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  • editorial
  • sobre os autores
  • Funk ostentação em São Paulo: imaginação, consumo e novas tecnologias da informação e da comunicação

    Funk ostentação em São Paulo: imaginação, consumo e novas tecnologias da informação e da comunicação

    por 
    Alexandre Barbosa Pereira
    resumo 
    O artigo aborda a configuração recente de um movimento musical, protagonizado principalmente por jovens de origem pobre, em São Paulo, o funk ostentação. A partir da pesquisa em casas noturnas e da observação de videoclipes na internet, explora-se a importância das referências a marcas de diferentes produtos e bens de valor elevado e a imagem como componente fundamental para a apresentação e divulgação desse estilo musical. Nesse circuito funk, a proposição de Arjun Appadurai sobre a centralidade do deslocamento pelas migrações e novas tecnologias da comunicação mostra-se como um caminho importante para se refletir sobre esse funk a partir da ideia de imaginação.
  • Marcos fundamentais da Literatura Periférica em São Paulo

    Marcos fundamentais da Literatura Periférica em São Paulo

    por 
    Antonio Eleison Leite
    resumo 
    A literatura da periferia de São Paulo se divide em dois períodos históricos: a) Literatura Marginal, de 2000 a 2005 e b) Literatura Periférica, a partir de 2005 até os dias atuais. A primeira fase teve como marco inaugural a publicação do livro Capão Pecado, de Ferréz, no ano 2000, obra muito influenciada pela cultura hip hop, especialmente o RAP. Este escritor foi o principal nome dessa fase, sendo também seu maior articulador, ao coordenar inúmeras coletâneas literárias que proporcionaram o surgimento de dezenas de autores. O segundo período é marcado pela ascensão dos saraus, principalmente do Sarau da Cooperifa. Este Coletivo publicou sua antologia em 2005 e estimulou diversos saraus a fazerem o mesmo. Viabilizados, em boa parte, por políticas públicas, perto de 200 livros, coletivos e individuais, foram lançados desde então, configurando um vigoroso movimento cultural. Entretanto, passados 12 anos, a rubrica periférica e/ou marginal se mostra insuficiente para identificar essa prática literária. Este artigo apresenta duas hipóteses para superação desse problema. A primeira é contextualizar a literatura periférica como uma dimensão da cultura popular urbana, ampliando assim o seu alcance como expressão cultural, sem prejuízo da sua identificação de origem. A segunda é de ordem estética e implica na afirmação da busca da qualidade como um imperativo da criação. Esse desafio, porém, requer, por parte dos escritores, uma disposição para se submeterem à crítica, ao mesmo tempo em que torna-se necessário um novo paradigma crítico que possa responder à especificidade dessa literatura.
  • Estudios culturales en América Latina

    Estudios culturales en América Latina

    por 
    Eduardo Restrepo
    resumo 
    Duas grandes confusões parecem operar, com frequência, nos discursos em torno dos estudos culturais na América Latina. A primeira é a equivalência de estudos culturais e estudos sobre a cultura. A segunda, muito frequente no contexto estadunidense, é misturar sob o rótulo de estudos culturais a produção heterogênea de intelectuais latino-americanos que abordaram assuntos de cultura e poder e a de acadêmicos latino-americanistas das universidades do Norte. Neste artigo se evidenciam os problemas de ambas as confusões e se sublinham algumas de suas nefastas consequências para a articulação de um projeto intelectual e político de estudos culturais na América Latina.
  • Valesca Popozuda: ministra da Educação

    Valesca Popozuda: ministra da Educação

    por 
    Aristóteles Berino
    resumo 
    Os chamados funks sensuais fazem parte da cultura juvenil da cidade do Rio de Janeiro. Valesca Popozuda é uma das suas principais estrelas, amplamente conhecida através das mídias. As vozes femininas do funk chamam atenção pelas letras que narram façanhas e fantasias que destoam da imagem que são destinadas ao sexo feminino. São vozes que que presentificam existências recalcadas pelo falocentrismo dominantes nas narrativas sobre o amor, o sexo e a vida na cidade. Seus aspectos políticos e culturais são agora estudados e debatidos. A política convencional também desperta para a cultura popular das periferias. O artigo lembra dois encontros ocorridos entre Lula e Valesca Popuzada, nos anos de 2008 e 2009. Oportunidade para a funkeira entregar ao então presidente uma letra de música que fala da favela, do funk, dos jovens e até da possibilidade de ser ministra da Educação. O artigo discute a intromissão das vozes femininas dos funks sensuais na vida das cidades como agenciamento politicamente significativo através das interpelações que produz. Na tradição dos estudos culturais, se propõe a problematizar o poder através também da criação popular no circuito da cidade.
  • Rolezinhos: Marcas, consumo e segregação no Brasil

    Rolezinhos: Marcas, consumo e segregação no Brasil

    por 
    Rosana Pinheiro-Machado e Lucia Mury Scalco
    resumo 
    No início de 2014, o fenômeno conhecido como rolezinho ganhou ampla visibilidade nacional e internacional. Trata-se de adolescentes das periferias urbanas que se reúnem em grande número para passear nos shopping centers de suas cidades. O evento causou apreensão nos frequentadores e fez com que alguns proprietários dos estabelecimentos conseguissem o direito na justiça de proibir a realização dos rolezinhos, barrando o acesso dos jovens. Desde então, emergiu um amplo debate sobre segregação na sociedade brasileira. Com base em uma pesquisa etnográfica sobre consumo popular com jovens da periferia de Porto Alegre, o artigo analisa o fenômeno dos rolezinhos, abordando suas dimensões locais, nacionais e globais. Levando em consideração o atual momento brasileiro, que versa sobre políticas de ascensão social via consumo e sobre uma onda de protestos de inquietação social, argumentamos que os rolezinhos estão se modificando e encontrando diversas formas de discutir e realizar política cotidiana no âmago de uma sociedade segregada.
  • Matriz biológico-cultural da existência humana: fundamentos para aprender, ensinar e educar

    Matriz biológico-cultural da existência humana: fundamentos para aprender, ensinar e educar

    por 
    Maria Elena Infante-Malachias
    resumo 
    Neste ensaio apresentamos uma reflexão sobre a matriz biológico-cultural da existência humana a partir da epistemologia da Biologia do Conhecer, que considera o conhecimento a partir do sujeito que conhece. A matriz que constitui o cerne da Biologia Cultural corresponde à trama relacional onde o homem surge se realiza e conserva o seu viver humano. Nesta trama relacional que se inicia em um processo histórico que teve a sua origem há bilhões de anos, surgem todos os mundos que vivemos como as distintas dimensões do nosso viver cultural. Discutimos a relevância desta perspectiva, que considera ao mesmo tempo a constituição biológica e a cultura, para as relações humanas do ensinar e aprender e destacamos a possibilidade de transformação que surge ao considerar o outro como um legítimo outro na convivência.
  • Ethnical Afro Tourism in Brazil

