A criação e a evolução do campus USP Leste

A criação e a evolução do campus USP Leste

Gabriela Scardine
Maruscia Baklizky

Você já se perguntou como era o campus USP Leste antes de você começar a estudar nele? Qual teria sido seu processo de implantação e quais teriam sido as motivações para sua construção? E o curso de Bacharelado em Sistemas de Informação (BSI), como foi criado? Nosso curso recentemente conquistou cinco estrelas na avaliação do Guia do Estudante [1], uma indicação de que houve grande evolução desde sua criação, há sete anos. Será que, de alguma forma, a evolução do campus USP Leste influenciou no curso de BSI? Acompanhe-nos durante uma resumida apresentação do processo de evolução da USP Leste e do curso de BSI: conheça o histórico, reconheça o presente e analise as perspectivas futuras de nosso campus e de nosso curso.

 

“A criação de um novo campus da USP (2003) a ser implantado na cidade de São Paulo surgiu num contexto de abrangência de objetivos: expandir as vagas do ensino superior público, e atender com qualidade as comunidades de baixa renda ao levar desenvolvimento social, econômico e cultural para a região.” (MELFI, “A USP na Zona Leste”).

 

 

De acordo com a matéria “Com logotipo novo, USP Leste passa a ser EACH”, publicada no Portal Aprendiz [2] em 2008, nos primeiros documentos sobre o projeto de criação do campus da USP na Zona Leste de São Paulo, ele ainda não tinha nome. À medida que o projeto cresceu e se tornou mais conhecido, o nome USP Leste “pegou”. É nesse campus, construído em 2005, que está inserida a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).

De acordo com o livro “USP Leste – A expansão da Universidade: do Oeste para Leste” [3], um dos grandes princípios da EACH é privilegiar a transdisciplinaridade e a integração entre seus alunos. Tais princípios podem ser percebidos por meio do oferecimento de um Ciclo Básico (CB), obrigatório a todos os alunos e “planejado para promover a iniciação acadêmica dos novos estudantes, mediante uma abordagem efetivamente interdisciplinar, de questões abrangentes e fundamentais ao conhecimento científico e social” [4]. Além disso, outra peculiaridade da unidade é em relação à sua organização administrativa: a EACH não é dividida em departamentos, o que é muito comum em outras unidades. A EACH possui apenas a coordenação dos cursos e a coordenação do CB. Ainda no livro “USP Leste – A expansão da Universidade: do Oeste para Leste” [3], o professor Ulisses Araújo conta que, justamente por essa característica da unidade, a flexibilidade de uso do espaço foi um dos atributos conceituais que nortearam o projeto do campus USP Leste: as salas, em geral, deveriam contemplar as diferentes necessidades dos diferentes cursos. Segundo ele, uma instituição acadêmica que não queira seguir a concepção tradicional de organização compartimentada “deve estar atenta para outras formas de distribuição de espaços e de gestão dos espaços comuns, e a seus reflexos na forma de como se organizam as relações entre docentes, funcionários e estudantes”. Portanto, observa-se a importância da otimização do espaço físico para garantir a qualidade dos trabalhos desenvolvidos na universidade.

Em maio de 2011, o Grupo PET-SI fez uma entrevista com o Prof. Dr. Paulo César Masiero, o primeiro coordenador do curso de BSI [5], que atualmente trabalha no ICMC-USP, no campus de São Carlos, sua unidade de origem. Nesta, além de contar vários detalhes sobre a criação do campus USP Leste e do curso de BSI, ele afirma que, em conjunto com o Prof. Antonio Massola, que prestava serviços técnicos especializados à Coordenadoria do Espaço Físico da USP já naquela época, coordenava a instalação de toda a parte de TI na unidade, sendo ambos responsáveis pelo projeto da rede nos prédios. Os quatro primeiros laboratórios foram preparados com 30 computadores cada um, totalizando 120 máquinas.

Nos oito anos que se passaram desde a criação da EACH em 2005, os trabalhos relacionados a melhorias no campus foram contínuos, e a tendência é que isso se torne uma atitude permanente. O Relatório de Gestão da Direção da EACH, referente ao período de 2010 e 2011 [6], cita 74 atividades realizadas nesse período, dentre elas: reforma e pintura de vários edifícios; construção de prédios (como o da Incubadora Social e Tecnológica); instalação de rede wi-fi no campus; uma série de avanços na biblioteca (como a instalação de mais guarda-volumes, instalação de 30 computadores para estudos, 50 novos pontos de tomadas elétricas); e a implantação de várias salas de pesquisa, inclusive da sala do Grupo PET-SI (sala 210 do prédio I1).

Para acompanhar o crescimento da unidade, foi elaborado um plano de expansão do campus. De acordo com informações obtidas no site da própria EACH [7], esse plano envolve os seguintes projetos de construção:

 

01 – Edifício de Pós-Graduação

02 – Edifício de Pesquisa e Extensão

03 – Laboratório de Têxtil, Moda e Mídias

04 – Ampliação das Salas de Aulas do Edifício I1

05 – Escola de Engenharia | Poli

06 – Laboratório do Centro Dia do Idoso

07 – Casa da Ciência

07 – Escola de Desenvolvimento Social

08 – Edifício de Manutenção e Serviços

09 – Centro de Convenções

10 – Centro de Cultura e Exposição

11 – Laboratório de Atividades Físicas | Piscina

 

As novas instalações serão dispostas na atual área do campus da USP Leste e no terreno entre a área da chaminé do campus e o centro de treinamento do Corinthians. Todas as construções terão grande impacto nas atividades de ensino, pesquisa e extensão promovidas pela EACH.

