1

3

  • Editorial

    Editorial

    por 
    os editores
    resumo 
    A Revista Estudos Culturais chega agora ao seu número três, no mesmo momento em que o Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais da EACH-USP completa seu sexto ano de atuação. O amadurecimento de nossas empreitada é marcado pela amplitude dos temas desta edição da Revista. O campo dos estudos culturais, sempre liberto das amarras disciplinares tradicionais, aparece aqui em várias de suas múltiplas chaves.
  • Sobre os autores

    Sobre os autores

    resumo 
    Eduardo Wanderley Martins, Carlos Velázquez, Damián Cabrera, Madalena Pedroso Aulicino, Daniela Signorini Marcilio, Agnès García Ventura, André Vitor Brandão Kfuri Borba e Mariana Moreira.
  • Mídia: o Novo Totem Dessacralizado

    Mídia: o Novo Totem Dessacralizado

    por 
    Eduardo Wanderley Martins e Carlos Velázquez
    resumo 
    O presente texto tem como objetivo refletir sobre a função de mediação da Mídia para o Sagrado, partindo da concepção de Mídia como novo totem nas sociedades contemporâneas. Sob a metodologia indutivo-analítica de base bibliográfica e documental, explora-se a hipótese de que a mídia, como novo totem nas sociedades midiáticas , cumpre a função organizadora, mas não a função mediadora. A mídia não liga as aspirações e necessidades humanas ao Transcendente, encerrando em si mesma a satisfação dessas aspirações através do fornecimento de bens simbólicos, mas que não têm contato com suas fontes originárias – não há relação com o Sagrado. Dessa forma, a mídia se apresenta nas sociedades midiáticas como um totem dessacralizado - oferece bens de grandes valores universais, mas desprovidos de lastro divino.
    palavras-chave 
  • Literatura paraguay/guaraní - transversalidades

    Literatura paraguay/guaraní - transversalidades

    por 
    Damián Cabrera
    resumo 
    Passando por trabalhos compilatórios dos escritores paraguaios Augusto Roa Bastos e Rubén Bareiro Saguier, e a partir de discursos literários e não literários, analisa-se a ambiguidade fundada na palavra guarani; que designa, indistintamente, uma língua, uma cultura, uma etnia; e que, por metonímia, constitui-se em apelido-gentílico dos paraguaios. Relações entre literatura paraguaia e literatura Guarani são exploradas, desde a perspectiva dos autores citados; tanto conhecedores e divulgadores da mesma, como dois dos poucos paraguaios capazes de ultrapassar um cerco de isolamento cultural graças, em parte, ao exílio político; sob a luz de uma tradição crítica latino-americana hispanizante que, enquanto invisibiliza a literatura paraguaia, contribui com uma mistificação dela, fundada em sua peculiaridade linguística, seja ela real ou inventada.
    palavras-chave 
  • O brincar e o saber de experiência: uma forma de resistir

    O brincar e o saber de experiência: uma forma de resistir

    por 
    Madalena Pedroso Aulicino e Daniela Marcílio
    resumo 
    O brincar é uma atividade livre e séria, possui finalidade autônoma e é um intervalo da vida cotidiana (HUIZINGA, 2005; CAILLOIS, 1990). A criança se desenvolve, adquire experiência, constrói e transmite sua cultura lúdica brincando (WINNICOTT, 1979; BROUGÈRE, 2008). Mas, que brincar é esse promovido e recomendado na atualidade? O objetivo desse artigo é refletir sobre a redução do tempo da infância em prol de uma ideologia da produção e do consumo, que valoriza a informação, o conhecimento e o aprendizado técnico e científico, e reduz o “saber de experiência” (BONDÍA, 2002). Nesse contexto, a retomada do brincar como atividade livre e uma experiência de vida seria uma possibilidade de resistência aos valores vigentes. Constatou-se que os Estudos Culturais como estratégia crítica e política podem contribuir para repensar o brincar hoje.
    palavras-chave 
  • Investigación feminista, historia de las mujeres y mujeres en la historia en los estudios sobre Próximo Oriente Antiguo

    Investigación feminista, historia de las mujeres y mujeres en la historia en los estudios sobre Próximo Oriente Antiguo

    por 
    Agnès García Ventura
    resumo 
    Suele decirse que el estudio del pasado siempre tiene relación con el presente y con el futuro, bien porque presente y futuro se construyen a su imagen y semejanza, bien porque no podemos imaginar un pasado sin los referentes de nuestro presente. Por este motivo, ocuparse de la historia de las mujeres en la Antigüedad y de cómo incluir a las mujeres en la historia, nos permite reflexionar acerca de la situación de las mujeres en el mundo presente en el que vivimos y en el mundo futuro en el que querríamos vivir. En este artículo propongo aproximarnos a este tema con las herramientas críticas de la investigación feminista, ilustrando la propuesta con algunos ejemplos acerca de cómo algunos sesgos pueden afectar al modo en que se aborda el estudio de las vidas de las mujeres en el Próximo Oriente Antiguo.
  • A higienização do século XIX e o "contra corrupção" do século XXI: Similaridades no discurso das elites no Brasil

    A higienização do século XIX e o "contra corrupção" do século XXI: Similaridades no discurso das elites no Brasil

    por 
    André Vitor
    resumo 
    Cada momento histórico é único, mas carrega em si tensões permanentes, num paradoxo entre o novo e o velho, valendo-se de novas experiências sem, entretanto, negar toda a bagagem cultural adquirida. Assim, este trabalho busca relacionar dois momentos distintos da história do Brasil, mas com características em comum: a higienização do início da República e o momento recente, em que estava em jogo o mandato da presidente Dilma Rousseff. Por ser o Brasil um país com pouca mobilidade social e sem alterações substanciais no seu controle político, veremos como os interesses das camadas superiores da sociedade se reproduzem e se perpetuam, no intuito de fazer a população aderir a essa ideologia em favor de seus interesses privados.
    palavras-chave 
  • Resenha do livro Memória Coletiva e Identidade Nacional, Miryam Santos