    Ethnical Afro Tourism in Brazil

    por 
    Luiz Gonzaga Godoi Trigo e Alexandre Panosso Netto
    resumo 
    O artigo desenvolve uma discussão teórica sobre o turismo étnico afro no Brasil. A temática somente recentemente tem merecido a devida atenção dos estudiosos, motivo pelo qual se justifica a abordagem. Os objetivos são três: 1) revisar a história das culturas afros no Brasil; 2) identificar as forças que garantem o respeito a essas identidades e; 3) analisar como os destinos afro devem ser trabalhados neste contexto. A metodologia empregada é a revisão teórica dos textos que abordam a cultura afro brasileira, tendo como pano de fundo da discussão os delineamentos dos estudos culturais. Conclui-se que o produto turístico com base na cultura afro é um produto viável no Brasil, porém deve primar pelos quesitos de respeito, alteridade, ética e valorização de todas as culturas envolvidas no processo.
  • Alfabetização científica e cartográfica no ensino de ciências e geografia: polissemia do termo, processos de enculturação e suas implicações para o ensino

    Alfabetização científica e cartográfica no ensino de ciências e geografia: polissemia do termo, processos de enculturação e suas implicações para o ensino

    por 
    Veronica Guridi e Valeria Cazetta
    resumo 
    Neste trabalho realizamos uma análise crítica com relação ao significado do conceito “alfabetização científica” dentro do campo da Educação em Ciências e em Geografia. Constatamos que o termo é ainda bastante polissêmico e que dependendo do enfoque adotado, se seguem diferentes implicações para o ensino de Ciências. Concluímos mostrando uma definição do termo que incorpora elementos dos recentes estudos na área bem como da vertente dos Estudos Culturais em Educação.
  • A fome antropofágica - utopias e contradições

    A fome antropofágica - utopias e contradições

    por 
    Fernanda Oliveira Filgueiras Santos e Mauro de Mello Leonel
    resumo 
    O Modernismo no Brasil significou um marco, que anunciou o fim de um período cultural caracterizado pelo legado e pelo conservadorismo. O Movimento Antropofágico foi a síntese artística e intelectual dessas reflexões. Este trabalho se propõe a discutir as contribuições e controvérsias deixadas pelo movimento no contexto de urbanização e cosmopolitismo em que ele emergiu na cidade de São Paulo.
    palavras-chave 
  • A versão encantada da pós-modernidade

    A versão encantada da pós-modernidade

    por 
    Mauro de Mello Leonel e Maira Mesquita
    resumo 
    O livro em epígrafe tem como objetivo principal relatar com rigor cronológico as origens das versões de pós-modernidade ("não como idéia, mas como fenômeno"), remontando ao modernismo. Numa abordagem incomum o autor percorre, no tempo e nas circunstâncias, as dimensões estéticas, históricas e políticas da express
  • Dossiê "Temporalidades"

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  • Temporalidades

    Temporalidades

    por 
    Luiz Menna-Barreto e Mario Pedrazzoli
    resumo 
    Esta edição da Revista Estudos Culturais foi dedicada a estudos sobre o tempo, tema recorrente em diversas áreas do conhecimento e que vem adquirindo relevância crescente num mundo globalizado no qual as pessoas acabam se expondo a desafios inéditos até meados do século XX. Atravessamos fusos horários, acompanhamos bolsas de valores em Tóquio e Nova York e assistimos a jogos que ocorrem do lado oposto do planeta, numa sucessão de eventos que acontecem em tempos próprios e que nem sempre coincidem com os tempos de cada indivíduo. Surge nesse contexto certa tensão entre nossas percepções da passagem do tempo, aquela interna que dialoga com nosso sono ou fome e a outra externa, imposta pelos vários relógios aos quais tentamos obedecer. Dessa tensão emergem reflexões que trazemos aos leitores, reflexões inspiradas em diferentes olhares que vão desde aspectos filosóficos e sociológicos a aspectos biológicos.
  • Sobre os autores

    Sobre os autores

    resumo 
    Luiz Menna-Barreto, Mario Pedrazzoli, Robert Levine, Muara Kizzi Figueiredo, Rafael H. Silveira, Rafael Chequer Bauer, Alexandre Panosso Neto e Luiz Gonzaga Godoi Trigo escrevem no número dois da Revista de Estudos Culturais.
  • Ordem e progresso, aceleração e alienação

    Ordem e progresso, aceleração e alienação

    por 
    Rafael H. Silveira
    resumo 
    Como diversos exemplos dados em Aceleração e alienação [1] [1] ROSA, Hartmut. Beschleunigung und Entfremdung: Entwurf einer kritischen Theorie spätmoderner Zeitlichkeit. Traduzido do inglês para o alemão por Robin Celikates. Berlim: Suhrkamp Verlag, 2013. confirmam, a condição de especialista no campo da aceleração social muitas vezes não exime o próprio autor da ação dos fenômenos por ele analisados – sobretudo por se tratar de uma das personalidades acadêmicas mais conhecidas, citadas e requisitadas na imprensa alemã atualmente. Como minha resenha da análise de Hartmut Rosa mostra, a obra está longe de ser die Entdeckung der Langsamkeit ou um éloge de la lenteur, como interpretado por alguns. No diálogo, conduzido em 23/10/2014 na cidade de Jena, Alemanha, originalmente em alemão, transcrito, editado e traduzido para o português por Rafael H. Silveira, são abordados pontos que complementam o entendimento da Teoria da Aceleração através de uma perspectiva voltada para a realidade brasileira.
  • Tempo e bem estar

