Entrevista com a Professora Patrícia

Entrevista com a Professora Patrícia

No dia 20 de fevereiro de 2014, o PET-SI realizou uma entrevista com a Profa. Dra. Patrícia Rufino Oliveira no Shopping Anália Franco. O tema foi a Coordenação do curso de Bacharelado em Sistemas de Informação, com foco nas principais funções desempenhadas pelo coordenador, os desafios de ocupar essa posição e um feedback da professora sobre seus anos de coordenação. Você confere logo abaixo como foi essa entrevista:

PET-SI: Como se dá a escolha do coordenador do curso?

Profa. Patrícia: Quem escolhe é a CoC (Comissão de Coordenação de Curso). Cada membro titular é elegível e pode se candidatar. Quem vota na eleição são os membros da CoC. O que temos feito no curso de SI, embora não seja obrigatório, é a realização de uma consulta com todos os professores do curso. Os professores podem se manifestar nesta consulta (votando em um dos candidatos) e a eleição realizada na CoC acaba por consistir simplesmente na homologação do resultado da consulta.

PET-SI: Quais são os membros atuais da CoC?

Profa. Patrícia: Os membros atuais da CoC são (fevereiro de 2014): professor Luciano Digiampietri, professor Marcelo Lauretto, professor Fabio Nakano, professor Fernando Ferreira, professora Claudia Inês Garcia e a discente Camila Izídio.

PET-SI: Como é feita a escolha do suplente de coordenador?

Profa. Patrícia: O suplente de coordenador também é eleito da mesma forma que o coordenador. Em geral, candidatos a coordenador e suplente costumam formar uma chapa para concorrer à eleição. PET-SI: Quanto tempo durou o seu trabalho na coordenação do curso de SI? Profa. Patrícia: Quando o prof. Xavier foi coordenador, eu fui sua suplente. Assim, meu trabalho junto à coordenação do curso durou cinco anos, dois anos como suplente e três anos como coordenadora.

PET-SI: Quais são as principais atividades que um coordenador de curso na EACH/USP desempenha?

Profa. Patrícia: A EACH é peculiar, porque é uma unidade da USP que não possui departamentos. Por conta desta estrutura administrativa, o coordenador desempenha também algumas tarefas comumente atribuídas ao chefe de departamento. Das tarefas de coordenação propriamente dita, temos: atribuição
didática; reforma de grade curricular; atendimento aos alunos para resolução de problemas como reativação de matrícula; liberações de recursos como o recurso PRO-EVE. Muitas das atividades são feitas com a CoC, ou seja, o coordenador não faz tudo sozinho. A principal atividade do coordenador é presidir a CoC e pautar os assuntos relevantes para as reuniões. Além disso, o coordenador participa das reuniões da CG (Comissão de Graduação), que é o momento em que todos os coordenadores da unidade se reúnem para discutir assuntos gerais, relacionados aos cursos de graduação. Muitas decisões realizadas no âmbito da CoC são depois encaminhadas para deliberações na CG.

PET-SI: É possível redistribuir as tarefas do coordenador?

Profa. Patrícia: Em geral, não é possível redistribuir as tarefas específicas do coordenador, mas algumas tarefas relacionadas à coordenação de curso são, na realidade, deliberadas na CoC, e não apenas resolvidas pelo coordenador. Por exemplo: foi decidido na CoC de SI que no nosso curso não haveria quebra de pré-requisitos para disciplinas. Assim, se o aluno faz um pedido de quebra de pré-requisito, o coordenador mesmo faz o indeferimento (com base no que foi deliberado pela CoC). Quando o pedido é mais complexo, como equivalência de disciplinas cursadas no exterior, o assunto é discutido na CoC. Em algumas atividades mais pesadas, a coordenação conta com a ajuda dos professores da CoC e do curso. Para atividades muito específicas também. (Mas a execução final da decisão é do coordenador).

PET-SI: Qual foi a sua motivação para assumir a coordenação do curso?

Profa. Patrícia: Eu achava que havia muitos aspectos do curso que poderiam ser melhorados, como, por exemplo, a grade curricular, e eu queria dar a minha contribuição. Em 2006, eu assumi a função de supervisora de estágios, posição que mantive por 3 anos com a professora Sarajane como suplente, e com isso fui me envolvendo nos assuntos da graduação. Daí para frente, o caminho foi natural. Já então como suplente de coordenação, eu acompanhei ainda mais a graduação e a vontade de ser coordenadora foi crescendo.

PET-SI: Sob o seu ponto de vista, houve vantagens profissionais até se tornar coordenadora?

Profa. Patrícia: Sim. Por exemplo, quando o currículo do docente é avaliado para fins de progressão na carreira (na USP começamos com doutores e temos a possibilidade de terminar como titulares), examina-se, dentre as realizações do professor, as atividades administrativas já exercidas.

PET-SI: Você tem algum plano agora que saiu da coordenação?

Profa. Patrícia: Por enquanto, agora que saí da coordenação, tenho o plano de fazer pós-doutorado e pretendo permanecer focada em meus trabalhos de pesquisa, docência e orientações. Quero fortalecer o meu currículo neste sentido.

PET-SI: Quais foram as maiores dificuldades como coordenadora do curso?

Profa. Patrícia: Uma grande dificuldade encontrada na coordenação do curso de SI, que é na realidade inerente à complexidade do próprio curso, é lidar com o grande número de alunos. Eram 809 alunos no ano passado (2013). O volume de alunos do curso já configura o volume de trabalho do coordenador.