    Resenha do livro Memória Coletiva e Identidade Nacional, Miryam Santos

    por 
    Mariana Moreira
    resumo 
    A presente resenha aborda o livro “Memória Coletiva e Identidade Nacional”, de autoria de Myrian Sepúlveda dos Santos. Importante pesquisadora de temas como memória, identidade, práticas políticas, culturais e relações raciais, obteve seu título de doutora em Sociologia pela New School for Reserch de Nova Iorque e desenvolveu pesquisas em pós-doutorado no Centro de Estudos Latino-Americanos da University of Cambridge; no Centro de Pesquisa sobre Relações Sociais da Université de Paris V e no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Atualmente é professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e coordena o Grupo de Pesquisa Cultura e Poder, registrado no CNPQ Arte, e o museu Afrodigital. Suas análises abordam teorias de nomes de grande relevância para os Estudos Culturais como Karl Marx, Walter Benjamin, Michel Foucault, Maurice Halbwach, Stuart Hall entre outros.
    palavras-chave 

2

  • Temporalidades

    Temporalidades

    por 
    Luiz Menna-Barreto e Mario Pedrazzoli
    resumo 
    Esta edição da Revista Estudos Culturais foi dedicada a estudos sobre o tempo, tema recorrente em diversas áreas do conhecimento e que vem adquirindo relevância crescente num mundo globalizado no qual as pessoas acabam se expondo a desafios inéditos até meados do século XX. Atravessamos fusos horários, acompanhamos bolsas de valores em Tóquio e Nova York e assistimos a jogos que ocorrem do lado oposto do planeta, numa sucessão de eventos que acontecem em tempos próprios e que nem sempre coincidem com os tempos de cada indivíduo. Surge nesse contexto certa tensão entre nossas percepções da passagem do tempo, aquela interna que dialoga com nosso sono ou fome e a outra externa, imposta pelos vários relógios aos quais tentamos obedecer. Dessa tensão emergem reflexões que trazemos aos leitores, reflexões inspiradas em diferentes olhares que vão desde aspectos filosóficos e sociológicos a aspectos biológicos.
  • Sobre os autores

    Sobre os autores

    resumo 
    Luiz Menna-Barreto, Mario Pedrazzoli, Robert Levine, Muara Kizzi Figueiredo, Rafael H. Silveira, Rafael Chequer Bauer, Alexandre Panosso Neto e Luiz Gonzaga Godoi Trigo escrevem no número dois da Revista de Estudos Culturais.
  • Ordem e progresso, aceleração e alienação

    Ordem e progresso, aceleração e alienação

    por 
    Rafael H. Silveira
    resumo 
    Como diversos exemplos dados em Aceleração e alienação [1] [1] ROSA, Hartmut. Beschleunigung und Entfremdung: Entwurf einer kritischen Theorie spätmoderner Zeitlichkeit. Traduzido do inglês para o alemão por Robin Celikates. Berlim: Suhrkamp Verlag, 2013. confirmam, a condição de especialista no campo da aceleração social muitas vezes não exime o próprio autor da ação dos fenômenos por ele analisados – sobretudo por se tratar de uma das personalidades acadêmicas mais conhecidas, citadas e requisitadas na imprensa alemã atualmente. Como minha resenha da análise de Hartmut Rosa mostra, a obra está longe de ser die Entdeckung der Langsamkeit ou um éloge de la lenteur, como interpretado por alguns. No diálogo, conduzido em 23/10/2014 na cidade de Jena, Alemanha, originalmente em alemão, transcrito, editado e traduzido para o português por Rafael H. Silveira, são abordados pontos que complementam o entendimento da Teoria da Aceleração através de uma perspectiva voltada para a realidade brasileira.
  • Tempo e bem estar

    Tempo e bem estar

    por 
    Robert Levine
    resumo 
    Neste artigo examino o impacto da experiência temporal – o emprego do tempo, concepções do tempo e normas temporais - sobre a felicidade e o bem estar; sugiro políticas públicas voltadas à ampliação dessa experiência. Inicio com uma revisão da literatura relativa às interrelações entre o tempo, dinheiro e felicidade. Em segundo lugar, reviso dados e questões em torno dos horários de trabalho e não trabalho ao redor do mundo. Em terceiro lugar, descrevo numa perspectiva mais ampla as questões temporal que deveriam ser levadas em consideração nas decisões de políticas públicas, por exemplo, medidas de relógio versus eventos, enfoques monocrônicos versus policrônicos, definições de tempo perdido, ritmo de vida e orientação temporal. Concluo com sugestões para a elaboração de políticas do emprego do tempo voltadas para aumentar a felicidade individual e coletiva. Trata-se de um truísmo virtual o modo como empregamos nosso tempo se expressa no modo como vivemos nossas vidas. Nosso tempo é o bem mais valioso do qual dispomos. Boa parte desse tempo, no entanto, é controlado por outros, desde nossos empregadores até nossos familiares mais próximos. Também está claro que existem diferenças profundas – individuais, sócio econômicas, culturais e nacionais – no grau de controle que indivíduos exercem sobre seus próprios tempos (ver p. exemplo LEVINE, 1997; LEE, et al., 2007). Pode ser argumentado que políticas públicas são necessárias para proteger os “direitos temporais” dos indivíduos, particularmente aqueles mais vulneráveis à exploração. Este artigo foi motivado por um projeto de largo espectro do qual tive a oportunidade de participar. O projeto começou na primavera de 2012 na sequência de uma resolução da ONU, aprovada por unanimidade em sua Assembleia Geral, na qual “felicidade” foi incluída na agenda global. O Butão foi convidado a receber um grupo interdisciplinar de “experts” internacionais com a tarefa de elaborar recomendações para incentivar a busca da felicidade no planeta; mais especificamente desenvolver um “novo paradigma para o desenvolvimento mundial”. O Butão é um pequeno país pobre, cercado de montanhas na região do Himalaia, foi escolhido para essa tarefa em função do pioneirismo de seu projeto de “Felicidade Nacional Bruta” - FNB (Gross National Happiness - GNH). “Progresso” na definição dos autores desse projeto, “deveria ser visto não apenas através das lentes da economia como também a partir de perspectivas espirituais, sociais, culturais e ecológicas”. Felicidade e desenvolvimento, em outras palavras, dependem em mais fatores do que o crescimento e acumulação de capital. Inglaterra, Canadá e outros países e organizações de dimensões nacionais seguiram na mesma direção do Butão, estabelecendo medidas de FNB (LEVINE, 2013). Um dos domínios centrais do índice de FNB do Butão é “emprego do tempo” que correspondeu à minha participação no relatório do grupo de estudo. Este artigo está bastante apoiado naquele relatório e nas inferências que o projeto me proporcionou. Discuto quatro conjuntos de temas: I. As interrelações entre tome, dinheiro e felicidade. Máxima importância, qual a relevância do emprego do tempo com o bem estar e a felicidade? II. Emprego do tempo: questão dos horários e políticas de organização do trabalho. III. Outors fatores tempais que devem ser considerados ao formularo políticas de promoção de felicidade.. IV. Sugestões para elaboração de políticas: a chamada para uma “Lei de Direitos Temporais”.
  • A ilusão dos relógios: uma ameaça à saúde