    Tempo e bem estar

    por 
    Robert Levine
    resumo 
    Neste artigo examino o impacto da experiência temporal – o emprego do tempo, concepções do tempo e normas temporais - sobre a felicidade e o bem estar; sugiro políticas públicas voltadas à ampliação dessa experiência. Inicio com uma revisão da literatura relativa às interrelações entre o tempo, dinheiro e felicidade. Em segundo lugar, reviso dados e questões em torno dos horários de trabalho e não trabalho ao redor do mundo. Em terceiro lugar, descrevo numa perspectiva mais ampla as questões temporal que deveriam ser levadas em consideração nas decisões de políticas públicas, por exemplo, medidas de relógio versus eventos, enfoques monocrônicos versus policrônicos, definições de tempo perdido, ritmo de vida e orientação temporal. Concluo com sugestões para a elaboração de políticas do emprego do tempo voltadas para aumentar a felicidade individual e coletiva. Trata-se de um truísmo virtual o modo como empregamos nosso tempo se expressa no modo como vivemos nossas vidas. Nosso tempo é o bem mais valioso do qual dispomos. Boa parte desse tempo, no entanto, é controlado por outros, desde nossos empregadores até nossos familiares mais próximos. Também está claro que existem diferenças profundas – individuais, sócio econômicas, culturais e nacionais – no grau de controle que indivíduos exercem sobre seus próprios tempos (ver p. exemplo LEVINE, 1997; LEE, et al., 2007). Pode ser argumentado que políticas públicas são necessárias para proteger os “direitos temporais” dos indivíduos, particularmente aqueles mais vulneráveis à exploração. Este artigo foi motivado por um projeto de largo espectro do qual tive a oportunidade de participar. O projeto começou na primavera de 2012 na sequência de uma resolução da ONU, aprovada por unanimidade em sua Assembleia Geral, na qual “felicidade” foi incluída na agenda global. O Butão foi convidado a receber um grupo interdisciplinar de “experts” internacionais com a tarefa de elaborar recomendações para incentivar a busca da felicidade no planeta; mais especificamente desenvolver um “novo paradigma para o desenvolvimento mundial”. O Butão é um pequeno país pobre, cercado de montanhas na região do Himalaia, foi escolhido para essa tarefa em função do pioneirismo de seu projeto de “Felicidade Nacional Bruta” - FNB (Gross National Happiness - GNH). “Progresso” na definição dos autores desse projeto, “deveria ser visto não apenas através das lentes da economia como também a partir de perspectivas espirituais, sociais, culturais e ecológicas”. Felicidade e desenvolvimento, em outras palavras, dependem em mais fatores do que o crescimento e acumulação de capital. Inglaterra, Canadá e outros países e organizações de dimensões nacionais seguiram na mesma direção do Butão, estabelecendo medidas de FNB (LEVINE, 2013). Um dos domínios centrais do índice de FNB do Butão é “emprego do tempo” que correspondeu à minha participação no relatório do grupo de estudo. Este artigo está bastante apoiado naquele relatório e nas inferências que o projeto me proporcionou. Discuto quatro conjuntos de temas: I. As interrelações entre tome, dinheiro e felicidade. Máxima importância, qual a relevância do emprego do tempo com o bem estar e a felicidade? II. Emprego do tempo: questão dos horários e políticas de organização do trabalho. III. Outors fatores tempais que devem ser considerados ao formularo políticas de promoção de felicidade.. IV. Sugestões para elaboração de políticas: a chamada para uma “Lei de Direitos Temporais”.
  • A ilusão dos relógios: uma ameaça à saúde

    A ilusão dos relógios: uma ameaça à saúde

    por 
    Mario Pedrazzoli
    resumo 
    A mecanicidade ou digitalidade dos relógios representa a imutabilidade da duração de frações de tempo. A contagem das 24h de um dia teve como referência, a princípio, as pistas ambientais associadas às condições do dia e da noite que são diferentes em diferentes locais da terra e portanto mutáveis. A emergência de uma sub-área da Biologia, a Cronobiologia, em meados do século XX permitiu a interpretação de que a apreensão do tempo de um dia como regularidade mecânica aliena os seres humanos da percepção da temporalidade diária como integração entre temporalidade ambiental e temporalidade biológica. Pretendo demonstrar que esse equívoco perceptual da duração do tempo de um dia pode ter como consequência uma desorganização temporal fisiológica que é a origem ou está associada a origem de muitas doenças modernas.
  • Os horários fora de lugar – ritmos biológicos e literatura

    Os horários fora de lugar – ritmos biológicos e literatura

    por 
    Muara Kizzy Figueiredo
    resumo 
    Este trabalho analisa a relação existente entre personagens e ambiente e objetiva investigar como, supostamente, se deu a implantação no Brasil do século XIX dos ritmos sociais europeus, tendo em vista os ritmos biológicos da população brasileira (em termos coletivos) – adaptada ao ambiente tropical. Para tal estudo, foram analisados alguns textos literários do período (em especial a obra de Machado de Assis e Eça de Queirós) - visando identificar menções aos horários de sono, refeições, atividades sociais e aspectos do sono; bem como a leitura de autores contemporâneos que discutem a construção de identidades nacionais – em especial no Brasil – e ainda; autores que investigam a temática do tempo – seja em termos cronológicos, psicológicos e biológicos.
    palavras-chave 
  • Slow movement: reação ao descompasso entre ritmos sociais e biológicos

    Slow movement: reação ao descompasso entre ritmos sociais e biológicos

    por 
    Rafael Chequer Bauer, Alexandre Panosso Netto e Luiz Gonzaga Godoi Trigo
    resumo 
    Este artigo discute o descompasso entre os ritmos biológicos e os ritmos sociais emergentes a partir da Revolução Industrial. Para tal, são apresentados indícios de mudanças rítmicas nas últimas décadas, acarretando um processo contínuo e profundo de aceleração e mecanização sociocultural, predominante nas estruturas societárias capitalistas. Em seguida, discute-se a relação entre ritmos sociais e ritmos biológicos, com a contribuição conceitual advinda da Cronobiologia. Por fim, destaca-se o processo de surgimento e consolidação do Slow Movement nas últimas décadas, tornando-se mais um indício da desarticulação temporal vivenciada nos dias atuais.
  • Os tempos da vida

    Os tempos da vida

    por 
    Luiz Menna-Barreto
    resumo 
    O tema do tempo tem atraído bastante atenção no ambiente acadêmico contemporâneo. Apresentarei uma abordagem na qual são associados os conceitos de condicionamento reflexo clássico com a cronobiologia, área na qual a dimensão temporal da matéria viva é explorada. O conceito de antecipação é proposto como elo central dessa associação. Discuto a seguir os níveis de determinação que podem ser propostos a partir da observação de fenômenos temporais nos organismos. Concluo com as noções de desafios e armadilhas temporais que parecem caracterizar fortemente os dilemas humanos num mundo globalizado, conduzindo a diferentes processos de adaptação resultantes desses desafios e armadilhas.
  • Resenha do livro Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Harmut Rosa

    Resenha do livro Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Harmut Rosa

    por 
    Rafael H. Silveira
    resumo 
    Em Aceleração e alienação: Esboço de uma teoria crítica da temporalidade na Modernidade tardia, Hartmut Rosa recapitula resumidamente e amplia sua Teoria da Aceleração Social. A ampliação da teoria se dá em primeiro lugar através da análise de elementos desaceleradores da tendência aceleratória e, em seguida, da análise das consequências da aceleração para a Teoria Crítica social atual, cujos questionamentos levantados e respostas dadas até o presente momento não apresentariam uma solução para a perda da credibilidade do projeto da Modernidade, uma vez que a aceleração social teria sucumbido e instrumentalizado a possibilidade de autonomia prometida. Partindo da busca de uma resposta à questão de o que seria uma vida plena, Rosa retraça, assim, o contexto do surgimento de diferentes categorias de alienação, retratando em sua teoria uma tendência social crescente extremamente relevante e em crescimento na era moderna.
artigo anterior 

