Nanopartículas de prata e nanotoxicologia

Cada vez mais vem se debatendo sobre a área da nanotoxicologia, sendo esta ramificação a que se dedica a estudar efeitos toxicológicos em diferentes sistemas biológicos. Estudos apontam que temos disponíveis no mercado cerca de 243 produtos contendo nanotecnologia, porém nem todos mencionam que estes são com base nesta tecnologia. Logo, o assunto vem sendo discutido cada vez mais devido a importância sobre tal área.

Desde 2016 a definição de nanomateriais se dá de acordo com a Comunidade Européia. O primeiro país a exigir que rótulos das embalagens venham especificando que os produtos possuem nanopartículas foi a França. Define-se nanomaterial como sendo aquele ‘’ material natural ou manufaturado contendo partículas na faixa de tamanho equivalente a 1nm – 100nm’’. 

Hoje as nanopartículas de prata são as mais utilizadas em toda a indústria. Isso se dá pelo fato de que estas possuem propriedades químicas e físicas de grande utilidade como, por exemplo, alta condutividade elétrica e flexibilidade. Com relação à propriedade biológica, estas nanopartículas possuem uma atuação importante na prevenção contra algumas bactérias e fungos. Por tais fatos, muitos desodorantes e fármacos possuem tal material.

As nanopartículas de prata são obtidas pelo processo de síntese e este pode ser químico ou biogênico (biológico). No caso de ser químico, os agentes redutores de íons Ag+ normalmente são o citrato de sódio ou o borohidreto de sódio. Estes, quando em contato com a espécie catiônica, produzem sua nanopartícula correspondente Ag.

Para o processo biológico, a redução se dá a partir da ação de extratos vegetais, fungos, bactérias, algas e leveduras. A síntese biogênica é considerada mais sustentável e econômica e, portanto, a mais utilizada.

É imprescindível ressaltar quealguns parâmetros podem influenciar na toxicidade dessas nanopartículas como por exemplo, tamanho da nanopartículas (quanto menor forem, mais fácil de adentrar as células), estado de agregação, estabilidade em meio biológico, natureza química do revestimento e carga superficial.

No Brasil, as nanopartículas de prata também são utilizadas no tratamento de água, e nossa legislação estabelece nas águas potáveis um limite de 0,010 mg/L ou 10 µg/L. Porém, não são estabelecidos critérios para que rótulos de embalagens venham especificando a quantidade de nanopartículas contidas em produtos de higiene pessoal e afins.  Alguns estudos indicam casos de intoxicações e complicações ao utilizarem medicamentos contendo alta quantidades deste material sendo que algumas foram a óbito, pois a prata pode atacar órgãos vitais, como rins e fígados. Estes dados mostram a importância de pesquisas abordando os possíveis efeitos toxicológicos.

Para saber mais:http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/v42n2a11.pdf

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