    A ilusão dos relógios: uma ameaça à saúde

    por 
    Mario Pedrazzoli
    resumo 
    A mecanicidade ou digitalidade dos relógios representa a imutabilidade da duração de frações de tempo. A contagem das 24h de um dia teve como referência, a princípio, as pistas ambientais associadas às condições do dia e da noite que são diferentes em diferentes locais da terra e portanto mutáveis. A emergência de uma sub-área da Biologia, a Cronobiologia, em meados do século XX permitiu a interpretação de que a apreensão do tempo de um dia como regularidade mecânica aliena os seres humanos da percepção da temporalidade diária como integração entre temporalidade ambiental e temporalidade biológica. Pretendo demonstrar que esse equívoco perceptual da duração do tempo de um dia pode ter como consequência uma desorganização temporal fisiológica que é a origem ou está associada a origem de muitas doenças modernas.
  • Os horários fora de lugar – ritmos biológicos e literatura

    Os horários fora de lugar – ritmos biológicos e literatura

    por 
    Muara Kizzy Figueiredo
    resumo 
    Este trabalho analisa a relação existente entre personagens e ambiente e objetiva investigar como, supostamente, se deu a implantação no Brasil do século XIX dos ritmos sociais europeus, tendo em vista os ritmos biológicos da população brasileira (em termos coletivos) – adaptada ao ambiente tropical. Para tal estudo, foram analisados alguns textos literários do período (em especial a obra de Machado de Assis e Eça de Queirós) - visando identificar menções aos horários de sono, refeições, atividades sociais e aspectos do sono; bem como a leitura de autores contemporâneos que discutem a construção de identidades nacionais – em especial no Brasil – e ainda; autores que investigam a temática do tempo – seja em termos cronológicos, psicológicos e biológicos.
    palavras-chave 
  • Slow movement: reação ao descompasso entre ritmos sociais e biológicos

    Slow movement: reação ao descompasso entre ritmos sociais e biológicos

    por 
    Rafael Chequer Bauer, Alexandre Panosso Netto e Luiz Gonzaga Godoi Trigo
    resumo 
    Este artigo discute o descompasso entre os ritmos biológicos e os ritmos sociais emergentes a partir da Revolução Industrial. Para tal, são apresentados indícios de mudanças rítmicas nas últimas décadas, acarretando um processo contínuo e profundo de aceleração e mecanização sociocultural, predominante nas estruturas societárias capitalistas. Em seguida, discute-se a relação entre ritmos sociais e ritmos biológicos, com a contribuição conceitual advinda da Cronobiologia. Por fim, destaca-se o processo de surgimento e consolidação do Slow Movement nas últimas décadas, tornando-se mais um indício da desarticulação temporal vivenciada nos dias atuais.
  • Os tempos da vida

    Os tempos da vida

    por 
    Luiz Menna-Barreto
    resumo 
    O tema do tempo tem atraído bastante atenção no ambiente acadêmico contemporâneo. Apresentarei uma abordagem na qual são associados os conceitos de condicionamento reflexo clássico com a cronobiologia, área na qual a dimensão temporal da matéria viva é explorada. O conceito de antecipação é proposto como elo central dessa associação. Discuto a seguir os níveis de determinação que podem ser propostos a partir da observação de fenômenos temporais nos organismos. Concluo com as noções de desafios e armadilhas temporais que parecem caracterizar fortemente os dilemas humanos num mundo globalizado, conduzindo a diferentes processos de adaptação resultantes desses desafios e armadilhas.
  • Resenha do livro Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Harmut Rosa

    Resenha do livro Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Harmut Rosa

    por 
    Rafael H. Silveira
    resumo 
    Em Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Hartmut Rosa recapitula resumidamente e amplia sua Teoria da Aceleração Social. A ampliação da teoria se dá em primeiro lugar através da análise de elementos desaceleradores da tendência aceleratória e, em seguida, da análise das consequências da aceleração para a Teoria Crítica social atual, cujos questionamentos levantados e respostas dadas até o presente momento não apresentariam uma solução para a perda da credibilidade do projeto da Modernidade, uma vez que a aceleração social teria sucumbido e instrumentalizado a possibilidade de autonomia prometida. Partindo da busca de uma resposta à questão de o que seria uma vida plena, Rosa retraça, assim, o contexto do surgimento de diferentes categorias de alienação, retratando em sua teoria uma tendência social crescente extremamente relevante e em crescimento na era moderna.
artigo anterior 