Literatura paraguay/guaraní - transversalidades

por 
Damián Cabrera
resumo 
Passando por trabalhos compilatórios dos escritores paraguaios Augusto Roa Bastos e Rubén Bareiro Saguier, e a partir de discursos literários e não literários, analisa-se a ambiguidade fundada na palavra guarani; que designa, indistintamente, uma língua, uma cultura, uma etnia; e que, por metonímia, constitui-se em apelido-gentílico dos paraguaios. Relações entre literatura paraguaia e literatura Guarani são exploradas, desde a perspectiva dos autores citados; tanto conhecedores e divulgadores da mesma, como dois dos poucos paraguaios capazes de ultrapassar um cerco de isolamento cultural graças, em parte, ao exílio político; sob a luz de uma tradição crítica latino-americana hispanizante que, enquanto invisibiliza a literatura paraguaia, contribui com uma mistificação dela, fundada em sua peculiaridade linguística, seja ela real ou inventada.
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Investigación feminista, historia de las mujeres y mujeres en la historia en los estudios sobre Próximo Oriente Antiguo

por 
Agnès García Ventura
resumo 
Suele decirse que el estudio del pasado siempre tiene relación con el presente y con el futuro, bien porque presente y futuro se construyen a su imagen y semejanza, bien porque no podemos imaginar un pasado sin los referentes de nuestro presente. Por este motivo, ocuparse de la historia de las mujeres en la Antigüedad y de cómo incluir a las mujeres en la historia, nos permite reflexionar acerca de la situación de las mujeres en el mundo presente en el que vivimos y en el mundo futuro en el que querríamos vivir. En este artículo propongo aproximarnos a este tema con las herramientas críticas de la investigación feminista, ilustrando la propuesta con algunos ejemplos acerca de cómo algunos sesgos pueden afectar al modo en que se aborda el estudio de las vidas de las mujeres en el Próximo Oriente Antiguo.
 
artigos

O brincar e o saber de experiência: uma forma de resistir

por 
Madalena Pedroso Aulicino e Daniela Marcílio
resumo 

O brincar é uma atividade livre e séria, possui finalidade autônoma e é um intervalo da vida cotidiana (HUIZINGA, 2005; CAILLOIS, 1990). A criança se desenvolve, adquire experiência, constrói e transmite sua cultura lúdica brincando (WINNICOTT, 1979; BROUGÈRE, 2008). Mas, que brincar é esse promovido e recomendado na atualidade? O objetivo desse artigo é refletir sobre a redução do tempo da infância em prol de uma ideologia da produção e do consumo, que valoriza a informação, o conhecimento e o aprendizado técnico e científico, e reduz o “saber de experiência” (BONDÍA, 2002). Nesse contexto, a retomada do brincar como atividade livre e uma experiência de vida seria uma possibilidade de resistência aos valores vigentes. Constatou-se que os Estudos Culturais como estratégia crítica e política podem contribuir para repensar o brincar hoje.

 
Playing and learning experience: a way to resist
abstract 

The play is a free and serious activity, it has autonomous purpose and it is a break from everyday life (HUIZINGA, 2005; CAILLOIS, 1990). The child develops, gains experience, builds and transfer his or her ludic culture by playing (WINICOTT, 1979; BROUGÈRE, 2008). But, what kind of playing is promoted and recommended by science today? The aim of this paper is to reflect about the childhood’s time reduction for the sake of an ideology of production and consumption, that values information, knowledge and scientific and technical learning, and reduces the "knowledge of experience" (BONDIA 2002). In this context, the retaken of play as a free activity and a life experience would be a possibility of resistance to current values. We argue that Cultural Studies, as a critical strategy and policy, can contribute to rethink the play today.

palavras-chave 
key words 
 

Considerações sobre a sociedade, a cultura e o brincar

De acordo com Thompson (1998), o tempo passou a ser moeda após a introdução dos relógios. Segundo o autor, o relógio passou a regular os ritmos da vida industrial e também se tornou uma das necessidades que o capitalismo industrial exigia para seu avanço. A partir daí “o que predomina não é a tarefa, mas o valor do tempo quando reduzido a dinheiro” (p. 272), lembrando que, antes desse período, quando os indivíduos detinham o controle de sua vida produtiva, o padrão de trabalho sempre alterava momentos de atividade intensa e de ócio.

Importante ressaltar que uma instituição não industrial também reforçou o uso econômico do tempo: a escola. Thompson (1998) menciona que em escritos da Inglaterra de 1775 já era comum a crítica à presença das crianças nas ruas, pois estas estariam desperdiçando seu tempo, principalmente com hábitos de jogo. Esses escritos defendiam que a escola seria ideal para ensinar o trabalho e a ordem para essas crianças. De acordo com Thompson, “na sociedade capitalista madura, todo o tempo deve ser consumido, negociado, utilizado; é uma ofensa que a força de trabalho meramente ‘passe o tempo’” (p. 298), ou seja, os trabalhadores não poderiam desfrutar do tempo de lazer. Sobre a questão do lazer, Thompson (1998) argumentou:

O puritanismo, com seu casamento de conveniência com o capitalismo industrial, foi o agente que converteu as pessoas a novas avaliações do tempo; que ensinou as crianças a valorizar cada hora luminosa desde os primeiros anos de vida; e que saturou as mentes das pessoas com a equação “tempo é dinheiro” (THOMPSON, 1998, p. 302).

Sendo assim, o autor fez uma descrição do surgimento desse pensamento no qual tempo é dinheiro, introduzido na vida das crianças desde muito cedo.

As discussões sobre o tema do lazer se intensificaram durante o século XIX acompanhando as mudanças na forma de produção e de relação com o tempo. Lafargue (1980), por exemplo, informou que o lazer é um produto de uma evolução do trabalho e do tempo que os trabalhadores conseguissem tomar ao trabalho. Para Veblen (1965) o lazer é atributo das elites que fazem da ociosidade um campo de consumo notável, como que para apresentar que não estão sujeitas à opressão do trabalho manual intenso e desagradável. Friedman (1972) destaca o lazer como a forma pela qual os trabalhadores conseguiriam de alguma maneira compensar um trabalho cotidiano repetitivo e banal. Segundo Dumazedier (2004), lazer é:

Um conjunto de ocupações às quais o individuo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 2004, p. 34).

Nesse sentido, o lazer teria surgido como um momento de ocupação do tempo livre das obrigações trabalhistas, familiares, sociais e religiosas, com foco no desenvolvimento, divertimento e descanso. Camargo (1983) defende a hipótese de que a emergência do lazer moderno é definida pela urbanização e não pela industrialização. De fato o processo industrial culminou na separação do tempo livre do tempo de trabalho, isto é, trouxe modificações a partir do controle do tempo por intermédio dos relógios.

