Exploração Espacial, da Terra à Marte

Exploração Espacial, da Terra à Marte

De física nuclear a buracos negros, os recentes avanços na ciência em diferentes áreas fizeram com que a humanidade desse grandes passos. Nos últimos anos, tivemos a primeira imagem de um buraco negro, a comprovação da existência de ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein e outras descobertas importantes que nos lembram de que somos capazes de conhecer o universo, e não de apenas visitá-lo em nossos sonhos.

André Biondi Casaes e Victor Gomes de Oliveira Martins Nicola

A National Aeronautics and Space Administration (NASA), a mais conhecida das entidades que pesquisam e desenvolvem tecnologias relacionadas a programas espaciais, recebeu mais investimento nos últimos anos. Ainda assim, uma rápida consulta ao Google Trends nos traz a hipótese de que o interesse pelo tema viagem espacial não tem aumentado nos últimos anos. Então, por que queremos conhecer e explorar o espaço?

Como Will Pomerantz no TEDxPCC nos diz, não podemos esperar uma única resposta para essa pergunta, mas podemos imaginar algumas das principais motivações. Por exemplo, os impactos da exploração de recursos naturais pelas diferentes sociedades após a revolução industrial estão cada vez mais evidentes, e não é difícil perceber que o planeta terra não terá recursos suficientes para sustentar o padrão de consumo que temos atualmente por muitos anos.
A exploração de recursos interplanetários não é a única solução para o problema da falta de recursos, mas pode ser um bom complemento para a redução do padrão de consumo. Ou seja, melhorando a eficiência de uso e extração de recursos e encontrando novas fontes, podemos garantir a prosperidade de nossa espécie por muito mais tempo.

Uma outra motivação poderia estar relacionada à identificação de ameaças, sejam elas externas ao nosso planeta ou decorrentes de variações climáticas. Satélites e sondas espaciais colhem informações extremamente úteis para que possamos nos preparar para desastres que não teríamos o menor conhecimento sem essa visão mais ampla, como formações meteorológicas suspeitas e fenômenos espaciais que acontecem em nosso sistema solar que possam nos afetar de alguma forma. 

Isso pode parecer um exagero, mas vemos em Space Technology for Natural Disaster Management que a prevenção de desastres naturais depende muito de dados que são obtidos do espaço.

“Mitigation of natural disasters can be successful only when detailed knowledge is obtained about the expected frequency, character, and magnitude of hazardous events in an area. Many types of information that are needed in natural disaster management have an important spatial component.” 

(Panda, 2015).

Uma outra forma de ver o tema de viagem espacial talvez seja um pouco menos racional e mais instintiva. Não são poucos os exemplos, seja na literatura ou na história, em que a vontade de explorar por pura e simples curiosidade levaram pessoas a se aventurarem, pois  o desconhecido desperta interesse e excitação. 

Assim, independentemente de quais sejam as motivações, não se pode negar que a exploração espacial é potencialmente vantajosa para a humanidade, mas ainda existem muitos desafios a serem superados. 

O artigo The 12 Greatest Challenges for Space Exploration (Os 12 Desafios para a Exploração Espacial) da revista Wired divide as dificuldades em quatro pontos distintos:

  1. Partida;
  2. Voo;
  3. Chegada;
  4. Limites Externos.

O objetivo aqui não é reproduzir a matéria, e sim apresentar um panorama atual da viagem espacial e fomentar o interesse no tema. A leitura do texto é fortemente recomendada, mas vale ressaltar que essas “classes” de dificuldades englobam variáveis logísticas, econômicas e médicas. Por isso, o avanço da exploração espacial depende de inúmeros fatores que envolvem diferentes áreas do conhecimento e as entidades dedicadas a esse objetivo possuem um conjunto de equipes que trabalham em vertentes interdisciplinares.

Os Estados Unidos são o país que mais investe na viagem espacial e, atualmente, boa parte dos recursos destinados são alocados no desenvolvimento dos equipamentos necessários para colonizar Marte. A NASA, agência que lidera o estudo do planeta, já enviou diversas sondas nos últimos anos e possui planos para enviar mais, com o intuito de extrair o máximo de informações possível.

Diversas missões foram realizadas na tentativa de pousar em marte, mas apenas algumas delas foram bem sucedidas. Por exemplo, Mars 3 foi a primeira sonda a pousar no planeta, em 1996. Após esse feito, diversas sondas foram enviadas. 