Marcos fundamentais da Literatura Periférica em São Paulo

por 
Antonio Eleison Leite
resumo 
A literatura da periferia de São Paulo se divide em dois períodos históricos: a) Literatura Marginal, de 2000 a 2005 e b) Literatura Periférica, a partir de 2005 até os dias atuais. A primeira fase teve como marco inaugural a publicação do livro Capão Pecado, de Ferréz, no ano 2000, obra muito influenciada pela cultura hip hop, especialmente o RAP. Este escritor foi o principal nome dessa fase, sendo também seu maior articulador, ao coordenar inúmeras coletâneas literárias que proporcionaram o surgimento de dezenas de autores. O segundo período é marcado pela ascensão dos saraus, principalmente do Sarau da Cooperifa. Este Coletivo publicou sua antologia em 2005 e estimulou diversos saraus a fazerem o mesmo. Viabilizados, em boa parte, por políticas públicas, perto de 200 livros, coletivos e individuais, foram lançados desde então, configurando um vigoroso movimento cultural. Entretanto, passados 12 anos, a rubrica periférica e/ou marginal se mostra insuficiente para identificar essa prática literária. Este artigo apresenta duas hipóteses para superação desse problema. A primeira é contextualizar a literatura periférica como uma dimensão da cultura popular urbana, ampliando assim o seu alcance como expressão cultural, sem prejuízo da sua identificação de origem. A segunda é de ordem estética e implica na afirmação da busca da qualidade como um imperativo da criação. Esse desafio, porém, requer, por parte dos escritores, uma disposição para se submeterem à crítica, ao mesmo tempo em que torna-se necessário um novo paradigma crítico que possa responder à especificidade dessa literatura.
próximo artigo 

Valesca Popozuda: ministra da Educação

por 
Aristóteles Berino
resumo 
Os chamados funks sensuais fazem parte da cultura juvenil da cidade do Rio de Janeiro. Valesca Popozuda é uma das suas principais estrelas, amplamente conhecida através das mídias. As vozes femininas do funk chamam atenção pelas letras que narram façanhas e fantasias que destoam da imagem que são destinadas ao sexo feminino. São vozes que que presentificam existências recalcadas pelo falocentrismo dominantes nas narrativas sobre o amor, o sexo e a vida na cidade. Seus aspectos políticos e culturais são agora estudados e debatidos. A política convencional também desperta para a cultura popular das periferias. O artigo lembra dois encontros ocorridos entre Lula e Valesca Popuzada, nos anos de 2008 e 2009. Oportunidade para a funkeira entregar ao então presidente uma letra de música que fala da favela, do funk, dos jovens e até da possibilidade de ser ministra da Educação. O artigo discute a intromissão das vozes femininas dos funks sensuais na vida das cidades como agenciamento politicamente significativo através das interpelações que produz. Na tradição dos estudos culturais, se propõe a problematizar o poder através também da criação popular no circuito da cidade.
 
dossiê sobre cultura popular urbana

Estudios culturales en América Latina

por 
Eduardo Restrepo
resumo 

Duas grandes confusões parecem operar, com frequência, nos discursos em torno dos estudos culturais na América Latina. A primeira é a equivalência de estudos culturais e estudos sobre a cultura. A segunda, muito frequente no contexto estadunidense, é misturar sob o rótulo de estudos culturais a produção heterogênea de intelectuais latino-americanos que abordaram assuntos de cultura e poder e a de acadêmicos latino-americanistas das universidades do Norte. Neste artigo se evidenciam os problemas de ambas as confusões e se sublinham algumas de suas nefastas consequências para a articulação de um projeto intelectual e político de estudos culturais na América Latina.

abstract 

Dos grandes confusiones parecen operar, con frecuencia, en los discursos en torno a los estudios culturales en América Latina. La primera, es la equiparación de estudios culturales con estudios sobre la cultura. La segunda, muy frecuente en el establecimiento estadounidense, el colapsar en la etiqueta de estudios culturales latinoamericanos la abigarrada producción de los intelectuales latinoamericanos que han abordado asuntos de la cultura y el poder junto con la de los académicos latinoamericanistas de las universidades del Norte. En este artículo se evidencian los problemas de ambas confusiones y se subrayan algunas de sus nefastas consecuencias para el perfilamiento de un proyecto intelectual y político de los estudios culturales en América Latina.

 

[…] si deseamos participar en la lucha por definir las herramientas conceptuales y los recursos que la gente tendrá a su disposición para comprender el mundo, forzosamente querremos ejercer cierta influencia institucional.

Stuart Hall

Desde Estados Unidos el término ‘estudios culturales latinoamericanos’ a menudo significa cualquier estudio sobre la cultura adelantado por intelectuales de los países latinoamericanos o por académicos latinoamericanistas. De ahí que se incluye en el mismo saco de los ‘estudios culturales latinoamericanos’ a autores como Jesús Martín Barbero, José María Arguedas, Walter Mignolo, Ángel Rama y Fernando Ortiz. Esta práctica es entendible por la confluencia de la tradición de los estudios de área que ha constituido previamente el campo de los estudios latinoamericanos en la institucionalidad estadounidense y porque en los Estados Unidos estudios culturales se equipara con estudios interdisciplinarios sobre la cultura.

Como ha sido evidenciado por Daniel Mato (2002) y por Nelly Richard (2001), esta concepción de los ‘estudios culturales latinoamericanos’ no solo es nefasta por las políticas de la representación y la geopolítica del conocimiento que suponen, sino que también implican unas políticas de la ignorancia y un desconocimiento de las heterogéneas prácticas intelectuales en los distintos países de la región.

Distinciones

Aunque los estudios culturales se han considerado como un campo plural en el que múltiples vertientes y disputas son constitutivas del mismo, esto no significa que no pueda establecerse una especificidad del campo. Su apuesta por la pluralidad, las tensiones y disputas como criterio de vitalidad intelectual no significa que todo cabe dentro de los estudios culturales. La pluralidad no es lo mismo que ausencia de criterio sobre su propia especificidad. Tampoco es falta de perfilamiento de un proyecto intelectual que, por amplio que sea, no puede ni pretende incluirlo todo.

Existe una tendencia a equiparar los estudios culturales con estudios sobre la cultura. Esta equiparación es una confusión bastante extendida, incluso entre algunos de quienes se dicen sus practicantes. Para comprender la especificidad del proyecto intelectual y político de los estudios culturales es fundamental establecer una distinción entre los estudios culturales y los estudios sobre la cultura. No es suficiente con estudiar la cultura o lo cultural para hacer estudios culturales. Aunque de cierta manera los estudios culturales ‘estudian’ la cultura o lo cultural esto no significa que cualquier estudio sobre la cultura o lo cultural puede ser adecuadamente considerado como estudios culturales.

