O mercado de jogos eletrônicos independentes

O mercado de jogos eletrônicos independentes

O mercado de jogos eletrônicos tem passado por grandes mudanças nos últimos anos com a ascenção de uma nova categoria de produtos: os jogos independentes, ou indie games. Mas o que são exatamente jogos independentes? E como eles têm transformado essa industria? E talvez mais importante: Sendo a industria de games independentes uma área tão atrativa para amantes de tecnologia, o que é necessário ingressar nela?

Guilherme Oliveira Goularte e João Francisco Cocca Fukuda

INTRODUÇÃO

O cenário independente (indie) na indústria de jogos eletrônicos vem crescendo ano após ano com jogos cada vez mais bem-sucedidos e uma quantidade crescente de fãs do “gênero”, que são atraídos pela criatividade e inovação dos produtos oferecidos.

Os jogos indie são categorizados por serem feitos por um grupo pequeno de pessoas sem o patrocínio de grandes empresas e por terem que se limitar a um orçamento pequeno, forçando esse grupo de desenvolvedores a procurar por soluções mais baratas e criativas na hora de desenvolver seus jogos. Normalmente utilizam ferramentas gratuitas para fazerem seus jogos e seus desenvolvedores desempenham múltiplos papéis durante a criação, desde programação e arte até divulgação e marketing.

A HISTÓRIA

O desenvolvimento e distribuição de jogos indie começaram com o PC, por sua facilidade e acessibilidade a desenvolvedores. Esse desenvolvimento teve um aumento em resposta à popularização de shareware (modelo de propriedade de software, que não tem seu uso cobrado do usuário) no início da década de 1990. Após esse período, houve uma estagnação devido ao rápido avanço da tecnologia e a qualidade que era exigida dos jogos na época (que não poderiam ser cumpridas por uma pessoa só). A partir de 2010, esses jogos voltaram a se popularizar. Parte dessa popularização se deu pelas equipes de desenvolvimento terem conseguido aumentar seu número de integrantes, possibilidade essa aberta graças ao progresso da internet.

O MERCADO E SEUS RISCOS

Antigamente havia poucos jogos independentes no mercado. Hoje já existe diversos jogos, alguns dos quais competem com grandes empresas, já que várias das barreiras que impediam a entrada desses desenvolvedores no mercado já quase não existem, pois, devido à evolução da era digital, a distribuição e publicação de jogos nunca foi tão acessível.

Os pontos positivos dessa popularização de jogos indie foi que ela revitalizou a indústria de jogos trazendo várias inovações em jogabilidade, arte e conceitos que as grandes distribuidoras não tinham pensado ou não poderiam arriscar em seus produtos. Em contrapartida, como os jogadores não estão acostumados a buscar por informações sobre os desenvolvedores, acaba por ocorrer uma grande generalização e a responsabilidade por uma falha ou um jogo mal sucedido cai sobre todo o mercado indie.

Essa revolução não apenas trouxe consigo novas inovações para o mercado, mas também um equilíbrio ao competir com grandes empresas, ao serem motivados por sua paixão de criar jogos e não pela pressão empresarial de criar e manter franquias que focam em garantir seu lucro. Esses pequenos desenvolvedores forçam as grandes empresas a se preocupar mais com seus jogadores.

Mas em um mercado onde grandes empresas dividem os holofotes com pequenos desenvolvedores, é preciso tomar certas precauções na hora de se aventurar nesse investimento de alto risco.

Vários dos desenvolvedores que atuam na área não ganham o suficiente para sobreviver e tem que, muitas vezes, desenvolverem seus jogos como um hobbie e não como profissão em tempo integral. Outra alternativa que esses desenvolvedores podem ter é tentar procurar por alguma colaboração ou retorno da comunidade com doações (opção muito comum em sites de divulgação e distribuição de jogos como o Game Jolt e Itch), crowd fundings (financiamento colaborativo feito pela comunidade, como a plataforma Kickstarter) ou comercializar seus jogos (também comum em sites de jogos indie).

Outras formas menos utilizadas ou que não afetam os modos listados acima seriam a comercialização de conteúdos adicionais como DLCs (DownLoadable Contents, ou pacotes que adicionam conteúdos extra ao jogo e são vendidos separadamente), a comercialização da arte do jogo (como trilha sonora, artes exclusivas e conceituais e comentários dos desenvolvedores) ou a utilização de microtransações dentro do jogo (“dinheiro” digital que você pode trocar por conteúdo dentro do jogo como itens e benefícios).

ENTRAR NO MERCADO

Antes de entrar no mercado de jogos indie, é importante ter clareza que esse não é um investimento com retorno garantido (tanto em tempo quanto em dinheiro) e aquele que entrar deve estar disposto a atuar em mais de uma área de conhecimento necessária para o seu projeto.

Algumas faculdades já estão se adaptando a essa demanda para cursos que ensinem as áreas necessárias para formar um profissional capaz de cuidar da criação, planejamento e desenvolvimento de jogos em várias plataformas como smartphones,computadores e consoles. Esses cursos de design de jogos são oferecidos de duas maneiras:
Bacharelado (curso de 4 anos), que se preocupa em ensinar a história dos jogos digitais, criação de roteiro, modelagem, programação e a utilização de ferramentas para a criação desses jogos;
Tecnólogo (2 anos), que ensina o aluno a desenvolver jogos para diferentes plataformas, além de ensinar a elaborar conteúdo, gênero, roteiro, cenário, personagens e estruturas de dados.
Uma das vantagens do curso de graduação é a experiência adquirida por vários projetos ao longo da graduação em relação ao curso de tecnólogo.

Outras formas de se destacar no mercado são: A busca por especialização em áreas e ferramentas mesmo sem a obrigatoriedade; atualizar currículos através de cursos online; saber trabalhar em equipe; e saber inglês.

REFERÊNCIAS

Rocha, Gessyca. Design de Games: criador de feira nacional de videogame dá dicas para trabalhar na área. Disponível em: Acesso em: 09 jan. 2019.

Rocha, Gessyca. Design de games: mercado exige profissional atualizado, bilíngue e interessado em produtoras independentes. Disponível em: Acessso em: 08 jan. 2019.

Rocha, Gessyca. Design de games: conheça perfil dos cursos, o que faz e remuneração. Disponível em: Acesso em: 07 jan. 2019.

Jaffa, Veve. The Myth of The Indie Game Success Story Needs to Stop and Here’s Why. Disponível em: Acesso em: 07 jan. 2019.

Graft, Kris. Q&A: The state of the indie game industry from the view of an indie publisher. Disponível em: Acesso em: 09 jan. 2019.

Geek Tyrannt. The Impact Of Indie Games In The Industry. Disponível em: . Acesso em: 10 jan. 2019.

Imagem de capa por:
unsplash-logoAleks Dorohovich