Um açúcar pode ajudar no tratamento do diabetes?

A nanotecnologia oferece perspectivas para uma vida melhor para os pacientes que sofrem com a doença.

(Figura de Getty Images).

O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune crônica caracterizada pela destruição das células beta pancreáticas produtoras de um importante hormônio: a insulina. Estima-se que cerca de 200.000 pessoas convivam com esta doença no Brasil. Seu cuidado contínuo é essencial para prevenir complicações a longo prazo, como danos nos olhos, nos rins e nos nervos e, para isso, seu tratamento médico inclui principalmente o monitoramento regular da glicemia e o uso de insulina exógena.

Para lidar com esse inconveniente, a nanotecnologia contribui no desenvolvimento de um método inovador para o tratamento dessa doença. A partir dele, os pacientes ficariam isentos de perfurações constantes para medir o nível de glicose ou para a injeção do hormônio. Graças a um projeto liderado pela Universidade Monash, nano açúcares foram desenvolvidos com grupos capazes de identificar quimicamente a glicose sanguínea e também de se ligarem à insulina, formando complexos em escala nano. Em outras palavras: sim, um açúcar está sendo pesquisado para o tratamento do diabetes.

Esse sistema significaria menos injeções e, potencialmente, nenhuma necessidade de medir glicose

Dr. Rong Xu

A forma atualmente utilizada para o diabetes tipo 1 requer que as pessoas monitorem sua glicemia ao longo do dia e injetem múltiplas doses de insulina com base em suas condições de alimentação, exercícios físicos e demais comorbidades pré-existentes. Já as tecnologias um pouco mais avançadas, como dispositivos de monitoramento contínuo de glicose – que acabam com, ou pelo menos reduzem, a necessidade de furar o dedo – e as bombas de insulina – que podem fornecer insulina automaticamente – continuam sendo muito caros e não conseguem sempre calcular precisamente a quantidade do hormônio a ser administrada.

Por esses empecilhos, a equipe desenvolveu um novo “sistema artificial de pâncreas” usando nanopartículas de fito-glicogênio para fornecer e liberar insulina em resposta aos níveis de glicose no sangue. Esses nano açúcares carregam consigo grupos de ácido fenilborônico (AFB) e grupos amino que desencadeiam a liberação de insulina. Essa plataforma de nanopartículas projetada permitiu uma entrega rápida e sustentada de insulina sensível à glicose, que foi mais duradoura e inteligente do que outros sistemas. O Dr. Xu, um dos co-autores da pesquisa, explica que apenas uma injeção a cada 12 horas seria necessária e que, além disso, o sistema é autorregulável. 

O estudo tem implicações promissoras para o desenvolvimento de novos tratamentos para diabetes que podem proporcionar uma administração mais eficaz de insulina. O método ainda não passou por testes clínicos, mas caso funcione em humanos, apenas duas injeções seriam necessárias por dia, tornando a vida dos diabéticos um pouco menos complicada.

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Fonte: XU, R. et al. An Engineered Nanosugar Enables Rapid and Sustained Glucose-Responsive Insulin Delivery in Diabetic Mice. Advanced Materials, online, vol. 2210392, Mar. 2023. https://doi.org/10.1002/adma.202210392

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