Além disso, segundo Dumazedier (2004), a cultura depende hoje, cada vez mais, dos ideais e da maneira como o lazer é praticado, e o trabalho fica reduzido cada vez mais, a um meio de ganhar a vida, um ganha-pão e em certos aspectos, a um ganha-lazer; o autor lembra, ainda, que o tempo livre é o preferido para todas as formas de decadência e de florescimento humano, e que por esse poder ambíguo, organismos públicos e particulares procuram agir sobre conteúdos e condições do lazer.

Conforme Williams (2003), capitalismo é um termo que designa um sistema de produção particular, descrito a partir do século XIX. Houve um desenvolvimento desse significado, na medida em que passou a ser utilizado para indicar um sistema econômico específico e histórico, e não qualquer sistema econômico. Williams (2003) menciona que, para Marx, o capitalismo era visto como uma forma particular de propriedade centralizada dos meios de produção, dando origem ao sistema de trabalho assalariado, sendo um produto da sociedade burguesa. Esse sistema ainda é vigente em tempos atuais, inclusive no Brasil.

Segundo Frederico, Williams (2007), quanto aos que cantam em coro fúnebre as ideias de Marx, tem-se que acuado na luta ideológica, “o marxismo, entretanto, tem a evidência dos fatos, mais do que nunca, ao seu lado” (FREDERICO, WILLIAMS, 2007, p. 446). Nesse sentido, ao contrário do que muitos acreditam, o marxismo não morreu e está mais presente do que nunca: “a realidade social hoje, está mais próxima da descrição feita por Marx do que quando ele escreveu sua obra: o que era tendência agora se efetivou plenamente” (p.446). Dessa maneira, é possível fazer uma relação com as propostas sobre a experiência e o saber de experiência, que serão apresentadas por Bondía (2002) no próximo item.

Dando continuidade às ideias de Frederico (2007), ele relembra o pensamento de Marx de que a economia do tempo é o segredo da economia: “O segredo da economia, dizia Marx, resume-se a uma única coisa: economia de tempo. O desenvolvimento das forças produtivas vem reduzindo progressivamente o tempo de trabalho necessário à produção social” (p. 447). A partir dessas informações, nota-se que o tempo além de mercadoria, está cada vez mais distante do tempo de trabalho necessário à produção social. Para Frederico (2007), “sob a forma atual da ‘cooperação complexa’, nunca se trabalhou tanto para o capital em toda a história” (p. 447). Nesse sentido, o tempo nunca foi tão suprimido pelo trabalho como na sociedade atual.

Outro aspecto importante levantado por Frederico (2007) corresponde à dominação do capital, principalmente no campo da cultura: “A dominação do capital, finalmente, imprimiu sua marca ao conjunto da vida social, evidenciando que economia e cultura não são esferas separadas” (p. 447). Além disso, os Estudos Culturais constituem-se num campo interdisciplinar, combinando diversas áreas consagradas de estudo, criando assim uma forma distinta de pensamento. De acordo com Felipe (2009), a versatilidade teórica dos Estudos Culturais é uma de suas características essenciais:

Uma das principais características dos Estudos Culturais é justamente sua versatilidade teórica, entendendo que os processos culturais vinculam-se de maneira importante às relações sociais – de classe, de raça, de gênero, de geração -, envolvendo relações de poder. Além disso, a cultura deve ser entendida, neste referencial, como um local de lutas e de disputas, e não simplesmente um campo autônomo e determinado (FELIPE, 2009, p. 6).

Nesse sentido, a cultura é um campo de lutas e disputas, e uma ferramenta poderosa de dominação. Pensando a cultura como instrumento de dominação, Bourdieu (2008) a relacionou com o capital utilizando o termo “capital cultural” para falar sobre sua distribuição na instituição escolar: “A reprodução da estrutura de distribuição do capital cultural se dá na relação entre as estratégias das famílias e a lógica específica da instituição escolar” (p. 35). Isto é, no ambiente escolar são reforçadas as diferenças culturais entre os alunos, uma vez que o conhecimento não é transmitido de forma democrática. Pertencendo apenas a uma determinada camada social, a cultura se torna instrumento de dominação, sendo que a escola contribui silenciosamente para que essa cultura dominante continue sendo transmitida como uma cultura “boa”, e dessa forma favorecendo alguns alunos em detrimento de outros. Aqueles estudantes que não detêm esses códigos, ou seja, não conseguiram ter acesso a esses bens culturais, acabam sendo excluídos no ambiente escolar.

Para Williams (1958),[1] [1] Texto “A cultura é de todos” (Culture is ordinary) de 1958, traduzido por Maria Elisa Cevasco [200-?]. “a cultura é de todos, em todas as sociedades e em todos os modos de pensar” (p. 2). O autor afirma que “uma cultura são significados comuns, o produto de todo um povo, e os significados individuais disponibilizados, o produto de uma experiência pessoal e social empenhada de um indivíduo” (p. 5). Nesta linha de pensamento não se pode encontrar diferenciação entre uma boa e uma má cultura, assim como uma prescrição de seu significado, pois ele se constitui na vida, é feito e refeito.

Segundo Williams (1958) era importante expandir o conceito de cultura para que não existisse essa cisão entre alta e baixa cultura, e entre cultura de boa ou má qualidade. Assim como era urgente pensar em formas de difundir a cultura considerada de “qualidade” para a população e rejeitar a falsa equação de que a produção cultural existente é um reflexo da sociedade vulgar e que uma má cultura afasta a boa. E ainda: “a organização de nossa cultura de massas atual está firmemente entrelaçada com a organização da sociedade capitalista e que o futuro de uma não pode ser discutido a não ser nos termos do futuro da outra” (p. 11).

De acordo com Lefebvre (1969), a “cultura” é também uma “práxis”, ativa, específica, isto é, uma maneira de viver. Mas o autor afirma também que ela tornou-se “mercadoria de consumo” (p. 151). Obras, estilos e cidades são entregues a um chamado “consumo devorador”, e o consumidor, por sua vez, se alimenta de sinais e símbolos, que podem ser da riqueza, da felicidade, do amor. Existe uma contradição extrema na sociedade do consumo destrutivo, ou devorador: a irracionalidade desse desejo sem limite e a necessidade do limite. Sobre a cultura como mercadoria, Debord (2005) mencionou em seu estudo que a sociedade passou por um processo no qual a cultura tornou-se “mercadoria vedete da sociedade espetacular” (p. 138). Explicando o espetáculo o autor destacou: “O espetáculo é o momento em que a mercadoria chega à ocupação total da vida social” (p. 25). Nesse sentido, a mercadoria ocuparia a vida social por inteiro.