PET-SI: A conciliação das obrigações como professora e também como coordenadora pode ser considerada uma dificuldade do seu período de coordenação?

Profa. Patrícia: É uma consequência do trabalho todo. No final das contas, e esse é um ponto importante, o coordenador faz tudo que um professor faz. A carga didática docente é a mesma e a cobrança também. Realmente isso é uma dificuldade.

PET-SI: O que você considera ter sido seu maior feito como coordenadora do Curso de SI?

Profa. Patrícia: Foi o envolvimento com a reforma curricular. Foi algo que realmente envolveu muito trabalho, e um trabalho muito delicado. É bom lembrar que o curso de SI foi o pioneiro na elaboração de uma proposta formal que abordasse essa questão. Os alunos e representantes do nosso curso também foram muito importantes nesse processo.

PET-SI: Como a reforma curricular foi implantada nos demais cursos da EACH?

Profa. Patrícia: A reforma foi implantada na EACH de forma muito flexível. Cada curso decidiu realizá-la da maneira mais adequada para o seu contexto. Alguns verticalizaram o Ciclo Básico em dois anos de curso, outros em três anos, por exemplo.

PET-SI: O coordenador desempenha alguma função na criação de uma entidade estudantil?

Profa. Patrícia: O PET é um caso à parte e o projeto de sua criação precisou ser apreciado pela CoC, assim como hoje acontece com os relatórios e planejamentos regulares do grupo. O DASI é independente da coordenação de curso, embora haja sim um trabalho conjunto entre o diretório e a oordenação, como por exemplo, na recepção dos calouros. Da mesma forma acontece com a SI Junior e com a Atlética.

PET-SI: Se você pudesse começar do zero seu período na coordenação, você faria alguma coisadiferente? Se sim, o quê?

Profa. Patrícia: Acho que não. Não me vem nada à cabeça agora para dizer que faria diferente. Acho que, na verdade, nunca pensei nisso.

PET-SI: Quais planos/projetos você tinha para o curso, mas que você não teve tempo de realizar? Ou, o que ainda é preciso fazer no nosso curso?

Profa. Patrícia: Vocês é que têm que responder a essa pergunta. Eu acho que várias. Por exemplo, eu sou a favor da discussão sobre a adequação do número de vagas por turma do curso. Sei que é um assunto polêmico, mas é algo que precisa ser abordado com objetivo de melhorar a qualidade das aulas, do processo de aprendizado e do trabalho dos professores.

PET-SI: Existem dados de quantos alunos se formam no período ideal, em quatro anos?

Prof. Patrícia: Os dados de formatura são disponibilizados pela Seção de Graduação a cada semestre, mas durante a minha gestão, não foi feito um estudo mais detalhado sobre esses números. Acredito que essa também seja uma outra tarefa interessante para ser levada à frente pelas próximas coordenações.

PET-SI: Como você enxerga o curso de SI hoje em comparação ao que era quando no início?

Prof. Patrícia: O idealizador do nosso curso foi o Prof. Paulo César Masiero, que também foi o primeiro coordenador. A essência das ideias implementas por ele permanece até hoje e tem apresentado muito bons resultados. Por exemplo, não tenho notícias de ex-alunos que hoje não estejam empregados. Temos alunos ocupando posições de destaque no mercado de trabalho e também fazendo cursos de mestrado e doutorado em diferentes instituições. Além disso, muitos alunos estão indo participar de intercâmbio no exterior, em diferentes países, o que tem fortalecido o compartilhamento de informações e experiências diversificadas entre alunos e professores. Dessa forma, o curso tem conseguido se projetar e isso só tende a melhorar.

PET-SI: Como professora e coordenadora, há alguma pessoa que você admira e nela espelhou seu trabalho?

Profa. Patrícia: Com certeza, o grande inspirador nessas tarefas administrativas e até na forma como a gente conduz a coordenação, é o prof. Masiero. Ele deixou para o curso de SI um esquema de gestão bem organizado. Ao longo do tempo, nós fomos personalizando, mas ele é o grande inspirador.

PET-SI: Você tem algum conselho para o próximo coordenador do curso?

Profa. Patrícia: Aconselho muita calma, paciência e principalmente perseverança na condução de ideias e projetos que reflitam os anseios coletivos do curso.

PET-SI: Quais são os próximos passos para o curso de SI? O que ainda falta?

Profa. Patrícia: Acredito que precisamos ainda buscar uma identidade que nos coloque de forma diferente e inovadora perante os outros curso de SI no Brasil. O curso é relativamente novo, o quadro de docentes é jovem, e valeria a pena criar uma identidade diferenciada que se reflita em termos de grade curricular, de integração com a pós-graduação e de metodologia de ensino. Acho que agora nós precisamos arriscar.

PET-SI: E para os alunos, tem algo que você gostaria de dizer?

Profa. Patrícia: Aconselho que vocês estudem bastante e aproveitem as oportunidades. É uma das épocas mais importantes da vida e deve ser vista como uma fase de investimento. Aproveitem o que a Universidade pode lhes oferecer: iniciação científica, intercâmbio, participação em atividades extracurriculares. Procurem professores para conversar, tirar dúvidas, e vivam intensamente o ambiente acadêmico. Nós, professores, gostamos tanto de tudo isso quando alunos que acabamos ficando.

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