Asumir que cualquier estudio de la cultura es automáticamente estudios culturales sería subordinar a los estudios culturales una serie de tradiciones disciplinarias o campos interdisciplinarios que tienden a tener su especificidad y genealogías diferenciables. Por ejemplo, no podemos desconocer el enorme y muchas veces valioso trabajo adelantado desde la antropología cultural, la sociología de la cultura, la crítica cultural o la historia cultural afirmando que todos esos abordajes sobre la cultura o lo cultural tendrían que ser englobados felizmente en la etiqueta de estudios culturales. Los estudios culturales son mucho menos, pero también algo distinto.

Los estudios culturales se diferenciarían de los estudios sobre la cultura por la combinación de una serie de rasgos o características que los configurarían como un proyecto intelectual y político muy particular. El primer rasgo se refiere a la forma cómo los estudios culturales entienden la categoría misma de cultura. Para los estudios culturales la cultura se entiende en su relación mutuamente constitutiva con el poder, de ahí que hablen de la cultura-como-poder, pero también del poder-como-cultural.

Estrechamente ligado a esta conceptualización de la cultura se puede indicar otro rasgo o criterio de distinción de los estudios culturales. Es común escuchar el planteamiento de que los estudios culturales no son una disciplina, sino que son un campo interdisciplinario o, mejor aún, transdisciplinario (para algunos, incluso, son no disciplinarios o indisciplinados).

Cuando Stuart Hall (2007), por ejemplo, se refiere a los estudios culturales como un campo interdisciplinario estaba pensando no en la desaparición de las disciplinas, ni que los estudios culturales eran una suerte de superación de éstas (como arrogantemente algunos practicantes de estudios culturales lo predican), sino que para entender los complejos amarres de lo cultural y el poder en lo concreto se requería de una labor intelectual no reduccionista. Los estudios culturales se constituyen como un pensamiento no reduccionista.

El reduccionismo consiste en reducir a una variable o aspecto analítico (lo económico, lo social, lo cultural o lo discursivo) las ‘explicaciones’ ofrecidas. El economicismo es un buen ejemplo del reduccionismo: de antemano el investigador sabe que la causa que explica todo es la economía. Lo mismo pasa con el sociologicismo, el historicismo, el culturalismo o el discursivismo: se sabe que son las relaciones sociales, la Historia (así con mayúscula), lo cultural o el discurso respectivamente lo que determina y explica.

Cuando se opera desde un reduccionismo como el culturalismo (en el cual han caído muchos antropólogos), no sólo todos los otros aspectos o niveles analíticos de la vida social que no son considerados cultura se explican en términos culturales, sino que la misma cultura es explicada culturalmente. Por eso se puede afirmar que el reduccionismo es un pensamiento con garantías: siempre sabe cuál es la respuesta (así sea bajo piruetas como las de ‘en última instancia’), y las investigaciones empíricamente orientadas no tienen otra función que la demostrar lo que ya se sabía de antemano.

En un abierto contraste con el reduccionismo, Hall ([1992] 2010) considera que los estudios culturales son no reduccionistas. No asumen de antemano explicaciones unidimensionales ni las reducen a una variable o aspecto universalizado como garante último de un sistema teórico totalitarista. Los estudios culturales han reaccionado al economicismo e historicismo presente en las versiones del marxismo vulgar, pero también han reaccionado al culturalismo de las versiones de la antropología más convencional o al textualismo de las versiones postmodernas y banales de la teoría social contemporánea.

De la misma manera, la investigación no es entendida como la simple corroboración de angelicales formulaciones teóricas definidas de antemano, sino como la ardua y honesta labor de comprender la especificidad y densidad de lo concreto en un ejercicio que implica una necesaria conceptualización que no evita poner en cuestión los postulados teóricos desde los que se opera. Por tanto, siguiendo la feliz formulación de Stuart Hall, los estudios culturales se constituyen en un pensamiento sin garantías.

En los estudios culturales la interdisciplinariedad nace como un esfuerzo intelectual para ir más allá del reduccionismo que tiende a ser sentido común disciplinario. Hay que hacer ‘mejor’ sociología de la que suelen hacer los sociólogos o ‘mejor’ antropología de la que tienden a producir los antropólogos… y así sucesivamente. ‘Mejor’ en el sentido de esforzarse por comprender lo que estos practicantes de las disciplinas hacen desde preguntas y asumiendo riesgos que son pertinentes a los estudios culturales. No es la arrogancia cómoda de predicar (usualmente desde una escandalosa ignorancia) que estas disciplinas están ‘superadas’ o ‘mandadas a recoger’. Es la invitación a rearticular creativa y críticamente aquellos aspectos conceptuales o metodológicos de orígenes disciplinarios múltiples (o incluso de campos transdisciplinarios o no disciplinarios como la teoría feminista) en función de las preguntas y en el estilo propio de los estudios culturales.

La razón por la cual los estudios culturales constituyen un pensamiento sin garantías no es simplemente porque de esta forma se puede producir conocimiento más adecuado sobre el mundo de la vida social (en el sentido de interpretaciones más ajustadas a la compleja densidad de lo concreto), sino fundamentalmente porque los estudios culturales han sido desde siempre pensados como un proyecto con una abierta voluntad política. Al respecto, suele citarse la once tesis sobre Feuerbach de Marx de que refiere cómo los filósofos han interpretado de diferentes maneras el mundo, lo que importa sin embargo es transformarlo. Los estudios culturales pretenden transformar el mundo (claro que de formas muy distintas a cómo la izquierda ortodoxa lo ha concebido) y consideran que el conocimiento y la teoría son herramientas e importantes terrenos de disputa para lograrlo. Una inadecuada interpretación del mundo, suele conducir a una errática política; aunque, hay que decirlo, una más adecuada interpretación no es tampoco garantía del éxito en la intervención política.

Obviamente, los estudios culturales no son el único campo que encuentra su propósito en la intervención política y que, por tanto, cuestiona el caro principio de las diversas vertientes del pensamiento positivista y cientificista de que los hechos y los valores, el conocimiento y la política (o la ética), el objeto y el sujeto, el mundo y la palabra, son ontológicamente independientes. Pero no son imaginables unos estudios culturales que abracen modalidades de positivismo o que se conciban como unos simples productores de conocimiento desconectado de su para qué, de las dimensiones políticas y éticas (y esto no como posterioridad o exterioridad, sino como inmanentes y su razón de ser).