Por isso a importância do campo dos Estudos Culturais, para repensar esses conceitos de forma crítica e, principalmente, agindo e intervindo politicamente na sociedade. Williams (1958) lutava por uma educação humanística e acreditava numa solução pela democracia. O autor trouxe uma definição de cultura mais justa e próxima do real. Sendo assim, como relacionar o significado de cultura proposto por Williams com a questão das brincadeiras infantis? É preciso pensar como as brincadeiras infantis, entendidas como práticas culturais, refletem direcionamentos da sociedade.

A partir das informações apresentadas sobre o tempo, pode-se dizer que este modelo de sociedade ainda está presente, e principalmente na infância. De acordo com Kato et al (2010), observa-se uma aceleração do processo de conquista da maturidade e um despertar precoce para o desenvolvimento funcional das crianças com “vistas a uma pretensa preparação para o mercado de trabalho” (p. 49). A autora completa que o mercado de trabalho tem se tornado cada vez mais exigente, demandando mais especialização de sua mão-de-obra, interferindo diretamente na preocupação dos pais em preparar e encaminhar seus filhos para a escolha de uma carreira de sucesso precocemente. Dessa maneira, aqueles justificam a inscrição das crianças em cursos preparatórios e de aperfeiçoamento de habilidades tanto cognitivas quanto intelectuais, durante o tempo disponível. Ou seja, esse tempo disponível seria o mesmo tempo livre da criança, o qual seria destinado às brincadeiras.

Da mesma forma que há uma substituição do tempo da brincadeira por atividades extracurriculares, há também um discurso voltado para um brincar eficiente do ponto de vista do desenvolvimento físico, cognitivo e intelectual, que tem sido incentivado em detrimento de um brincar livre. De acordo com Kishimoto (1994), os paradigmas sobre o jogo infantil parecem equipará-lo ao que não é sério, à futilidade, e também o associam à utilidade educativa. Segundo Kato et al. (2010):

No entanto, do ponto de vista dos profissionais e educadores, a brincadeira tem sido tomada em seu aspecto funcional de modo que a abordagem técnica e mediada pelo adulto toma precedência e importância e vai se perdendo de vista a função fundamental e formativa do brincar, nas suas manifestações mais espontâneas. (KATO et al, 2010, p. 58)

Sendo assim, na atual sociedade, algumas brincadeiras podem ser compreendidas como perda de tempo. Segundo Carneiro (2010) o consumo e a competitividade, o questionamento de pais e professores sobre as vantagens do brincar, o preconceito de professores em relação ao jogo, como atividade que impede o planejamento e a organização, bem como o despreparo, preconceito e falta de interesse dos professores seriam alguns dos fatores que estariam dificultando a prática do brincar e o reconhecimento de uma cultura da infância. Sem contar que eles também vivenciam os mesmos valores, os quais são espontaneamente transmitidos por meio de suas ações.

Ainda nesse modelo de sociedade, Maturana e Verden-Zöller (2004) discutiram sobre a produção atual, que está exigindo cada vez mais tempo e força de trabalho dos pais. Em razão disso, crianças não aprenderam a viver a aceitação mútua e plena como algo espontâneo. Para esses autores é importante que as crianças possam viver a auto-aceitação corporal, desenvolvida durante as brincadeiras espontâneas com seus pais. No trecho a seguir serão apresentadas algumas dificuldades encontradas pelos pais na atualidade:

Por causa de sua própria alienação na separação de corpo e espírito – e da instrumentalização de suas relações por meio de sua submissão diante da atitude produtiva exigida por nossa cultura –, as mães com frequência não têm consciência de sua corporeidade. Portanto, não tem plena consciência social e não se dão conta de que instrumentalizam suas relações com seus filhos. Elas os ensinam, educam-nos e os guiam para o seu futuro ser social (MATURANA, H. R.; VERDEN-ZÖLLER, G., 2004, p. 131).

Os autores descrevem um comportamento existente na sociedade que visa a produção e o lucro. Neste sentido, cada vez mais cedo as crianças estão sendo “lapidadas para o futuro”, e os pais se esquecem de levar em consideração o seu tempo de desenvolvimento, que pode ser o tempo destinado às brincadeiras. Informam também que a criança torna-se humana quando constrói o domínio espaço-temporal de existência enquanto desenvolve sua consciência corporal ao crescer em mútua confiança e aceitação envolvida nas relações de brincadeiras com os seus pais, de maneira espontânea. Quando isso ocorre, a criança torna-se um ser humano bem integrado socialmente. Para Maturana e Verden-Zöller (2004), está-se perdendo a capacidade de brincar na sociedade ocidental:

De fato, na cultura ocidental muitos de nós perdemos a capacidade de brincar, pelo fato de estarmos continuamente submetidos às exigências do competir, projetar uma imagem ou obter êxitos, numa forma de vida já descrita como luta constante pela existência. Para ser realmente pais e mães que vivem com seus filhos no presente, e não na fantasia do futuro ou do passado, temos de readquirir essa capacidade (MATURANA, H. R.; VERDEN-ZÖLLER, G., 2004, p. 230).

A partir dessas ideias, nota-se que é urgente retomar a capacidade de brincar, que foi atropelada pelo modo de produção em que tempo é uma mercadoria. Também é necessário refletir como o brincar é compreendido em uma sociedade na qual o excesso de informação está presente e o conhecimento tornou-se mercadoria. Para entender melhor essa questão, na sequência serão apresentados os conceitos de experiência, saber de experiência e semelhança, apontando sua relação com o brincar.

O brincar como experiência e saber de experiência

Trazendo um ângulo diferente para a brincadeira, Benjamin (2009) acreditava que era preciso pensá-la enquanto algo que está relacionado com as experiências, ou seja, algo que marca o ser humano. O conceito de Benjamin (1994a) sobre a semelhança diz que ela pode ser encontrada na natureza, ou então produzida pelos homens. Para o autor é uma capacidade do ser humano inventar e produzir semelhanças e é pela brincadeira que a criança exercita essa capacidade.

Entende-se, a partir de Benjamin (1994a), que os indivíduos perderam a capacidade de reconhecer semelhanças na atualidade, devido à aceleração da vida, o cotidiano levado ao ritmo da indústria, em que só há valor para o que é produtivo. Só é possível perceber e produzir as semelhanças no relaxamento, na contemplação, ou seja, no momento de plenitude, que pode ser encontrado durante uma atividade como a brincadeira. A descrição do brincar como algo que marca a vida humana, sua relação com a experiência e assim como seu embate com a chegada da informação (meios de comunicação, aceleração da vida, regramento do tempo em função do trabalho, dentre outros aspectos) é uma maneira de contestar a introdução das novas tecnologias e seus efeitos diretos na vivência humana. Se não há tempo para a brincadeira, não há mais tempo para a experiência e para a capacidade de produzir e reconhecer semelhanças.