Sonda Mars 3 - Fonte:The Mary Sue
Sonda Mars 3 – Fonte: The Mary Sue

A sonda mais recente a pousar no solo de marte foi a InSight, que é um pouco diferente das anteriores, tanto fisicamente quanto em relação ao objetivo de sua missão. Ela é estacionária, e seu objetivo é analisar o interior do planeta. Depois de pousar, em novembro de 2018, a sonda começou a instalar no solo os seus 2 sensores principais, o sismógrafo e um sensor de fluxo de calor. O primeiro irá monitorar os terremotos do planeta. Espera-se monitorar pelo menos 100 terremotos e, assim, estimar a constituição do interior do planeta. Já o segundo sensor, que está instalado cinco metros abaixo da superfície, irá monitorar a temperatura.

Sonda InSight - Fonte: NASA
Sonda InSight – Fonte: NASA

Paralelamente, a agência possui um programa chamado ORION, cujo objetivo é desenvolver, junto à Agência Espacial da Europa, uma espaçonave que levará humanos até o planeta. Na corrida para realizar esse feito, a agência privada SpaceX busca deixar a viagem interplanetária mais acessível, permitindo que a ocupação do planeta seja economicamente viável. A SpaceX ainda está na fase de prototipação de espaçonaves capazes de transportar humanos para marte, mas já aumentou a viabilidade do projeto com o sucesso de foguetes reutilizáveis, como o Falcon 9 e o Falcon Heavy

O primeiro foi projetado para colocar satélites em órbita e enviar carga para a Estação Espacial Internacional. Depois de assegurar o envio da carga, a sonda retornaria em segurança para que pudesse ser reutilizada em missões futuras. A empresa conseguiu realizar esse percurso de ida e volta ao espaço 39 vezes, pousando tanto em drones estacionados no meio do oceano como em terra firme.

Já o Falcon Heavy é constituído de três Falcon 9 acoplados, que pousam de maneira independente, tornando-o mais potente e diminuindo o custo da missão. Ele é capaz de levar ao espaço 64t, em contraste com as 22t que um único Falcon 9 suporta. Para efeito de comparação, esse foguete é duas vezes mais potente que o foguete operacional mais poderoso da NASA. Até a data da escrita dessa matéria, foram realizados dois lançamentos desse foguete. Na primeira tentativa, o foguete central falhou na aterrissagem e na segunda, os 3 propulsores pousaram com sucesso.

Percebe-se, portanto, que a viagem espacial é um tema relevante a ser abordado pois pode envolver o futuro da espécie humana e não apenas sociedades específicas. A viagem especial também toca no imaginário e na curiosidade das pessoas. Além disso, duas das maiores empresas do mundo na área estão se desenvolvendo para que possamos alcançar o mais tangível de nossos possíveis objetivos no espaço, colonizar Marte.

 

REFERÊNCIAS

REDAÇÃO GALILEU. Foto de um buraco negro é revelada pela primeira vez na história. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Espaco/noticia/2019/04/foto-de-um-buraco-negro-e-revelada-pela-primeira-vez-na-historia.html>, Acesso em 01 Ago. 2019

MATHEUS SOUZA, PEDRO CASSIANO. É provada a existência das ondas gravitacionais previstas por Einstein. Disponível em: <https://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=1580>, Acesso em 01 Ago. 2019

KIMBERLY AMADEO. NASA Budget, Current Funding, History, and Economic Impact. Disponível em: <https://www.thebalance.com/nasa-budget-current-funding-and-history-3306321>, Acesso em 01 Ago. 2019

WILLIAM POMERANTZ. Why We Go. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0ueGFLVFi80>, Acesso em 01 Ago. 2019

IBERDROLA. What are the consequences of the overexploitation of natural resources?. Disponível em: <https://www.iberdrola.com/top-stories/environment/overexploitation-of-natural-resources>, Acesso em 01 Ago. 2019

Panda, Prafulla. Space Technology for Natural Disaster Management. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/278017464_SPACE_TECHNOLOGY_FOR_NATURAL_DISASTER_MANAGEMENT>, Acesso em 01 Ago. 2019

Wired Staff. The 12 Greatest Challenges for Space Exploration. Disponível em: <https://www.wired.com/2016/02/space-is-cold-vast-and-deadly-humans-will-explore-it-anyway/>, Acesso em 01 Ago. 2019

NASA. MARS Exploration Rovers. Disponível em: <https://mars.nasa.gov/mer/>, Acesso em 01 Ago. 2019

NASA. MARS Curiosity Rover. Disponível em: <https://mars.jpl.nasa.gov/msl/>, Acesso em 01 Ago. 2019

SPACEX. Falcon Heavy. Disponível em: <https://www.spacex.com/falcon-heavy>, Acesso em 01 Ago. 2019