Es por esto que los estudios culturales nunca son sólo estudios, siempre son algo más. Es por esto que no se circunscriben a la academia. No es un conocimiento-florero, un conocimiento ostentoso, lo que buscan producir los estudios culturales. Lo que no significa, sin embargo, que los estudios culturales sean anti-académicos o anti-teóricos. No son un llamado a abandonarle a la derecha (o a los positivistas) la academia y la teoría desde la falsa premisa populista que el ‘verdadero conocimiento’ está en otro lado o del ingenuo supuesto de que el ciego activismo ofrecerá todas las respuestas relevantes. La academia y la teoría importan si, como consideran los practicantes de los estudios culturales, una mejor comprensión del mundo y la labor intelectual tienen su lugar en la transformación del mundo. Ahora bien esta reivindicación de la labor intelectual no significa que en los estudios culturales se fetichice la academia o la teoría en nombre de una supuesta superioridad epistemológica absoluta (propias del pensamiento eurocéntrico). Una teorización de lo político y una politización de lo teórico (GROSSBERG, 2009), he ahí una formulación que atrapa ese otro rasgo infaltable en los estudios culturales: la voluntad política. 

Por todo lo argumentado, la más adecuada manera de concebir la especificidad de los estudios culturales es con la noción de contextualismo radical (GROSSBERG,2010). Varios son los planos donde operaria el contextualismo radical. En el epistemológico, el contextualismo radical que definiría los estudios culturales consiste en lo que ya se refirió como un pensamiento sin garantías. Este pensamiento se funda en la noción de articulación, es decir, que las cosas del mundo (prácticas, entidades, ideas, etc.) son resultado de la relaciones que las constituyen. Pero estas relaciones son históricamente contingentes y situadas. El conjunto de articulaciones significativas para comprender la especificidad de una cosa en el mundo es la manera en que se define el contexto. El contexto no es el telón de fondo, el escenario donde algo sucede, sino sus condiciones de existencia y de transformación.

En el plano teórico, el contextualismo radical de los estudios culturales refiere a que estos no son definidos por la utilización de una teoría de la cultura o del poder específica, ni por la citación de unos autores concretos (citar a Stuart Hall no garantiza que estemos en el terreno de los estudios culturales), sino que la teorización es un acto mundanal derivado las investigaciones concretas y empíricamente orientadas que establecen un constante forcejeo e interrupción de los insumos teóricos con los que se cuenta. La fluidez en angelicales formulaciones teóricas con su concomitante violencia teórica (el mundo no existe sino como ilustración o corroboración de las teorías armadas de antemano), es lo opuesto del contextualismo radical en el plano teórico.

En el plano metodológico, es el pluralismo metodológico (o si se quiere un eclecticismo estratégico y sin disculpas) lo que guía el contextualismo radical en los estudios culturales. Esto se traduce en el principio de que las metodologías y las técnicas de investigación son herramientas que hay que utilizar en función de las preguntas y competencias, sin descartar alguna por simple puritos o desautorizaciones disciplinares. Es cuestionar esos límites metodológicos y de las técnicas de investigación que suelen constreñir a los practicantes de las disciplinas: un antropólogo hace etnografía, siendo una cuasi herejía no hacerla; o un historiador se define en su autoridad y posibilidad de enunciación en su labor de archivo… En tanto eclecticismo estratégico, los estudios culturales se darían licencias e introducirían irreverencias que difícilmente son posibles desde las posiciones y tradiciones disciplinarias.

En el plano político, los estudios culturales son un contextualismo radical en tanto no asumen que una práctica, una concepción o un sujeto tienen el mismo significado político por fuera del contexto que los constituye. Lo que puede operar como progresista en una situación determinada, puede ser profundamente reaccionario en otra. Una práctica emancipadora en un contexto, puede devenir en sujetadora en otro (o, más sugerente aún, puede ser sujetadora precisamente por su carácter emancipador). En suma, el contextualismo radical en el plano de lo político no es una apelación al nihilismo, sino algo tan sencillo y complejo a la vez de que el significado político de algo no está dado independientemente del contexto donde existe.

Finalmente, en el plano del proyecto de los estudios culturales también aplica lo del contextualismo radical en el sentido de que en su existencia están profundamente situados, es decir, no pueden ni pretenden ser idénticos en todas partes y momentos sino más que adquirir una especificidad dependiendo de los contextos, no pueden dejar de ser un auténtico producto de los mismos.

En suma, hay que distinguir entre estudios culturales y estudios sobre la cultura porque los estudios culturales constituyen un proyecto intelectual y político que: 1) concibe la cultura-como-poder y el poder-como-cultural; 2) suponen un enfoque no reduccionista que se expresa en una actitud transdisciplinaria; 3) implican una vocación política que busca intervenir sobre el mundo; y 4) su encuadre es el contextualismo radical (con respecto a su forma de teorización, a las metodologías utilizadas, a su conceptualización de la política y su propio proyecto).

Marcación latinoamericana

La marcación de latinoamericano en los estudios culturales no es menos problemática que la discusión sobre la especificidad de estos. América Latina, latinoamericano, latino no son conceptos neutrales que puedan escapar al peso de la historia en la cual han emergido y se han desplegado. La idea de América Latina es inventada en la segunda mitad del siglo XIX. Supone la de América, a la que se le agrega la inflexión de Latina. Más de tres siglos después de la invención de la idea de América, y como consecuencia de las transformaciones derivadas de las independencias de España y Portugal, las elites criollas encuentran en la noción de latinidad un referente que les permite establecer unas identificaciones con una supuesta herencia compartida que encontraba en Francia su anclaje paradigmático. Mignolo es enfático en asociar la emergencia de la idea de América Latina al posicionamiento e intereses de los criollos ya en el poder: “[…] ‘América Latina’ no es un subcontinente sino el proyecto político de las élites criollo-mestizas” (2007,82).

Lo latinoamericano opera, entonces, como marcador que se origina en diseños globales en el siglo XIX. Esto no significa, sin embargo, que deba seguir operando en tal registro y que, bajo determinadas condiciones, no se configure en un término-idea aglutinante de sectores e proyectos subalternizados. No obstante, mi argumento es que es preferible abandonar la adjetivación de lo latinoamericano para referirse a los estudios culturales que se hacen desde o sobre América Latina. Varios son los argumentos que nos llevan a esta propuesta.