De acordo com Winnicott (1975), o brincar tem lugar e tempo para acontecer. A criança precisa de tempo para brincar: “para controlar o que está fora, há que fazer coisas, não simplesmente pensar ou desejar, e fazer coisas toma tempo. Brincar é fazer.” (p. 63). A falta desse espaço e desse tempo interfere diretamente no desenvolvimento do brincar espontâneo das crianças. Mas por que há essa falta de tempo? É o que se vai comentar mais adiante, mas antes disso, e completando a primeira discussão desse artigo sobre a sociedade e o brincar, é preciso voltar-se agora para os conceitos de experiência e saber de experiência.

De acordo com Bondía (2002), “a experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca” (p. 21). Seguindo a perspectiva de Benjamin (1994b) sobre a experiência, Bondía descreveu que a experiência é cada vez mais rara nos tempos de hoje devido ao excesso de informação e de opinião e pela falta de tempo. O autor questiona a sociedade da informação, na qual se constrõem sujeitos informantes e informados, obcecados pelo saber. Para ele:

Independente de que seja urgente problematizar esse discurso que se está instalando sem crítica, a cada dia mais profundamente, e que pensa a sociedade como um mecanismo de processamento de informação, o que eu quero apontar aqui é que uma sociedade construída sob o signo da informação é uma sociedade na qual a experiência é impossível (BONDÍA, 2002, p. 22-23).

Sendo assim, a informação, assim como o excesso de opinião, não é experiência. Após adquirir conhecimento a parir da informação, os indivíduos precisam opinar sobre qualquer assunto, partindo do ponto de vista do que é a favor ou contra. Bondía (2002) utiliza a palavra “periodismo”, momento em que a informação e a opinião são fabricadas. Nessa perspectiva, cria-se “um sujeito fabricado e manipulado pelos aparatos da informação e da opinião, um sujeito incapaz de experiência” (p.22).

No que se refere à falta de tempo, a velocidade dos acontecimentos e a obsessão pelo novo impedem a conexão entre acontecimentos, bem como a memorização deles: “cada acontecimento é imediatamente substituído por outro que igualmente nos excita por um momento, mas sem deixar qualquer vestígio” (p.23). Conforme apontado no primeiro tópico desse artigo, é preciso destinar tempo e espaço para a vivência plena da infância e das brincadeiras infantis espontâneas, pois do contrário, possivelmente elas não serão conservadas na memória. Vale mencionar também a descrição de Bondía (2002) sobre a formação permanente, presente nos currículos escolares e exigida pelo mercado de trabalho:

Esse sujeito da formação permanente e acelerada, da constante atualização, da reciclagem sem fim, é um sujeito que usa o tempo como um valor ou como uma mercadoria, um sujeito que não pode perder tempo, que tem sempre de aproveitar o tempo, que não pode protelar qualquer coisa, que tem de seguir o passo veloz do que se passa, que não pode ficar para trás, por isso mesmo, por essa obsessão por seguir o curso acelerado do tempo, este sujeito já não tem tempo. (BONDÍA, 2002, p.23)

Esta é uma crítica ao sistema escolar da forma como está configurado na atualidade, estando a serviço do modelo de produção vigente, no qual a competição e o consumo estão instaurados. Para Bondía (2002) a experiência:

[...] requer parar para pensar, parar para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar, e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar aos outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço. (BONDÍA, 2002, p. 24)

Nesse sentido, é preciso refletir sobre a experiência e a falta de tempo e de disponibilidade para pensar, olhar, escutar e sentir de forma devagar, evitando a pressa e a agitação muito presentes na atualidade. Associando com as concepções de Winnicott (1975), para ele a brincadeira toma o corpo da criança, o fazer e o sentimento. Uma vez interrompida, a criança perde muitos dos processos que estão envolvidos nessa atividade e é preciso possibilitar o tempo para a brincadeira se esgotar. Percebe-se que tanto na vivência escolar quanto na familiar, o brincar, este tempo da experiência, é constantemente interrompido por sinais e ordens.

Para Bondía (2002), é preciso voltar-se para os tempos anteriores à ciência moderna e à sociedade capitalista para entender o que seja a experiência. Cita que durante séculos o saber humano era aprendido durante os acontecimentos ao longo da vida: “Este é o saber da experiência: o que se adquire no modo como alguém vai respondendo ao que vai lhe acontecendo ao longo da vida e no modo como vamos dando sentido ao acontecer do que nos acontece” (p.27). Nesse tipo de saber a verdade não é o que importa, mas sim os acontecimentos que fazem sentido ou o não. Por isso, esse saber é um conhecimento particular, subjetivo e pessoal: “O acontecimento é comum, mas a experiência é para cada qual sua, singular e de alguma maneira impossível de ser repetida” (p. 27).

As ideias de Bondía (2002) sobre o saber de experiência traduzem um sentimento no qual o conhecimento moderno é exterior, distante e desligado da vida dos indivíduos e não é mais um saber ativo que ilumina e guia a existência humana. Além de tecer uma crítica ao experimento, muito comum na ciência, o autor questionou o modelo de aprendizado e de educação presente na sociedade da informação. Para ele “a experiência e o saber que dela deriva são o que nos permite apropriar-nos de nossa própria vida” (p. 27). Vale mencionar, também, que para ele a experiência “não é o caminho até um objetivo previsto, até uma meta que se conhece de antemão, mas é uma abertura para o desconhecido” (p. 27), e assim é possível relacionar experiência com o brincar: ambos não possuem e não buscam um objetivo específico, não têm função alguma a não ser o conhecimento adquirido no fazer e de forma subjetiva.

Das informações apresentadas, apreende-se que o tempo para as brincadeiras precisa ser retomado, para que as crianças possam viver sua infância de maneira plena. Não obstante, é necessário pensar o brincar como uma forma de resistir ao modelo vigente, este apresentado até o momento, o qual está baseado na aceleração do tempo, na produção, na competição, no consumo e na busca de saberes constantemente.

Brincar como forma de resistência

Para discutir sobre o brincar como forma de resistência, é preciso trazer mais informações sobre o modelo escolar e a disciplina. Foucault (1999) descreveu os mecanismos de controle da sociedade, tomando como exemplo a disciplina e o controle do corpo. Os “corpos dóceis” seriam sutilmente adestrados para o culto ao trabalho. Para o autor a subjugação ou dominação acontece de maneira sutil e escapa da percepção dos indivíduos, e os corpos dóceis se dão a partir das regras de trabalho, de comportamento, e de moralismos, repetidos e inquestionados pelos indivíduos: “É dócil um corpo que pode ser submetido, que pode ser utilizado, que pode ser transformado e aperfeiçoado” (p. 118). Foucault propôs que em qualquer sociedade o corpo está submetido a poderes, impondo limitações, proibições e obrigações, e que as disciplinas seriam o principal método de controle minucioso das operações do corpo. Argumentou ainda que estes processos disciplinares estão presentes nos conventos (nas escolas), nos exércitos, nas oficinas (no trabalho). Essa “mecânica do poder” atinge todos os seres humanos, desde o seu nascimento, sendo importante refletir sobre como esses mecanismos atingem as crianças. Foucault (1999) menciona o poder que as disciplinas possuem para criar corpos dóceis.

