Tecidos do futuro: nossas próprias armaduras?

A presença da nanotecnologia como parte de diversas formas de mídias ficcionais não é recente, tendo em vista que ela se mostra especialmente presente em filmes e séries de super-heróis. Nesse aspecto, há diversos exemplos disso em mídias como Ghost in a Shell (2002), Eu, Robô (2004), Exterminador do Futuro 2: Dia do Julgamento (1991), Operação Big Hero (2014) e, principalmente, os filmes pertencentes ao universo cinematográfico da Marvel. Nesses, destaca-se seu uso para armaduras e uniformes dos heróis que utilizam tecidos feitos de nanites, ou, simplesmente, nanorrobôs, que se modificam e se adaptam para proteger a personagem. 

Apesar de parecer algo extremamente futurista quando olhado à primeira vista, atualmente, já existem diversos projetos de tecidos que utilizam a nanotecnologia para se adaptar a mudanças ou reagir a estímulos externos[1]. Isso é possível devido às particularidades das nanopartículas, que podem ser características ópticas, físicas, mecânicas, de reatividade química, de atividade biológica e magnéticas[2]. As propriedades geradas pela integração dessas partículas em escala nanométrica nos produtos têxteis são responsáveis por  cobrir o tecido ou as inserindo nas fibras do tecido[3,4]. Algumas dessas propriedades são: bactericida, bloqueador de raios UV, anti manchas, anti odor, anti estática, auto limpante, retardante de chamas, liberador de solo, anti amarrotamento e condutivo[5]. Essas, entretanto, são já propriedades consideradas “obsoletas” em termos de última geração de tecidos inteligentes, desenvolvidos para detectar e reagir a uma condição externa ambiental ou estímulo, dando uma resposta adequada aos mesmos[6]. A última geração desse tipo de tecido, chamados de tecidos ultra-inteligentes, funciona escolhendo o melhor comportamento a se fazer em relação a um estímulo recebido como, por exemplo, tecidos utilizando polímeros que conseguem se auto reparar, consertando rachaduras suscetíveis de sua estrutura, se regenerando como mostrado no vídeo abaixo[7,8,9].

Outro exemplo é o “Smart baby-vest”, um colete para bebês que possui diversos sensores que permitem o monitoramento constante das suas funções vitais, como funcionamento dos pulmões, coração, corpo e até mesmo calor da pele, visando ser usado para detectar doenças circulatórias e cardíacas, impedindo a Síndrome de Morte Súbita do Lactente (SMSL) e outras condições letais para bebês e crianças, sendo possível acessar mais informações sobre esse produto no link presente nas fontes[10,11]

Deste modo, já é possível ver, em diversos centros de pesquisas, tecidos e até mesmo roupas que funcionam tal qual os vistos em ficção científica, que podem se adaptar e nos auxiliar de diversas maneiras, visando uma melhor qualidade de vida para todos.  

Fontes: 

[1,2,3,5,6,7] SHAHEEN, Tharwat I. Nanotechnology for modern textiles: highlights on smart applications. The Journal of The Textile Institute, p. 1-11, 2021.

[4] VESKE, Paula; ILÉN, Elina. Review of the end-of-life solutions in electronics-based smart textiles. The Journal of The Textile Institute, v. 112, n. 9, p. 1500-1513, 2021.

[8,10] HAQUE, Munima. Nano Fabrics in the 21st century: a review. Asian journal of nanosciences and materials, v. 2, n. 2, p. 131-148, 2019. 

[9] WHITE, Scott R. et al. Autonomic healing of polymer composites. Nature, v. 409, n. 6822, p. 794-797, 2001. 

[11] LINTI, Carsten et al. Sensory baby vest for the monitoring of infants. In: International Workshop on Wearable and Implantable Body Sensor Networks (BSN’06). IEEE, 2006. p. 3 pp.-137. Link: https://ieeexplore.ieee.org/abstract/document/1612914

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