Alecrim, alecrim dourado, que gera nanopartículas sem ser geneticamente modificado…

Erva aromática produz naturalmente nanopartículas de óxido de cobre com elevado potencial antibacteriano e fotocatalítico

(Figura de Getty Images).

O alecrim, além de um grande aliado na cozinha, é uma grande fonte de inovações quando se trata da nanotecnologia. Dessa vez não se trata de uma mina de ouro e sim de uma mina de cobre, já que a partir do extrato de Rosmarinus officinalis, cientistas conseguiram sintetizar nanopartículas aminadas de óxido de cobre (CuO), de acordo com o artigo publicado na revista científica Scientific Reports no último dia 12 de setembro. A técnica representa grandes esperanças para os defensores da sustentabilidade e um enorme potencial para a área de produtos naturais, já que parte de uma planta para a obtenção de um produto de grande interesse.

A nanopartícula tradicional de CuO, assim como grande parte dos nanomateriais com base em metais, é de grande importância para diversas ciências, devido às suas propriedades bioquímicas e físicas. Seu emprego varia desde a síntese orgânica, passando pelo tratamento de corpos d’água contaminados por bactérias e até a engenharia de tecidos. Entretanto, sua produção pelo método tradicional implica em uma elevada produção de resíduos, além de alta toxicidade da partícula devido aos reagentes empregados. Por isso, um método alternativo é de interesse e, nesse momento, a síntese verde entra em cena. Trata-se de um método eco-friendly que se baseia em material vegetal e renovável para a obtenção de produtos de interesse, sendo o protagonista da vez o alecrim. Desse modo, a produção de lixo industrial/químico é reduzida.

Contando com a colaboração de cientistas de 5 países, um grupo de pesquisa descobriu que, ao combinar o extrato aquoso de alecrim com solução de sulfato cúprico, a reação resultava em nanopartículas menores e mais eficientes. Isso porque os fitocomponentes presentes na erva, como cetonas e aldeídos, se aglomeram em torno da partícula, exercendo influência direta sobre seu tamanho e forma. No fim do processo, as estruturas recebem um grupo amino, na intenção de reduzir sua toxicidade em material vivo, passando pelo cloro primeiro, que é facilitador dessa ligação.


Ilustração da síntese de nanopartículas de CuO-NH2 a partir do extrato de alecrim. (Figura adaptada de BAGHERZADEH et al).

Finalmente prontas, as partículas passaram por testes para a aferição de seus potenciais, em contraste com aquelas produzidas a partir da síntese tradicional. Por meio da análise de degradação do azul de metileno, concluiu-se que as nanopartículas examinadas possuem maior atividade fotocatalítica. Também o maior potencial antibacteriano foi comprovado por meio de testes contra Bacillus cereus e Pseudomonas aeruginosa, representantes de bactérias gram-positivas e gram-negativas, respectivamente. Por fim, a redução do efeito tóxico das partículas foi comprovado pelos testes na linha celular HEK-293. Assim, no total, três melhorias são identificadas pelo estudo.

Em sua versão biossintética, a nanopartícula constitui um eficiente e barato antimicrobiano para a remoção de patógenos de corpos d’água e para o tratamento de infecções bacterianas. Além disso, pesquisas também apontam para sua efetividade no combate a certos tipos de câncer. O material é estudado por diversos centros de pesquisa e inovação no momento e, assim, muito ainda será dito sobre ele, assim como seu precursor, o alecrim.

Para mais informações, acesse aqui o artigo original.

Fonte: BAGHERZADEH, M. et al. Bioengineering of CuO porous (nano)particles: role of surface amination in biological, antibacterial, and photocatalytic activity. Scientific Reports, vol. 12, n. 15351. Set 2022.

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