar o aperfeiçoamento do projeto.

Uma invenção que o filme trata, antes até do assunto sustentabilidade assumir posição de destaque na sociedade mundial, é o motor movido a lixo. Quem não gostaria de abastecer o seu carro com uma casca de banana do mesmo jeito que o Dr. Emmet Brown? Há iniciativas que tentam tornar isso realidade, como um ônibus inglês que é movido a biomassa[6]. Contudo, não se trata de nada sendo construído em grande escala ou que seja parecido com o filme, que utilizava de reações nucleares para transformar o material orgânico em combustível.

Resta apenas não perder a esperança e torcer para que as previsões do filme ainda não cumpridas venham a se tornar realidade até o dia 21 de outubro.

Fontes

  1. http://tecnologia.terra.com.br/quotgarcom-virtualquot-facilita-o-servico-em-bares-e-restaurantes,3e08a6882596b310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
  2. https://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=1292
  3. https://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=1329
  4. http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/carro-voador-aeromobil-conseguiria-voar-do-rio-ate-curitiba
  5. http://hendohover.com/
  6. http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/cidade-inglesa-recebe-onibus-movido-a-fezes-humanas