La noción de estudios culturales latinoamericanos corre el riesgo de asumir como obviedad la idea de ‘latinoamericanidad’. El problema de esta obvialización de la idea de latinoamericanidad radica en que se corre el riesgo de que empiece a concebir como si fuese una esencia que da cuenta de una diferencia constitutiva de los latinoamericanos con respecto a otras gentes (los estadounidenses o los europeos, por ejemplo). Los latinoamericanos pensarían o serían de esta o aquella forma por esa suerte de esencia compartida: la latinoamericanidad. Cuando esta latinoamericanidad se piensa como una diferencia radical con respecto a occidente o a la modernidad, no es extraño que terminemos avalando imágenes exotizantes de nosotros mismos. En ocasiones, estas imágenes se cargan de una supuesta superioridad moral, como lo tendemos a hacer con las imágenes de lo indígena. La latinoamericanidad deviene entonces en garante de una exterioridad y, por ende, de una autenticidad que a menudo es leída como privilegio epistémico o político.

Además, si bien consideramos que los estudios culturales son siempre contextuales y situados, de ello no se deriva necesariamente que la marcación del estado-nación (estudios culturales colombianos o argentinos o ecuatorianos) o regiones geo-históricas como América Latina dé cuenta adecuadamente de esta contextuación y situacionalidad en la práctica de los estudios culturales. Para decirlo en otras palabras, la adjetivación-identificación y la ubicación-contextuación no se corresponden tan fácilmente.

El lugar desde el cual donde se hacen estudios culturales hay unas preguntas, un tipo de bibliografía, unas conversaciones y problemáticas que pueden marcar cierta especificidad, pero eso de latinoamericanidad es una entidad que también es muy heterogénea, muy diversa. Para empezar con lo obvio, una radical heterogeneidad en términos políticos es lo que caracteriza a los países en América Latina. Esto también puede afirmarse de las configuraciones académicas e intelectuales ya que las especificidades de las formaciones nacionales son evidentes. Pero más profundamente, las formas de articulación de las experiencias de lo latinoamericano son múltiples dependiendo de diferentes factores. La clase es una de las más obvias, como la de los cuerpos racializados o etnizados. No obstante, las exclusiones o subalternizaciones referidos a estos tres factores (y pudiéramos haber mencionado muchos otros) no operan de la misma manera en distintos momentos en los diferentes países o regiones del América Latina.

Debido a que el lugar de enunciación importa, los ‘estudios culturales latinoamericanos’ no son de la misma manera latinoamericanos cuando son hechos sobre América Latina desde el establecimiento académico estadounidense que cuando lo son desde América Latina (y, más todavía, ese desde también amerita desagregarse porque las diferencias de clase, raciales, de género, generacionales, institucionales y de lugar cuentan, y son significativas en términos intelectuales y políticos). Por tanto, siguiendo a Nelly Richard (2001) considero más adecuado referirnos a estudios culturales sobre/desde América Latina que a ‘estudios culturales latinoamericanos’.

Estudios culturales realmente existentes en Colombia

Los estudios culturales en Colombia tienen una fuerte institucionalización. Tres maestrías de estudios culturales sólo en Bogotá se han creado en los últimos años, en tres de las más visibles universidades: los Andes, Javeriana y Nacional. Varias publicaciones seriadas, como la revista Nómadas de la Universidad Central y la revista TabulaRasa, vienen visibilizando trabajos y traducciones que discuten diferentes aspectos de los estudios culturales. No son pocos los libros que refieren central o puntualmente a los estudios culturales como el campo dentro del cual se imaginan.

Este proceso de institucionalización en Colombia no tiene correlato en América Latina.[1] [1] La situación más cercana es la del Perú, donde se crearon dos maestrías de estudios culturales en Lima: una en la Universidad Católica y otra en San Marcos (aunque ésta última ha tenido grandes dificultades en consolidarse). De manera algo esquemática, bajo el rubro de estudios culturales en Colombia se pueden identificar cuatro grandes tendencias que ameritan ser diferenciadas. Estas tendencias se pueden colegir tanto de las narrativas de practicantes y críticos de los estudios culturales como de lo que hacen a nombre de los estudios culturales, tanto de los discursos como de sus prácticas. Aunque se pudieran asociar algunos autores o procesos de institucionalización con una tendencia, en general se mezclan de diferentes formas estas tendencias en un mismo autor o proceso.

La primera tendencia considera que estudios culturales son equiparables con estudios interdisciplinarios sobre la cultura. Desde esta tendencia, los estudios culturales serían un campo heterogéneo y plural de estudios cuyo objeto sería la cultura, pero a diferencia de lo que se hace desde saberes disciplinarios como la antropología o la sociología, es la interdisciplinariedad (o transdisciplinariedad) lo que definiría los estudios culturales. Habría ciertas temáticas que en esta tendencia serían características de los estudios culturales: los abordajes de la cultura popular, los estudios comunicación y cultura, y las identidades o los movimientos sociales son algunos de los más destacados. En esta tendencia tiene particular relevancia, dentro del programa de la Universidad Javeriana, estudios de género, masculinidades, lésbicos y gays, así como la circulación de la teoría queer.

La segunda tendencia identifica a los estudios culturales con corrientes conceptuales críticas que se definirían por su compromiso con los sectores subalternizados, especialmente con los pueblos indígenas y afrodescendientes. El cuestionamiento al eurocentrismo y al lugar del establecimiento académico que han obturado ‘epistemologías otras’ son centrales en esta tendencia de los estudios culturales. Aunque se alimentan conceptualmente de la teoría postcolonial y de los estudios de la subalternidad, es mucho más visible el impacto de conceptualizaciones asociadas al proyecto decolonial.[2] [2] Algunos de los proponentes más destacados de esta vertiente, se han formado en el doctorado de estudios culturales latinoamericanos en la Universidad Andina, en Quito. Bajo la dirección de Catherine Walsh, este doctorado ha hecho énfasis en el proyecto decolonial que encuentra en autores como Aníbal Quijano, Enrique Dussel, Walter Mignolo y la misma Catherine Walsh sus referentes teóricos.