Além de construir um edifício para concentrar os serviços de manutenção e aumentar o número de salas de aula no prédio I1, a USP Leste terá um edifício específico para a pós-graduação, outro para atividades de pesquisa e extensão, e um laboratório de Têxtil, Moda e Mídias. A piscina servirá como laboratório para os alunos do curso de graduação em Ciências da Atividade Física. A Escola de Desenvolvimento Social, a Casa da Ciência, o Centro de Convenções e o Centro de Cultura e Exposição serão usufruídos não apenas pela comunidade acadêmica, mas também pela comunidade externa e, por receberem grandes eventos, servirão como laboratório para as atividades do curso de Lazer e Turismo, além de atender iniciativas de outros cursos e pesquisas. Além disso, o campus ainda oferecerá um curso da área de Engenharia da Computação da Escola Politécnica da USP, com início previsto para 2014, com ênfase prevista em TIC – Tecnologia da Informação e de Comunicação.

Observou-se que a evolução do campus tem contribuído para o desenvolvimento dos cursos da EACH, e tem sido um fator importante para o aprimoramento do curso de BSI. Ela gera como resultados melhores condições de trabalho aos professores (tanto em relação às aulas quanto às pesquisas realizadas), melhor infraestrutura de estudo aos alunos (biblioteca renovada e laboratórios sendo aprimorados [8]) e mais ambientes para oferecimento e promoção de atividades extracurriculares voltadas para a comunidade interna e externa à EACH.

Na já citada entrevista com o Prof. Masiero, ele conta que, no início, tinha dúvidas se criar um curso de graduação em Sistemas de Informação já com 180 vagas não seria uma responsabilidade muito grande para a USP e para a EACH. Em São Carlos, no ICMC-USP, foram cerca de 30 anos entre o planejamento e a criação dos cursos ligados à área de Computação (Ciência da Computação, Engenharia da Computação e Informática, este último agora também chamado de Sistemas de Informação). Além disso, os cursos foram criados com poucas vagas (inicialmente, eram apenas 20 para Ciência da Computação), que foram aumentadas gradualmente, de acordo com a procura pelo curso. Já na EACH, o processo foi diferente. O curso de BSI foi construído junto com o campus – nas palavras do Prof. Masiero, “Não havia faculdade, não havia nada, e de um dia para o outro começou algo.”

A responsabilidade era grande, mas todo o esforço valeu a pena. O curso de BSI evoluiu bem rapidamente, e tem sido aprimorado a cada ano. Uma boa indicação para tal constatação é a evolução que obteve nas avaliações do Guia do Estudante [1]: em 2010, o curso de BSI recebeu três estrelas; em 2011, recebeu quatro estrelas; e neste ano, 2012, recebeu a pontuação máxima, que são cinco estrelas. Também em 2012, outros quatro cursos da EACH foram avaliados com cinco estrelas (Ciências da Atividade Física, Gerontologia, Gestão Ambiental, e Obstetrícia), e três outros cursos com quatro estrelas (Gestão de Políticas Públicas, Lazer e Turismo, e Têxtil e Moda).

Existem, hoje, evidências de que o curso de BSI está em constante evolução. Recentemente, houve a contratação de novos professores, aumento no número e na qualidade dos eventos voltados ao curso de BSI, tais como três edições da Semana de SI, CBSoft 2011 e SBSI 2012 [9], mais oportunidades de iniciação científica – devido, não somente mas também, à obtenção de equipamentos novos por parte dos grupos de pesquisa já existentes na escola, incentivo à internacionalização, maior reconhecimento e visibilidade do curso, entre outros.

Enfim, tanto a USP Leste quanto o curso de BSI têm sido renovados e aprimorados, e os maiores beneficiados e responsáveis por esta situação são os docentes, funcionários e alunos da EACH, que, em tão pouco tempo de existência, tem conquistado mais espaço e visibilidade perante a Universidade de São Paulo como um todo.

 

[1] Publicação da Editora Abril voltada aos vestibulandos, na qual são apresentadas avaliações dos cursos de graduação oferecidos em todo o país.

[2] Disponível em: http://aprendiz.uol.com.br/content/hewruchish.mmp.

[3] GOMES, C. B. USP Leste – A expansão da Universidade: do Oeste para Leste. São Paulo: Edusp/Fapesp, 2005.

[4] Fonte: http://each.uspnet.usp.br/site/apoio-docente.php?item=ciclo-basico.

[5] Disponível em: https://www.each.usp.br/petsi/jornal/?p=54.

[6] Disponível em: http://each.uspnet.usp.br/imprensa/relatoriogestao.pdf.

[7] Link para o site: http://each.uspnet.usp.br/site/diretoriaespacofisico.php.

[8] Após a reunião de planejamento de curso, decidiu-se realizar um mapeamento dos computadores, para verificar quais estão com problemas e o que poderia ser feito para solucioná-los, e o PET-SI teve a oportunidade de ajudar nesse procedimento.

[9] Exemplos: II Congresso Brasileiro de Software: Teoria e Prática (2011) [http://www.each.usp.br/cbsoft2011/], VIII Simpósio Brasileiro de Sistemas de Informação (2012) [http://www.each.usp.br/sbsi2012/] e 3ª. Semana de Sistemas de Informação (2012) [http://www.each.usp.br/semanasi/2012/].