Avanços nanotecnológicos na eficiência da liberação de melatonina para tratamentos de câncer

Molécula de melatonina

Recentemente legalizada como suplemento alimentar no Brasil, pela Anvisa, a melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, responsável pela regulação de uma série de funções biológicas associadas ao ciclo do sono em humanos. Esse hormônio pode ser encontrado em mamíferos e plantas, podendo ser também produzido de forma sintética. Adicionalmente, por sua grande gama de funções biológicas, a melatonina é considerada um agente terapêutico de alta eficácia no tratamento de diversas enfermidades, como câncer, transtornos degenerativos e doenças autoimunes. 

Apesar disso, essa molécula possui uma meia-vida muito curta, apresenta fácil eliminação pela corrente sanguínea e, por causa de suas propriedades moleculares, tem uma absorção limitada por mucosas e superfícies dermais. Ainda mais, por afetar os receptores das membranas celulares e nucleares, também sendo um antioxidante, alguns efeitos adversos podem ser observados após sua administração. Visando, então, aplicá-la de forma mais abrangente para além da terapêutica do sono, o uso de partículas nanométricas para sua liberação pode ser a solução no sentido de garantir um tratamento mais direcionado e com menos efeitos adversos. 

Esses sistemas de liberação de drogas/fármacos (DDSs, em inglês) conseguem melhorar a administração e eficácia dos compostos farmacêuticos, também podendo prevenir a degradação da droga por fatores externos e reduzir a taxa de depuração plasmática. Essas características são especialmente positivas para tratamentos anti cânceres que, por vezes, são rejeitados nos testes pré-clínicos por limitações no transporte e liberação das drogas dentro do interstício do tumor.

Vale destacar que há tecnologias que vêm sendo desenvolvidas para a administração de melatonina visando outras funções. Primeiramente temos as nanopartículas de selênio que, por si só, já apresentaram efeitos anti câncer na forma de monoterapia assim como em terapia combinada; são usadas como carreadores e liberadores de drogas em células de linhagem cancerígena. Especificamente combinadas com melatonina, essas nanopartículas tiveram grande êxito em diminuir significativamente danos causados por reações imunológicas ligadas à BCG (Bacilo de Calmette e Guérin). 

Outro tipo de nanopartícula explorada, para funções de liberação de drogas em humanos, foi a com base de quitosana, que já tem múltiplos usos em engenharia de tecidos, transferência gênica e exames de imagem para câncer. Essa nanopartícula é muito interessante para rotas de liberação de compostos de forma transdermal ou transmucosal. Em um estudo realizado por Shokradeh & Ghassemi-Barghi (2018), a nanopartícula de quitosana foi usada para liberar melatonina em células cancerígenas HepG2 (hepatocarcinoma humano), onde foi observado uma diminuição nos danos gerados ao DNA e estresse oxidativo. 

Por fim, de acordo com o artigo base deste trabalho, ainda é possível encontrar nanopartículas de lipídio sólido (SLNs) e carreadores de nanoestrutura lipídica, lipossomos, PLGA (poli(ácido lático-co-ácido glicólico) ), nanopartículas de PLA (ácido poliláctico) e PEG (polietilenoglicol) como novas tecnologias de facilitação e melhora do transporte e liberação de substâncias medicamentosas em humanos. Todas essas sendo utilizadas como possíveis estratégias de liberação de medicamentos e  possibilitando a estabilização e consequente diversificação nas aplicações da melatonina. 

Fontes: 

MIRZA-AGHAZADEH-ATTARI, Mohammad et al. Nanotechnology-based advances in the efficient delivery of melatonin. Cancer Cell International, v. 22, n. 1, p. 1-11, 2022.

SHOKRZADEH, Mohammad; GHASSEMI-BARGHI, Nasrin. Melatonin loading chitosan-tripolyphosphate nanoparticles: Application in attenuating etoposide-induced genotoxicity in HepG2 cells. Pharmacology, v. 102, n. 1-2, p. 74-80, 2018.

https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2021/anvisa-autoriza-a-melatonina-na-forma-de-suplemento-alimentar

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