Material baseado em nanosilicato melhora até 84% a recuperação de fraturas ósseas

A partir de modelos animais, cientistas dinamarqueses testaram um material nanotecnológico que promete cicatrizar seus ossos com maior rapidez.

(Figura de Getty Images).

As fraturas ósseas representam um grande desafio no campo do tratamento médico, já que comumente exigem longos períodos de recuperação e imobilização, alterando drasticamente a rotina dos pacientes. Para auxiliar nesse problema, uma equipe de pesquisadores da Universidade Técnica da Dinamarca desenvolveu uma estrutura que imita as propriedades do osso natural em vários níveis, por meio da qual o grupo obteve progressos notáveis na área da regeneração tecidual.

Em uma publicação do último mês de maio, no periódico ACS Applied Materials and Interfaces, os pesquisadores apresentaram sua criação inovadora, que foi projetada para liberar minerais essenciais para os ossos, além de se adequar à resistência necessária para sustentar o corpo humano. Com ela, eles conseguiram melhorar o reparo ósseo em 84% um modelo animal de camundongo em cerca de 8 semanas, e sem a utilização de fatores de crescimento. 

Tais fatores de crescimento são elementos essenciais para a regeneração dos tecidos humanos. Contudo, a dependência desses fatores se torna uma limitação para diversos estudos, considerando que seu custo é elevado e que sua estabilidade é de difícil obtenção. Por isso, o alcance de uma cicatrização óssea quase perfeita sem o uso de fatores de crescimento representa um grandíssimo avanço.

Na descoberta da vez, a nanotecnologia entra em ação por meio do “nanosilicato”, termo que significa “partículas de sílica em escala nanométrica”. Essas pequenas partículas possuem propriedades diferenciais que contribuem para o crescimento ósseo e também para a aceleração da cicatrização. Logo, ao incorporá-las na nova estrutura, os pesquisadores abriram caminho para uma regeneração mais acelerada de ossos fraturados.

A composição da estrutura é formada principalmente por materiais aprovados pela agência reguladora de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos (FDA), como vidro e o já citado nanosilicato. Tal fator acelera o processo de aprovação regulatória, facilitando o uso dessas estruturas de recuperação óssea em hospitais e clínicas com menor burocracia. Dessa maneira, a tecnologia pode chegar mais rápido para aqueles que precisam, auxiliando principalmente na aceleração do processo de cicatrização para pessoas com fraturas graves. 

O desenvolvimento dos implantes de nanosilicato tem o potencial de transformar o cenário do tratamento, oferecendo uma solução tecnológica para o aprimoramento do tratamento médico e mostrando novamente o que a nanotecnologia tem a oferecer para a sociedade. Os cientistas autores da publicação acreditam que essa tecnologia pode fazer uma enorme diferença na vida daqueles que precisam, como é o caso de pacientes com lesões traumáticas que frequentemente enfrentam longos períodos de internações hospitalares e de recuperação.

Conforme a pesquisa continua avançando, os cientistas procuram adicionar mais moléculas bioativas, como o colágeno, para auxiliar no processo de recuperação e remodelação tecidual. Assim,  o futuro da cicatrização rápida e melhores resultados para os pacientes parecem promissores, com possibilidades do tempo de recuperação diminuir ainda mais. Essa tecnologia pioneira tem o potencial de revolucionar a ortopedia, proporcionando um alívio tão essencial para as pessoas em processo de reabilitação. 

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Fonte: KESHAVARZ, M. et al. Multi-leveled Nanosilicate Implants Can Facilitate Near-Perfect Bone Healing. ACS Applied Materials & Interfaces, v. 15, n. 17, p. 21476–21495, 3 maio 2023.

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