La tercera tendencia equipara estudios culturales con alta teoría. Nombres como los de Deleuze, Foucault, Negri, Agamben, Žižek, Derrida o Lazzarato, ciertas categorías como las de gubernamentalidad, biopolítica, líneas de fuga o aparato de captura, son invocadas a menudo en esta tendencia. Hay un gran énfasis en la elucubración conceptual y los estudios empíricos son puntuales, operando como ilustraciones de un concepto o una serie de planteamientos derivados de alguno de estos autores. A menudo se apela a la idea de transdisciplinariedad como una superación de las disciplinas, que se imaginan como obsoletas reliquias de un establecimiento académico decimonónico. Se identifica a los estudios culturales como ese campo transdisciplinario que permite adecuadamente abordar la cultura en tiempos de globalización.

La cuarta tendencia, con la cual me identifico, argumenta que los estudios culturales encuentran su especificidad en una particular forma de abordar la labor intelectual caracterizada por el radical cuestionamiento a las garantías reduccionistas así como por su orientación empírica que busca una mejor comprensión posible de contextos concretos en aras de informar su intervención política. Desde esta tendencia, los estudios culturales serían un proyecto intelectual y político desde el contextualismo radical. No estaría definido por unos objetos (como la cultura popular), ni por unas poblaciones, ni por unas técnicas, teorías o héroes culturales determinados. No basta con citar a Stuart Hall, Raymond Williams o cualquier otro autor que operaría como garante de que se está haciendo estudios culturales; no es suficiente con explicitar las dimensiones culturales de las relaciones de poder ni con argüir un activismo en nombre de los otros subalternizados. No pretende producir teoría universal, ni devenir en un conocimiento-florero. No se imagina configurando angelicales destilaciones conceptuales distantes de mundanales amarres particulares de prácticas significativas y relaciones de poder situados.

Como es claro para un lector atento, estas cuatro tendencias en el campo de los practicantes de los estudios culturales en Colombia, evidencian concepciones diferentes a la distinción que se presentó en el primer aparte de este artículo para caracterizar la especificidad de los estudios culturales. Esto no se debe entender como la evidencia empírica de un acto fallido, sino como la manifestación de la relevancia política de las disputas al interior del mismo campo lo que en últimas se irá posicionando como estudios culturales en un contexto tan singular como el colombiano.

Conclusiones

A pesar de que defiendo la idea de que es no sólo posible sino necesario producir una definición, así sea un cierre temporal, de los estudios culturales, considero también que no cualquier definición es igualmente válida, ni todas ellas tienen los mismos efectos. Cada cerramiento que se produce tiene unos efectos concretos en el proyecto intelectual que se define, al igual que los produce el aparente no cerramiento de quienes defienden la idea de no definirlo. En este caso, la no definición es también una forma de producir una definición, una manera de cerrar el significado, esta vez a favor del relativismo.

El planteamiento de que vale la pena definir un proyecto intelectual y político que establecería una especificidad de los estudios culturales no significa que se considere que los estudios culturales son todos iguales. A contrario, unos estudios culturales que valgan la pena para América Latina deben ser pensados como un terreno de divergencias y tensiones. Pero lo que podríamos llamar la heterogeneidad constitutiva de los estudios culturales, no significa que entonces no se puedan establecer ciertos referentes básicos compartidos que hacen que no cualquier cosa quepa dentro de los estudios culturales.

La creciente influencia del sentido común del establecimiento estadounidense en muchos países de América Latina, que continúa y profundiza cierta geopolítica del conocimiento asociada a unas políticas de la ignorancia, debe ser confrontada también en el campo de los estudios culturales. En suma, las apropiaciones productivas e irreverentes de lo que pueden llegar a ser los estudios culturales en nuestros países pasan por un distanciamiento crítico de ideas como las de ‘estudios culturales latinoamericanos’ acuñadas por el establecimiento estadounidense.

notas de rodapé

 
[1] La situación más cercana es la del Perú, donde se crearon dos maestrías de estudios culturales en Lima: una en la Universidad Católica y otra en San Marcos (aunque ésta última ha tenido grandes dificultades en consolidarse).
[2] Algunos de los proponentes más destacados de esta vertiente, se han formado en el doctorado de estudios culturales latinoamericanos en la Universidad Andina, en Quito. Bajo la dirección de Catherine Walsh, este doctorado ha hecho énfasis en el proyecto decolonial que encuentra en autores como Aníbal Quijano, Enrique Dussel, Walter Mignolo y la misma Catherine Walsh sus referentes teóricos.

bibliografia

 

GROSSBERG, Lawrence.  Estudios culturales. Teoría, política y práctica. Valencia: Letra Capital, 2010.

_______.  El corazón de los estudios culturales. Tabula Rasa, Bogotá, n.10, p.13-48, 2009.

HALL, Stuart.  La cultura y el poder. Conversaciones sobre los cultural studies. Buenos Aires: Amorrortu editores, 2011.

_______.  Epilogue: through the prism of an intellectual life.  MEEKS, Brian (Ed.). Culture, Politics, Race and Diaspora.  Kingston: Ian Randle Publishers, 2007. p.269-291.

_______.  Estudios culturales y sus legados teóricos. En: Sin garantías: Trayectorias y problemáticas en estudios culturales. pp. 51-71. Bogotá-Quitó-Lima: Envión Editores-Instituto Pensar-Universidad Andina-IEP, [1992] 2010. p.51-71.

MATO, Daniel. 2002. Estudios y otras prácticas latinoamericanas en cultura y poder. En: Daniel Mato (Ed.). Estudios y otras prácticas latinoamericanas en cultura y poder. pp. 21-43. Caracas: CLACSO, 2002 p.21-43.

MIGNOLO, Walter.  La idea de América Latina. La herida colonial y la opción decolonial. Barcelona: Gedisa, 2007.

RICHARD, Nelly. Globalización académica, estudios culturales y crítica latinoamericana. En: Daniel Mato (Ed.). Estudios Latinoamericanos sobre cultura y transformaciones sociales en tiempos de globalización.  Buenos Aires: Clacso, 2001. P.185-199.