A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”. A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). Em uma palavra: ela dissocia o poder do corpo; faz dele por um lado uma “aptidão”, uma “capacidade” que ela procura aumentar; e inverte por outro lado a energia, a potência que poderia resultar disso, e faz dela uma relação de sujeição estrita. Se a exploração econômica separa a força e o produto do trabalho, digamos que a coerção disciplinar estabelece no corpo o elo coercitivo entre a aptidão aumentada e uma dominação acentuada (FOUCALT, 1999, p. 119).

Este trecho complementa a discussão apresentada no início desse artigo sobre a sociedade e a falta de tempo, e perda da capacidade de experiência dos indivíduos. Ao mesmo tempo em que as pessoas ampliam suas aptidões e saberes, também há uma dominação acentuada. Foucault (1999) argumentou sobre as transformações no espaço escolar e a organização das filas:

Determinando lugares individuais tornou possível o controle de cada um e o trabalho simultâneo de todos. Organizou uma nova economia do tempo de aprendizagem. Fez funcionar o espaço escolar como uma máquina de ensinar, mas também de vigiar, de hierarquizar, de recompensar (FOUCAULT, 1999, p. 126).

Nesse sentido criam-se espaços isolados e de controle, extremamente hierarquizados, frios e sem comunicação com a experiência de vida das crianças. Nessa estrutura escolar, por exemplo, não existe espaço nem tempo para as brincadeiras infantis. Até mesmo o tempo do recreio, que seria destinado ao brincar livre das crianças, é utilizado de maneira inadequada, não correspondendo às necessidades das crianças. Compreende-se assim que a escola não abandonou suas técnicas disciplinares e continua utilizando-se delas para o controle dos corpos. Mudanças ocorrem, é claro, e existem outros mecanismos de controle, entretanto, os exercícios, os sinais, as filas, a segmentação, que podem ser comparados ao esquema da linha de montagem, continuam fazendo parte desse sistema. Assim, por meio das repetições os alunos aprenderão o conteúdo.

Após os argumentos de Foucault (1999), pode-se refletir que a escola permaneceria executando então sua função de controle dos corpos, e valeria pensar nas possíveis saídas para esse esquema de dominação, saídas que historicamente podem ser definidas como resistência. Quando as crianças insistem em executar a “atividade proibida” do brincar nos intervalos e nos corredores das escolas, seria uma forma de resistência?

Thompson (1998) havia sugerido, como uma possível saída para o modo de vida instaurado, o reaprender algumas artes de viver antes da Revolução Industrial. Essas artes podem ser definidas como o tempo de lazer, o tempo social, o tempo para expressões culturais, para festas, para apreciar a natureza, para brincar.

Mas se a notação útil do emprego do tempo se torna menos compulsiva, as pessoas talvez tenham de reaprender algumas das artes de viver que foram perdidas na Revolução Industrial: como preencher os interstícios de seu dia a dia com relações sociais e pessoais mais enriquecedoras e descompromissadas; como derrubar mais uma vez as barreiras entre o trabalho e a vida (THOMPSON, 1998, p. 302).

Dessa maneira, no brincar seria possível resistir às transformações da sociedade, como uma defesa em relação ao sistema produtivo e também como uma forma de combater ao sistema escolar. De acordo com Lucas & Hoff (2007):

Se existe uma arte de resistência – de que os atores sociais minoritários são agentes – ela é capaz de desarticular, no território da opinião pública, a legitimidade de uma série de discursos que funcionam como oxigênio imprescindível para os dispositivos de poder.”(LUCAS, L; HOFF, T, 2007, p. 2)

Assim, o processo de resistência pode começar com a introdução do debate sobre a infância da forma como está sendo encarada na sociedade nas famílias e nas escolas: “De certo modo a infância ainda é compreendida como uma fase transitória, passageira, e que precisa ser superada” (SILVA, 2005, p. 81). Resistir também seria promover espaços e tempos para as crianças brincarem. A brincadeira também é um campo de lutas e a partir do momento que não se tem tempo nem espaço para a sua prática é preciso lutar. Por isso, brincar, deixar brincar, aprender o valor do brincar, não deixa de ser também um ato político, como propõe os Estudos Culturais, nas palavras de Baptista (2009), que se constituem numa prática intelectual dispersa, e que têm como centro a articulação e o diálogo entre “três nós problemáticos essenciais: cultura, teoria e ação cívica” (p.20).

Considerações finais

Nota-se que desde o surgimento dos relógios e o controle do tempo para o desenvolvimento de uma produção industrial, os tempos de hoje ainda estão marcados por essa visão do tempo como mercadoria, que, por essa razão, não pode ser desperdiçado com atividades que não agregam ou desenvolvem o ser produtivo. Nessa linha de pensamento, portanto, não há espaço para o aproveitamento do tempo livre, para o lazer. Também não há espaço para as brincadeiras infantis espontâneas, uma vez que a criança precisa aproveitar seu tempo aprendendo conteúdos para futuramente se estabelecer como um adulto informado, produtivo e que opina.

Ao que consta, as crianças estão encontrando problemas para viver sua infância de maneira plena no brincar, devido aos aspectos apresentados sobre a sociedade capitalista, entre eles a perda da experiência e do saber de experiência, e o modelo escolar presente. Ademais, o tempo e o espaço destinados às brincadeiras estão sendo ocupados com excesso de informação a partir de atividades extracurriculares, que podem ser estendidas além do período escolar. Nesse cenário, não há tempo para a brincadeira e para a vivência plena da infância, para a experiência do saber, ou o saber da experiência.

Assim, o brincar pode ser uma forma de resistência, pois também é uma maneira de questionar esses valores destrutivos da experiência humana. De acordo com Thompson (1998), “não existe desenvolvimento econômico que não seja ao mesmo tempo desenvolvimento ou mudança de uma cultura” (p. 304). É impossível pensar no retorno de uma cultura do tempo primitiva, porém é possível que se faça a crítica da cultura, e novos valores sejam defendidos, entre eles o direito e o respeito ao brincar e ao lazer, o que pode levar o ser humano a se repensar de uma forma integral, unindo corpo e espírito, e indo muito além das restritas dimensões de produtor e consumidor, tão valorizadas na atualidade. Os Estudos Culturais, com sua perspectiva política e crítica, seriam fundamentais para questionar esses modos de vida, essa cultura, que reduz o tempo para o lazer e a brincadeira.

notas de rodapé

 
[1] Texto “A cultura é de todos” (Culture is ordinary) de 1958, traduzido por Maria Elisa Cevasco [200-?].

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